“O que fiz em 2015. Como vejo 2016.” Nossa conversa de fim de ano com Gustavo Caetano, da Sambatech

Isabela Mena - 26 nov 2015
Gustavo Caetano, da Sambatech, para quem o ano de 2015 representou aumento na demanda e crescimento do negócio.
Isabela Mena - 26 nov 2015
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Passar a régua neste ano de 2015 significa falar de crise e retração na economia. Este ano a inflação atingiu 9,93% (em outubro, segundo o IPCA) e o dólar já bate nos 4 reais (ante 2,80 de janeiro, quem se lembra?). A crise econômica pegou em cheio os negócios dos pequenos e médios empresários — 77% dos entrevistados de uma pesquisa encomendada pelo Sindicato da Micro e Pequena Indústria de São Paulo ao Datafolha dizem que temem ter de fechar seus negócios. Mas riscos sempre estiveram no cardápio do empreendedor. E nem só números se fazem os balanços do ano.

Por isso, estamos publicando uma série de conversas com empreendedores, makers, inovadores e criativos para saber como os negócios disruptivos se comportaram em 2015. Com as mesmas 10 perguntas para todos, queremos saber que transformações ocorreram, que aprendizados é possível tirar do ano, que estratégias foram criadas e usadas para superar dificuldades. É hora, sobretudo, de olhar adiante.

Seguimos a série com Gustavo Caetano, CEO e fundador do Samba Group, holding que compreende as empresas Samba Ads e Samba Tech, esta última startup mineira de soluções para vídeos online na América Latina eleita uma das mais inovadoras do continente pela FastCompany. Gustavo foi nomeado Empreendedor de Sucesso no Brasil em 2009 pela PEGN e Visa, melhor co-fundador pelo The Next Web em 2012, um dos 50 mais inovadores do mundo digital brasileiro pela ProXXIma no mesmo ano, e um dos brasileiros mais inovadores com menos de 35 anos pelo MIT, além de ser considerado pela Business Insider como o “Mark Zuckerberg brasileiro”.

Se você tivesse que escrever um verbete sobre a atual crise brasileira, como você a descreveria?
A crise existe para todo mundo. Quem sobreviver sai mais forte.

Como foi 2015 no seu quintal? Como a crise está afetando o seu negócio?
2015 foi um dos melhores anos da Samba em termos de crescimento, principalmente porque o nosso maior benefício para as empresas é a redução de custos. Para SambaAds, outra empresa do nosso grupo, o benefício é a geração de novas receitas para publishers. Então, temos dois argumentos fortes para tempos difíceis.

Com que cenário você está trabalhando para 2016? Que medidas você tomou diante da crise?
Vamos investir em três direções: aumentar nossa operação na América Latina para termos mais receitas em dólar; iniciar operação nos EUA e crescer a área comercial no Brasil. Ao todo serão quase 30 novos funcionários no primeiro semestre do ano que vem, a maioria deles em áreas comerciais.

Crise traz mesmo oportunidades ou se trata apenas de uma ameaça?
A crise é um bom momento de consolidação de mercados. É um momento também em que os aventureiros abandonam o barco. As empresas que estiverem mais preparadas sairão mais fortes.

Se tivesse amanhã 1 milhão de reais para investir, o que você faria com esse dinheiro?
Criaria uma nova empresa.

Se assumisse a presidência do Brasil em janeiro, no lugar da Dilma, o que faria no seu mandato até 2018?
Deixaria nas mãos do governo apenas as áreas da Saúde, Educação e Segurança. Todo o resto seria privatizado e ficaria com empresas privadas.

O que você faz para se manter motivado em tempos como esses?
Trabalho muito. Empreender por aqui é bem mais difícil do que em outros lugares. Porém, enquanto muita gente reclama, outros estão fazendo. O que me motiva é trabalhar e ver o resultado disso em curto e médio prazo.

O que você faz para motivar quem trabalha com você?
Um empreendedor deve ser um grande vendedor de sonhos. As pessoas mais geniais que conheci não trabalham só por dinheiro, trabalham porque acreditam na empresa. Só assim você consegue trazer e reter gente acima da média e mantê-las motivadas.

Quais são os três pontos que mais lhe incomodam no ambiente de negócios brasileiro?
1) Complexidade dos impostos: temos seis pessoas na minha empresa cuidando do financeiro. Se estivesse nos EUA, precisaria de apenas uma.
2) Falsos empreendedores: tem muito empreendedor blogueiro/mentor que dá dicas de sucesso, escreve sobre como chegar lá, mas nunca criou nada. Isso passa uma impressão ruim para as pessoas que estão começando, de que tudo é fácil e qualquer um consegue. Ao lerem blogs de empreendedorismo, as pessoas devem pesquisar sobre o passado de quem está escrevendo para saber o que essa pessoa realmente já fez.
3) Governo intervencionista: o governo deveria interferir menos na economia e deixar empresas privadas cuidarem do resto. O governo é ineficiente por natureza e as empresas privadas sempre buscam eficiência acima de qualquer coisa.

O que você diria para quem está nos lendo agora e pensando em abrir a sua startup ano que vem?
Se prepare para momentos difíceis. Empreender não é fácil e o sucesso não é imediato. Antes de começar, pense que muita coisa pode dar errado e que é preciso continuar para chegar a um objetivo maior.

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