Para definir insegurança alimentar, vamos recorrer à Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), agência da ONU focada em combater a fome e a pobreza melhorando a segurança alimentar e o desenvolvimento agrícola:
“Uma pessoa está em insegurança alimentar quando não tem acesso regular a alimentos seguros e nutritivos em quantidade suficiente para o crescimento e desenvolvimento normais, bem como para uma vida ativa e saudável.”
Ainda de acordo com a FAO, isso pode ocorrer devido à indisponibilidade de alimentos e/ou falta de recursos para obter alimentos.
O oposto de insegurança alimentar, a segurança alimentar, é um dos alvos listados entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, já descritos aqui neste Glossário. O ODS 2, intitulado “Fome zero e agricultura sustentável”, diz respeito a:
“Erradicar a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável.”
O tema ganhou relevância recentemente no Brasil após um período em que a fome deixou de ser uma questão nacional.
Atualmente, mais da metade dos brasileiros, 125 milhões, estão em situação de insegurança alimentar – 58,7% da população, para ser mais preciso. Isso quer dizer que seis em cada dez famílias não têm comida garantida todo dia.
Os dados são da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), que realiza o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar. As informações foram coletadas por meio de questionários respondidos em mais de 12 mil domicílios, em 577 municípios de todos os estados e do Distrito Federal, entre novembro de 2021 e abril de 2022.
Para piorar a descrição do cenário, são 33 milhões de pessoas passando fome no Brasil. Esse número representa um retrocesso ao estágio em que o país se encontrava 30 anos atrás. O que se torna ainda mais grave se considerarmos que o Brasil havia saído do Mapa da Fome da ONU em 2014 e regressou em 2018.
Sim, a insegurança alimentar pode ser vivenciada em diferentes níveis de gravidade.
De acordo com a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), os níveis de (in)segurança alimentar são os seguintes:
• Segurança alimentar
Acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer outras necessidades básicas, como moradia;
• Insegurança alimentar leve
Preocupação ou incerteza sobre acesso a alimentos no futuro. A família opta por uma qualidade inadequada de alimento para ter quantidade suficiente para todos;
• Insegurança alimentar moderada
Para alimentar a todos, a família reduz a quantidade de comida ou há uma ruptura no padrão de alimentação, seja diminuindo o número de refeições diárias ou a qualidade da comida;
• Insegurança alimentar grave
A família passa fome (não tem dinheiro suficiente para comprar comida, faz apenas uma refeição ao dia ou passa um dia inteiro sem comer).
Sem rodeios, Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC), diz que é preciso que negociadores entreguem um “trem-bala” para ação climática.
Insegurança alimentar, pressões ambientais, sustentabilidade dos sistemas produtivos, esgotamento dos recursos naturais: sociedade precisa antecipar soluções alternativas para as atuais fontes de proteína animal e vegetal.