Fast fashion, em tradução livre, significa “moda rápida”. Trata-se de um modelo de produção e consumo de vestuário e de acessórios baseado em lançamentos constantes de novos produtos e coleções.
O modelo se baseia em replicar em massa tendências da alta costura a baixos custos, oferecendo as peças para grandes redes de lojas (nacionais e internacionais) enquanto a demanda é alta.
Para impulsionar essa cadeia de produção acelerada, as empresas fabricam suas peças em locais do mundo em que a mão de obra é extremamente barata, possibilitando a manutenção constante de preços promocionais. E este é apenas o início de uma série de impactos socioambientais negativos ao longo de toda cadeia de produção.
O baixo custo da fast fashion, contudo, tem um preço amargo, a começar pelas condições de trabalho de quem confecciona as peças. São comuns, por exemplo, denúncias de trabalho análogo à escravidão em oficinas de costura de países em desenvolvimento contratadas pelas grandes varejistas.
Além disso, a rapidez na produção e na oferta de novas peças consome recursos em escalas insustentáveis e acelera as mudanças climáticas.
O esforço necessário para manter a indústria da moda em operação – incluindo fabricação e transporte – é responsável por 10% das emissões de gases de efeito estufa (GEE), segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Essas emissões são maiores do que as de todos os voos e navegações mundiais combinados.
É difícil cravar um marco inicial para o fenômeno, mas é possível afirmar que o pioneirismo no estabelecimento do conceito de fast fashion passa por redes varejistas de alcance global, como Zara e H&M, entre outras.
Embora essas lojas tenham surgido nas décadas de 1960 e 1940, respectivamente, foi na década de 1990, num cenário mundial mais globalizado em termos de comunicação e logística, que elas iniciaram o movimento de fabricar suas peças em países com menores custos de manufatura.
De acordo com levantamento do Parlamento Europeu, desde os anos 2000, a produção de moda para redes varejistas, que em média era de duas coleções a cada ano, disparou.
Hoje em dia, a Zara, por exemplo, produz 24 coleções anualmente, enquanto a H&M produz entre 12 e 16 coleções.
A oferta acelerada e ampla de produtos de moda baratos e acessíveis ao longo das últimas décadas mudou a percepção popular sobre o vestuário. Em vez de algo duradouro, roupas e acessórios são considerados cada vez mais como itens de consumo e descarte rápidos.
Essa mudança de pensamento globalizada gera diversos impactos socioambientais, como alguns já mencionados no início do texto, relacionados a condições desumanas de trabalho e emissões de GEE.
Outros impactos ambientais negativos relevantes têm a ver com o desperdício, cujos efeitos ocorrem em cadeia, como exemplificaremos em tópicos a seguir:
• De acordo com o estudo britânico Design for longevity: Guidance on increasing the active life of clothing, a maioria das peças de vestuário é descartada em menos de uma estação. Não à toa, de acordo com o mesmo levantamento, mais de 350 mil toneladas vão para o lixo anualmente no Reino Unido;
• O número de vezes que um item de vestuário é usado antes do descarte diminuiu 36% nas últimas duas décadas;
• Cerca de 85% da produção têxtil mundial vai para o lixo todo ano, de acordo com dados do World Resources Institute (WRI);
• A lavagem de roupas libera 500 mil toneladas de microfibras nos oceanos anualmente – volume equivalente a 50 bilhões de garrafas plásticas – de acordo com o PNUMA e com a Fundação Ellen MacArthur;
• Uma das fibras plásticas mais abundantes nos oceanos é o poliéster, presente em cerca de 60% das peças de vestuário produzidas atualmente. A produção de poliéster, por sua vez, emite três vezes mais GEE do que o algodão. As informações são do WRI e do Greenpeace;
• Aproximadamente 35% de todo o microplástico – pedaços de plástico que não se degradam no ambiente – nos oceanos vem da lavagem de tecidos de poliéster. O microplástico, por sua vez, representa quase um terco da poluição plástica marinha – dados da União para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
O bagaço de malte e a borra do café são mais valiosos do que você imagina. A cientista de alimentos Natasha Pádua fundou com o marido a Upcycling Solutions, consultoria dedicada a descobrir como transformar resíduos em novos produtos.
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Aos 16, Fernanda Stefani ficou impactada por uma reportagem sobre biopirataria. Hoje, ela lidera a 100% Amazonia, que transforma ativos produzidos por comunidades tradicionais em matéria-prima para as indústrias alimentícia e de cosméticos.