Logística sustentável é o esforço de empresas e instituições para que toda a cadeia de recursos e agentes envolvidos em suas atividades produtivas gerem impacto socioambiental positivo.
O movimento abrange desde a pesquisa e obtenção de matérias-primas e insumos até a produção, estoque e distribuição, tanto da entidade como de seus fornecedores.
O objetivo é minimizar danos ambientais relacionados, por exemplo, ao uso de energia, ao consumo de água e à produção de resíduos, e, ao mesmo tempo, gerar impacto positivo para a vida das pessoas que trabalham na operação e nas comunidades que a rodeiam – além de gerar lucro, claro.
Para estabelecer a agenda ESG, atuar na logística é fundamental, já que mais de 90% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) de uma organização estão relacionadas à rede logística.
Os dados são do relatório CDP Global Supply Chain Report 2020. O estudo também afirma que a logística representa de 50% a 70% dos custos operacionais de uma organização.
Uma logística sustentável é aquela que promove responsabilidade socioambiental em cada estágio de produção a fim de beneficiar pessoas e o ambiente ao longo de toda a cadeia.
Além de abordar questões como emissões de GEE, desmatamento, poluição e outros impactos ambientais, a logística sustentável também se ocupa de garantir boas, saudáveis e justas condições trabalhistas – o que inclui combater formas de trabalho forçado e ilegais.
A consultoria Forrester Research sugere que a sustentabilidade seja inserida na logística com foco em quatro frentes:
A maioria das empresas inicia programas de sustentabilidade avaliando o fornecimento de água e de energia e buscando materiais sustentáveis para fabricar seus produtos.
Buscar processos operacionais em toda a cadeia de suprimentos que possam ser mais eficientes e diminuir o uso de recursos.
Projetar produtos aptos para reciclagem e upcycling, evitando a geração de lixo industrial excessivo bem como a obsolescência precoce;
Medir a eficácia das iniciativas nos três tópicos anteriores e intensificar esforços relacionados a eles, comunicando-os aos clientes, fornecedores e stakeholders.
Os benefícios da logística sustentável se estendem para além do negócio e de seus stakeholders, impactando a sociedade e o planeta.
A seguir, apontamos alguns impactos positivos e, talvez, menos óbvios oriundos de uma logística sustentável bem implementada:
Em geral, os custos com energia diminuem quando empresas estabelecem metas de emissões de GEE com seus fornecedores, por exemplo;
Como as pessoas estão cada vez mais interessadas em saber de onde vêm os produzidos que consomem e como eles são produzidos, dados do Massachusetts Institute of Technology (MIT) apontam que esses consumidores podem pagar de 2% a 10% a mais por produtos que representem uma cadeia logística sustentável;
Cada vez mais, o valor de uma empresa está ligado a suas práticas ao longo da cadeia de produção. Por isso, o risco reputacional associado a uma logística não sustentável é fator determinante para afastar investimentos e desvalorizar o preço de ações. As práticas logísticas socioambientalmente não responsáveis, capazes de gerar esse tipo de dano, vão de utilizar trabalho precarizado (ou trabalhar com fornecedores que o fazem) a se abastecer com componentes produzidos com materiais (e resíduos) tóxicos, por exemplo.
Atrair e reter talentos está cada vez mais ligado a oferecer um ambiente corporativo com valores que deem sentido e propósito ao trabalho. Valorizar a sustentabilidade é fundamental para demonstrar uma cultura empresarial alinhada com seu tempo.
Uma logística sustentável é fundamental para que instituições cumpram sua parte em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, com prazo para 2030.
O bagaço de malte e a borra do café são mais valiosos do que você imagina. A cientista de alimentos Natasha Pádua fundou com o marido a Upcycling Solutions, consultoria dedicada a descobrir como transformar resíduos em novos produtos.
O descarte incorreto de redes de pesca ameaça a vida marinha. Cofundada pela oceanógrafa Beatriz Mattiuzzo, a Marulho mobiliza redeiras e costureiras caiçaras para converter esse resíduo de nylon em sacolas, fruteiras e outros produtos.
Aos 16, Fernanda Stefani ficou impactada por uma reportagem sobre biopirataria. Hoje, ela lidera a 100% Amazonia, que transforma ativos produzidos por comunidades tradicionais em matéria-prima para as indústrias alimentícia e de cosméticos.