Por Gabriel Borges
No último fim de semana, foi realizada, em Barcelona, a primeira edição do Internet Age Media Weekend. Com o objetivo de discutir o ecossistema criativo na rede, o evento contou com a presença de mais de 300 entusiastas vindos de várias partes do mundo.
Por três intensos dias, o novíssimo Museu de Design (Museu del Disseny) se transformou em uma verdadeira meca para a celebração da cultura da internet. Foram mais de 35 palestras, sete workshops, cinco instalações e algumas outras atividades para tentar conectar, no mundo físico, aquilo que só conseguimos acessar pelas redes.
Um evento dedicado à internet em pleno ano 2015 pode parecer um pouco estranho. Afinal, há muito que a rede deixou de ser uma novidade. Assim, promover uma conferência para discussões sobre esta velha novidade parece já não ter muito valor.
Mas engana-se quem pensar por aí. Estamos completando duas décadas da massificação da internet pelo mundo. Não é preciso listar todas as evoluções e revoluções que ela provocou. Porém, estamos chegando ao momento de começar a perceber mais claramente a influência da internet na formação de nossa base cultural.
Uma curiosidade revelada de maneira gritante entre as diversas atividades do Internet Age Media Weekend refere-se à evolução das gerações. Estamos entrando em uma era em que os principais tomadores de decisão tiveram suas formações social e cultural moldadas juntamente com a massificação da internet.
Pense que até pouco tempo atrás a maioria dos tomadores de decisão precisaram se alfabetizar digitalmente. Afinal, tiveram sua formação a partir de uma base analógica, se assim podemos dizer. Com a chegada das redes, foram praticamente forçados a entender como transitar no mundo online. E, por mais que tenham fluência nesta nova linguagem, podemos dizer que não são verdadeiramente nativos desta nova perspectiva.
Por outro lado, se pensarmos em um futuro mais distante, em algumas décadas, teremos nas cadeiras dos tomadores de decisão das empresas uma geração que só conhece a realidade com a internet. São pessoas que não entenderão simplesmente o que é ficar offline. Essa ficha nunca vai cair para eles. Aliás, o que é ficha?
E tudo bem. Temos que ficar tranquilos com isso. Continuaremos inovando e vivendo disrupções a partir de inovações tecnológicas. Mas, como bem disse o creative evangelist do Google, Jeremy Abbett, em sua apresentação no evento, se quisermos entender como será o futuro, é melhor pararmos de ficar olhando para a evolução das tecnologias e passarmos a simplesmente observar como as crianças estão crescendo hoje em dia.
Porém, voltando a pensar sobre o presente em que vivemos e seus tomadores de decisão recém-chegados, vamos lembrar que trata-se de uma geração que aprendeu a “falar” junto com a emergência deste novo idioma, a internet. São pessoas que navegam com muita naturalidade no mundo online, mas sabem diferenciá-lo claramente do mundo offline.
Para eles, o conceito de online e offline ainda faz um certo sentido. Até porque são de uma época em que, para se conectar à internet, você precisava passar pelo ritual da “discagem”, com direito a barulhos chiados e linha ocupada. Ou seja, existia o momento de estar offline.
O que será que muda a partir desta nova perspectiva? Talvez Joe Coppard, fundador da Protothon, tenha nos dado uma pista em sua apresentação. Ele nos chama atenção para o modo de operar desta nova geração. Nos mostra que são pessoas que não se preocupam muito em discutir “o que a internet pode fazer por nós”, mas sim “o que podemos fazer pela internet”.
E você, o que pode fazer pela internet?
Gabriel Borges, o GB, é sócio e CEO da Ampfy.
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