Essa mudança na coloração no céu – observada a partir da Terra, importante estabelecer – se deve a mudanças na composição atmosférica. Poeira, fuligem, fumaça e outras partículas em suspensão funcionam como filtros entre nossos olhos e o satélite natural terrestre.
No caso da Lua, embora embeleze o céu noturno, rendendo prazerosas observações e belos registros fotográficos, o fenômeno pode ser sinal de outros acontecimentos, só que indesejáveis, como queimadas, poluição e até erupções vulcânicas. É possível que, por conta das intensas queimadas da região amazônica no mês de setembro, por exemplo, muitas vezes o céu no final da tarde, e a Lua logo em seguida, em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, estavam em tons de vermelho e laranja.
Em entrevista ao Jornal da Universidade Federal de Goiás (UFG), o físico Norton de Almeida comenta:
“Quando vemos a Lua ou o Sol nessa posição, temos um retrato falado ou mesmo uma assinatura química mais rica da saúde e da composição do ar que respiramos. Pode até parecer um eclipse ou um filtro avermelhado, mas é um retrato da atmosfera.”
As partículas tendem a se manter suspensas no ar em regiões e ocasiões em que o ar está mais seco, o que coincide com períodos com maior ocorrência de queimadas em alguns biomas brasileiros.
Em Goiás e Tocantins, por exemplo, essas condições acabam por estabelecer a regularidade do fenômeno, no mês de julho, apelidado de “Lua do Araguaia” na região. Neste caso específico, a Lua fica mais alaranjada do que avermelhada.
O contexto também explica a menor ocorrência da lua avermelhada (ou alaranjada) em regiões com umidade do ar mais intensa e constante, como é o caso da região amazônica.
Fisicamente, funciona mais ou menos assim: a atmosfera seca e com mais partículas passa a funcionar como uma lente que retém mais as cores do espectro entre violeta, verde e azul, deixando passar os tons mais quentes (avermelhados e alaranjados).
Há também fenômenos astronômicos (embora também atmosféricos) que tingem a lua de vermelho para quem a enxerga da Terra. É o caso da “lua de sangue”.
Ela ocorre em alguns eclipses lunares totais, como o ocorrido em maio de 2022 – e visível no território brasileiro.
A coloração se dá pelo mesmo mecanismo de filtragem do espectro de cores da lua avermelhada, mas de outra maneira. O principal fator envolvido, em vez das partículas suspensas na atmosfera, é a entrada da Lua numa área de sombra (chamada de umbra) feita pela Terra em relação ao satélite. Isso ocorre em alguns alinhamentos entre Terra, Lua e Sol.
Quando a Lua está na umbra, o pouco de luz solar que a atinge é filtrada pela área de sombra que a Terra faz nela. Embora o eclipse seja total, a sombra não bloqueia toda a luz. A parte da luz solar que atinge a Lua encoberta é filtrada pela atmosfera da Terra, que barra as cores mais frias e deixam passar as faixas de cor mais quentes do espectro.
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