Ao se tornarem mães, as sócias e amigas, Júlia Maturana e Daniela Del Nero, se depararam com o mesmo questionamento: como posso retomar a vida profissional e, ao mesmo tempo, acompanhar de perto o desenvolvimento do meu filho? Dessa necessidade comum a tantas mulheres com crianças pequenas – segundo o Sebrae, no Brasil 78% das mulheres empreendem depois da maternidade – surgiu uma grande ideia: criar um coworking diferenciado, que oferecesse um estruturado ambiente corporativo integrado a um espaço infantil de primeira linha, idealizado para atender às demandas de crianças de 6 meses a 4 anos de idade. Confira o bate-papo com essas mães empreendedoras.
Como surgiu a ideia de empreender?
Júlia: Sempre tive uma veia empreendedora, desde criança me deparava com a vontade de montar meu próprio negócio. Pela idade acabava misturando um pouco de brincadeira com atitude, o que acabava me gerando alguma renda e me estimulando a criar novas ideias. Aos 7 anos me lembro que criei uma “empresa” para vender papéis de carta, aos 12 comecei a produzir e vender ovos de páscoa e aos 18 vendia blusas com colares costurados na peça, para as mulheres não terem que ficar pensando qual acessório usar com cada roupa. Mas tudo ficou sério mesmo aos 28 anos quando realmente abri com minha sócia Daniela a VIVA Produtora, empresa focada no fornecimento de artistas para eventos corporativos, na qual atuamos até hoje.
Daniela: Quando me tornei mãe em 2011, atuava na área de eventos há 20 anos. Após a licença maternidade, continuei na agência onde trabalhava e acabei perdendo momentos preciosos do primeiro ano de desenvolvimento da minha filha, pois a carga horária de trabalho não permitia que conseguisse conciliar a maternidade e trabalho. Exatamente nessa época a Julia propôs fundarmos juntas a Viva Produtora. Ter o meu próprio negócio foi a melhor coisa que fiz. Trabalho bastante, mas consigo definir meus horários e conciliar a maternidade.
Então vocês já eram sócias em um outro negócio?
Júlia: Sim, somos publicitárias e sempre trabalhamos com eventos. Há 6 anos abrimos juntas nossa primeira empresa, a VIVA Produtora, empresa de intermediação artística. Apesar de a VIVA ser um tipo de negócio que já dominávamos, pois tínhamos experiência em eventos, passar de um emprego formal para o empreendedorismo foi uma tarefa complicada, não sabíamos nada de gestão. Então fomos estudando durante o andamento da empresa, entendendo os melhores formatos de vender e de gerir. Assim, quando abrimos o Hugspot foi mais fácil, pois aprendemos muito com a experiência anterior. Hoje as duas empresas funcionam no mesmo local, o que nos ajuda muito no dia a dia, pois nós duas atuamos juntas no comercial dos negócios e dividimos apenas o financeiro (cada uma é responsável por uma empresa). Nossa sociedade foi muito assertiva desde o início, pois somos muito diferentes, mas conseguimos achar um ponto de equilíbrio e sensibilidade que nos fez perceber as aptidões e facilidades uma da outra, para usarmos de acordo com a situação vivida.
Como nasceu o Hugspot?
Júlia: A ideia veio quando engravidei do meu segundo filho, o Pedro, hoje com um ano e cinco meses. Sabia que não queria abrir mão da minha vida profissional, mas também não queria perder a infância dele, como aconteceu com meu primeiro filho. Então veio a ideia de criar um espaço onde eu pudesse continuar focada no crescimento da minha empresa e ainda assim acompanhar o desenvolvimento do meu filho todos os dias. E assim convidei a Daniela para ser minha sócia também no Hugspot, por ela ter passado pela mesma experiência no primeiro ano de vida de sua filha, tínhamos os mesmos objetivos e o mesmo olhar para esse nicho.
Como funciona o Hugspot?
Júlia: Nosso propósito é permitir que as mães possam focar na empresa em um ambiente profissional, sem abrir mão do acesso livre aos seus filhos, em um ambiente estruturado e lúdico. Desenvolvemos o negócio pensando em cada necessidade que eu tinha, não queria que meu filho apenas tivesse uma área para se divertir e sim que ele pudesse se desenvolver com uma equipe especializada.
Daniela: O Hugspot está instalado numa casa de 340 metros quadrados. O coworking comporta 30 mães empreendedoras, que dispõem de recepção com telefonista, impressora, internet de alta velocidade, lockers, espaçosas estações de trabalho, além de uma sala para atendimentos particulares e outra para reuniões. O espaço oferece ainda cozinha de apoio, área de descompressão e outra de convivência com mesas onde mães e filhos podem interagir livremente, sobretudo na hora das refeições. Nos fundos, um jardim com estrutura abre a possibilidade de um happy hour ou de uma refeição descontraída, a fim de fortalecer o network entre as frequentadoras e estimular a troca de experiências, além de possíveis negócios e parcerias. Já o espaço Kids tem entrada independente, capacidade para cerca de 25 crianças e segue um cuidadoso projeto pedagógico coordenado por uma pedagoga e psicóloga. Cabe a ela supervisionar o trabalho das berçaristas – todas com formação em primeiros socorros e atender às mães, que podem dar vazão às suas dúvidas e preocupações em relação à criação dos filhos, bem como aos seus processos pessoais.
Vocês oferecem opções de pacotes?
Daniela: Como cada mãe empreendedora possui uma agenda específica, o Hugspot oferece diversas possibilidades de contratação, de acordo com a demanda de cada profissional. Os planos cobrem a frequência integral, de segunda a sexta, meio período ou alguns dias na semana. Há também o Day Use, tanto para aquelas que já são frequentadoras e precisam de um dia extra, como para as que precisam apenas em ocasiões esporádicas. E, caso tenham reuniões fora, podem deixar os filhos com as cuidadoras. Assim, as mulheres encontram as condições ideais para retomar a atuação profissional no tempo delas e na medida das suas necessidades. Apesar de o espaço acolher o público feminino, pais com filhos são muito bem-vindos. Afinal, maternar e empreender é um desafio que atinge todos os gêneros.
Quais estratégias têm dado melhor resultado nesta trajetória?
Júlia: Trazer as mães para conhecer o espaço. Elas ficam encantadas quando visitam pessoalmente, portanto focamos no convite para a visitação. Também enviamos e-mails com convite de um day use para que conheçam e entendam nossa proposta. Além disso estamos fazendo muitas parcerias para conteúdo, e com isso tendo uma divulgação boca a boca com muito mais resultado. Nas semanas seguintes aos eventos sempre temos visitas que chegam até nós por indicação de algum participante do evento. Mas não acertamos no início, perdemos muito tempo tentando deixar a estrutura perfeita e acabamos não divulgando no começo, essa demora impactou financeiramente, pois não tínhamos clientes. Descobrimos que os processos precisam andar juntos, ter uma estrutura viável é o suficiente para iniciar a divulgação e o aprimoramento vai acontecendo durante.
Por outro lado, quais caminhos foram deixados de lado?
Júlia: Deixamos a divulgação aleatória. Quando abrimos, tínhamos uma sede grande de fazer as pessoas conhecerem o espaço e acabamos perdendo o foco no nosso público alvo. Acabamos gastando muita energia em divulgação para público distinto do que buscávamos.
Na opinião de vocês, o que o empreendedorismo feminino tem de diferente?
Júlia: Tem propósito. Conseguimos falar de mãe para mãe, de empreendedora para empreendedora. A cada dia temos mais certeza de que as dores são as mesmas e os objetivos também, por isso conseguimos nos ajudar. O caminho fica mais fácil.
Daniela: Vejo um incentivo muito grande no empreendedorismo feminino em trazer novidades, tendências, conteúdos para as que querem empreender! É um ambiente que conspira, inspira e se alimenta do universo feminino!
Qual maior objetivo de vocês?
Júlia: Tornar o Hugspot um espaço de referência para fomentar o empreendedorismo materno. Trazer conteúdos, fazer parcerias bacanas que inspirem e que tragam resultados para todas as empreendedoras envolvidas.
Qual foi o maior desafio que enfrentaram na vida empreendedora? Como superaram?
Júlia: Manter a persistência é um grande desafio. Saber que a falta de faturamento desejado não pode nem te fazer desistir, mas também não pode te manter com a mesma atitude. É preciso persistir, porém buscando conhecimento e novas atitudes, a fim de ter novos resultados. É possível chegar “lá”.
Daniela: Ao abrirmos a Viva Produtora, o mais difícil foi deixar o trabalho corporativo para empreender, ou seja, trocar o “certo pelo incerto”. Mas ter o próprio negócio é muito gratificante.
Qual foi a maior conquista até aqui?
Júlia: Reconhecimento. O fato de ter um índice altíssimo de conversão na visita nos enche de orgulho e nos mostra que estamos no caminho certo. Que o trabalho até aqui está bem executado. Isso é maravilhoso.
Qual é o seu sonho? O que ainda falta realizar?
Júlia: Ter o espaço cheio não só de clientes, mas também de parceiros nos proporcionando conteúdos relevantes. Acredito que assim vamos conseguir incentivar, ajudar e vibrar com o sucesso de todas as envolvidas. Queremos construir o Hugspot dia a dia em conjunto.
Se pudessem dar apenas uma dica para quem está querendo empreender, qual seria?
Júlia: Atitude e conhecimento. Um não anda sem o outro. Não adianta apenas saber e não agir, como também não é possível agir por impulso, sem buscar conhecimento. Os dois juntos te levam para o sucesso.
Daniela: Busque entender verdadeiramente do seu negócio e use as ferramentas corretas para divulgar e atingir seu público alvo.
Para saber mais:
O que faz: Coworking para mães e filhos
Sócios: Júlia Maturana e Daniela Del Nero
Funcionários: 5
Sede: Av. Pedroso de Morais, 2135 – Pinheiros – São Paulo/SP
Início das atividades: 15/05/2018
Investimento inicial: R$ 300 mil
Contato: [email protected] – (11) 2776-0870
Esta matéria pode ser encontrada no Itaú Mulher Empreendedora, uma plataforma feita para mulheres que acreditam nos seus sonhos. Não deixe de conferir (e se inspirar)!
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