Enfrentar a balança é uma das certezas que acompanham uma visita ao nutricionista. Outra costuma ser voltar para casa com um pequeno calhamaço de orientações do plano alimentar.
Para perder essas folhas por aí não precisa muito… E levá-las ao supermercado na hora de fazer as compras também não parece prático.
Foi por vivenciarem essa questão como pacientes de nutricionistas que André Piegas, Eduardo Costa e Jiéverson Maissiat resolveram criar, em 2013, o Dietbox. Segundo os sócios, é o primeiro aplicativo a facilitar a interação entre esses especialistas e os clientes.
Os três são da área de programação e eram sócios de uma desenvolvedora de softwares, a Craftbox. De todos os aplicativos que criaram, o Dietbox foi o único que prosperou. O trio decidiu então fechar a Craftbox e investir no negócio de forma independente.
Hoje, 170 mil profissionais e estudantes utilizam o serviço do Dietbox. Mais de 2,5 milhões de pacientes estão cadastrados na plataforma.
NÃO BASTAVA SUPRIMIR O PAPEL. ERA PRECISO ALGO MAIS
Quando fizeram entrevistas com os nutricionistas para testar a validade do Dietbox, os empreendedores perceberam que apenas oferecer uma ferramenta de contato com os pacientes era insuficiente.
“A gente acabou evoluindo essa ideia para um sistema mais completo, com funcionalidades como agenda, formulação de planos alimentares, anamneses, antropometrias, avaliações laboratoriais, geração de listas de compras, cálculo dos gastos energéticos, entre outros”, diz André, CEO da startup.
Mais do que acesso a essas ferramentas, o empreendedor destaca que o principal benefício do aplicativo é fidelizar os clientes. Segundo ele, com frequência o plano alimentar passado pelo nutricionista não é compreendido ou simplesmente acaba sendo abandonado pelo paciente, que nunca mais retorna:
“Hoje é muito fácil perder o contato com os pacientes. Ter um canal direto para motivá-los a seguir o tratamento faz diferença para que os pacientes decidam voltar ao consultório”
De acordo com uma pesquisa realizada internamente pela startup, 30% dos pacientes acabam não indo à consulta de última hora. Uma das estratégias do Dietbox para evitar essas desistências é a ferramenta de pagamento Receba Fácil.
“O sistema permite que o nutricionista gere uma fatura antes da consulta, estimulando o paciente a se comprometer com a visita ao consultório.”
QUEM PAGA AS CONTAS É O NUTRICIONISTA. O PACIENTE TEM ACESSO GRATUITO AO APP
Os sócios investiram apenas o tempo de trabalho, cerca de dois anos, para construir aprimorar a plataforma. Posteriormente, receberam um aporte de 50 mil reais da WOW Aceleradora.
O sistema funciona assim: o nutricionista faz uma assinatura mensal do software, que custa 59,90 reais para atender 3 mil pessoas ou 199 reais para uso ilimitado, e cadastra e convida seus clientes para usar plataforma.
De acordo com os sócios, nutricionistas de pelo menos dois clubes da Série A do futebol brasileiro, Grêmio e Atlético Mineiro, estão entre os profissionais que assinam o serviço.
A maioria dos cadastros (60%), porém, são estudantes de nutrição: segundo André, apesar de não poderem clinicar, os estudantes contratam o sistema para ter acesso a ferramentas como a de antropometria.
Para o paciente, o uso é gratuito — desde que ele faça o acompanhamento com algum nutricionista que utilize o serviço da startup. “A gente vai um pouco contra esses aplicativos que qualquer pessoa pode acessar para fazer dietas que não condizem com o individualismo de cada paciente”, diz André.
A PANDEMIA FOI A PRIMEIRA CRISE ENFRENTADA PELA STARTUP
Com sete anos de estrada, o Dietbox ainda não havia encarado nenhum grande perrengue, afirma o CEO. Mesmo em questão de erros estratégicos, a startup teria se beneficiado de nascer “dentro” de outra empresa.
“Na Craftbox, tivemos, sim, dificuldades e projetos que não acabaram indo para frente — e por isso ela fechou. Então o Dietbox se tornou o resumo do que a gente tinha de melhor em termos de ideais, gestão e produtos para enfrentar o mercado de forma mais tranquila.”
Quanto às finanças, o crescimento era linear. Até a pandemia…
“Foi a primeira vez que a gente sentiu um baque. Com a crise, os nutricionistas tiveram os atendimentos afetados. Perdemos 10% das assinaturas entre abril e maio”
Os sócios começaram, então, a pensar em formas de ajudar os nutricionistas. Ao mesmo tempo, o Conselho Federal de Nutrição validou as teleconsultas e o Dietbox passou a incorporar mais essa modalidade na sua plataforma.
“Liberamos as consultas online para todos os nossos assinantes gratuitamente. Tem sido um recurso muito utilizado, tanto é que voltamos a ter um crescimento de quase 4% no mês de junho, com novos usuários interessados em atender dessa forma no nosso sistema.”
André revela receio em cravar números neste momento incerto; ainda assim, estima que o faturamento em 2020 fique em 7,5 milhões de reais.
A EXPANSÃO TEVE QUE DESACELERAR POR CONTA DO CORONAVÍRUS
Hoje, a base do Dietbox é composta por nutricionistas baseados em 15 países, mas são profissionais brasileiros que utilizam a plataforma no exterior.
Eles chegaram a começar um processo de internacionalização, levando sua ferramenta para o Chile, mercado que os sócios passaram a estudar no fim de 2018.
“Escolhemos o Chile porque na época o país estava se destacando com incentivos para startups — e a gente já tinha um contato lá para facilitar as coisas”
Em 2019, entrou no ar a versão personalizada para o mercado chileno, com tradução em espanhol e adesão de profissionais locais. Logo, no entanto, a startup enfrentou duas barreiras: primeiro, a crise política que incendiou o Chile; e em seguida, a pandemia da Covid-19.
“Hoje esse projeto está em stand-by. Ele existe, estamos atuando lá, com cliente… Mas não estamos investindo como gostaríamos para fazer essa expansão.” Pós-pandemia, diz, o plano é focar as energias nesse projeto.
COMO VOLTAR PARA O ESCRITÓRIO APÓS O HOME OFFICE
Desde o início do distanciamento social, as 11 pessoas da equipe do Dietbox (incluindo duas nutricionistas) trabalham de casa. A mudança não foi brusca, diz André:
“A gente já tinha essa cultura desde que a empresa foi criada de fazer home office pela manhã e estar presencial mente na sede no período da tarde”
Mesmo durante a pandemia, a empresa contratou três novos integrantes (em um processo totalmente remoto) e continua com vagas abertas. A ideia é chegar até o fim do ano com 13 funcionários.
Para comportar esse time em crescimento, os sócios já planejavam a mudança para um escritório maior, com capacidade para 30 pessoas. O plano segue de pé?
“A gente pensa, sim, em retomar o escritório — mas com essa proposta de ter alguns períodos remotos.”
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