Quais os maiores desafios para que uma grande empresa consiga inovar no ambiente de rápida transformação em que vivemos hoje? Teresa Vernaglia, vice-presidente de Desenvolvimento Estratégico da AES Brasil, responde a essa e outras questões nesta entrevista, feita durante a inauguração do novo espaço de cocriação da AES no Cubo. Teresa fala sobre a urgência do ambiente corporativo abraçar a diversidade, e faz um convite a empreendedores que queiram participar da transformação do setor elétrico: “Venham trabalhar com a AES!”
Qual sua visão sobre o atual momento do setor elétrico?
O setor elétrico, por anos, pouco mudou. E o momento agora é muito similar ao que aconteceu, por exemplo, em setores de tecnologia como o de telecom. Em um curto espaço de tempo, nós estamos vendo uma mudança por meio da tecnologia e por meio do empoderamento do cliente. Então, hoje nós temos tecnologia da qual não falávamos há cinco anos, na intensidade com que nós estamos falando, e é um intervalo curto de tempo se nós falarmos de uma indústria de mais de cem anos e com poucas mudanças. A gente está falando de geração distribuída, de energy storage, que é o armazenamento em baterias de lítio, da Internet das Coisas para o setor elétrico. Do ponto de vista do cliente, nós estamos vendo uma sociedade que gera sua própria energia, que pensa mais em sustentabilidade, que tem devices na sua casa que são eficientes do ponto de vista do consumo de energia e que são conectados à Internet.
Nós temos as redes sociais que empoderam esse consumidor, esse cliente que pode falar sobre sua experiência no consumo de um serviço, inclusive do de energia, e isso tudo traz uma mudança no ambiente no qual as distribuidoras, por dezenas de anos, foram acostumadas a trabalhar. Isso é uma mudança de forma de ver o mercado, de operar, distribuir, de transmitir energia, e que demanda dos executivos, das empresas e das pessoas que trabalham nas empresas um entendimento de que o mundo mudou, de que isso não é ruim, que isso traz desafios e oportunidades. Pode dar medo, mas se a empresa quiser continuar daqui a cinco anos numa posição de liderança, reconhecida pelos clientes, pela sociedade, e lucrativa, ela tem que fazer parte desse jogo e tem que mudar agora.
Quais são os principais desafios que uma grande empresa tem que superar para ser capaz de inovar?
A governança, os tempos das coisas acontecerem, o entender que o grupo de pessoas que está vendo o novo e hoje é traço no resultado, mas que demanda muito da estrutura, lá na frente pode ser um grande alavancador da receita, do resultado, e até da perenidade do negócio tradicional. Então é esse balanceamento, como você dirige a energia daquilo que é o core business, que é o que gera receita, o que gera margem hoje num negócio que é razoavelmente conhecido, para uma coisa que é uma ideia, que não está formatada, que não funciona com o status quo, que não funciona com os métodos e os processos e os timings atuais, mas que podem ser o futuro. Então eu acho que esse é o grande desafio das grandes corporações. Como conviver com o novo e com todo o trabalho que o novo traz.
Na sua experiência, quais os principais desafios que a liderança feminina enfrenta hoje no ambiente corporativo?
Eu acho que o grande desafio que as corporações têm hoje é o de trazer a diversidade para a sua estrutura. Começando com a liderança feminina, mas não só ela. A liderança feminina ainda é muito inócua, basta olharmos como é a estrutura de todas as empresas. Eu tenho visto, em muitas apresentações, em muitos ambientes nos quais estou circulando, que cada qual diz que sua indústria é muito machista. Minha conclusão é: todas as indústrias, de tecnologia, financeira, de energia, todas elas, em sua maioria, são machistas e têm um número muito pequeno de mulheres trabalhando. A gente vê isso nas estatísticas. Está aí para a gente ver. Mas não é só a questão da liderança feminina. É a diversidade no que diz respeito a cor, raça, religião, e quando falamos nesse mundo da transformação, como é que podemos pensar em ter uma empresa inovadora? O inovador demanda o diferente, um olhar diverso sobre o mundo, e como fazer isso se eu não tiver a diversidade? A transformação está em todos os discursos de todos os executivos e todas as organizações, mas como falar disso sem falar da diversidade e de liderança feminina?
Qual o convite que você faz para o empreendedor que queira trabalhar com a AES?
Venham trabalhar com a AES! É a primeira coisa que eu tenho para dizer, porque é um ambiente e um setor que estão em ebulição. E a forma como nós estamos encarando e vendo a transformação do setor de energia, acredito ser diferente, única. Nós temos um engajamento dos executivos, da liderança da companhia. Precisamos de gente que nos ajude a nos mover, nos ajude com os desafios da diversidade, dessa governança, da complexidade de uma empresa grande tentando trazer o novo. Então, eu diria o seguinte: para quem gosta de diversão, aqui é o lugar.
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