Foi um salto absurdo em apenas dois anos. De 2017 a 2019, o trio formado por Victor Santos e os irmãos Henrique e Felipe Castelanni viu a empresa que fundaram em 2016 — a Liv Up, uma scale-up de entrega de refeições prontas ultracongeladas — receber R$ 95 milhões em investimentos e expandir de sete para mais de 35 cidades do Brasil.
A equipe também cresceu. Dos 30 colaboradores, sócios incluídos, que havia em março de 2017 (quando publicamos a história da Liv Up aqui no Draft), o time deve chegar a 450 pessoas até o fim de 2019. Segundo Henrique:
“Começamos numa casa com menos de 100 metros quadrados. Hoje, nossa produção ocupa um imóvel do tamanho de um campo de futebol. É muito maluco ver como tanta coisa mudou. Já estávamos acostumados com esses ciclos intensos de crescimento, mas é impressionante como a empresa se desenvolveu rápido”
Um dos primeiros impulsos desse salto veio em setembro de 2017, por meio de um aporte de R$ 5 milhões da Kaszek Ventures. Se em março daquele ano a Liv Up registrava 600 refeições vendidas por dia, hoje a empresa já bate 5 mil entregas diárias.
OS SÓCIOS TIVERAM DE SE TRANSFORMAR EM GERENCIADORES DE EQUIPES
O prédio administrativo continua em Pinheiros, Zona Oeste da capital paulista, e a cozinha, em Aldeia da Serra (Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo). Trocado por um novo modelo, o aparelho de ultracongelamento permite produzir dez vezes mais do que dois anos atrás.
Todo esse crescimento acelerado exigiu mudanças no papel dos sócios. Henrique explica:
“Passamos de executores, que participavam de todas as tarefas, a gerenciadores de equipes. Tivemos de contratar pessoas mais especializadas em determinadas áreas e funções. Ainda temos funcionários generalistas, mas não é mais aquela loucura do começo, em que todo mundo fazia tudo”
Trata-se de um processo em curso (e a todo vapor). No site da Liv Up há mais de 100 vagas abertas, para posições que vão desde profissionais de nutrição e analistas de qualidade até engenheiros de dados e recrutadores de novos talentos.
Lidar com essa equipe em expansão também exige compartilhar a cultura da empresa aos recém-chegados, fazendo com que se adaptem ao modus operandi da Liv Up.
“Nosso desafio atual, e dos gestores que estão conosco desde o início, é transmitir para essas novas pessoas aquilo que priorizamos aqui dentro, o que queremos gerar de valor para o cliente”, diz Victor.
UM NOVO INVESTIMENTO MILIONÁRIO PERMITIU AUMENTAR O PORTFÓLIO
Exatamente dois anos depois daquele aporte de R$ 5 milhões, a Liv Up recebeu um novo investimento, substancialmente maior. Em setembro de 2019, foram R$ 90 milhões, anunciados pelo fundo ThornTree Capital Partners, dos Estados Unidos, que tem participações dos fundos Kaszek, Spectra e Endeavor Catalyst.
Parte desses novos recursos já chegou com destino certo: a expansão do portfólio de produtos oferecidos ao público. “Esse investimento é um meio para estarmos cada vez mais próximos de milhões de clientes — e não milhares, como hoje”, diz Victor.
Com cerca de 150 opções de alimentos (entre refeições completas, lanches e itens como quiches, bolinhos e mix de castanhas), a empresa lançou em outubro uma nova linha de sucos prensados a frio, técnica que evitaria a perda de nutrientes. São cinco sabores — um deles leva laranja, maçã, couve, cenoura e gengibre.
No futuro, os sócios pretendem incluir também chás e água de coco. Outro acréscimo no portfólio, previsto para 2020, é uma categoria de alimentos infantis.
EMBALAGENS ECOLÓGICAS E MONITORAMENTO DA PERFORMANCE
Em outubro, a Liv anunciou novas embalagens para seus produtos, agora com o plástico verde I’m Green, produzido a partir de cana-de-açúcar. Uma mudança em sintonia com a preocupação de consumidores com o impacto ambiental dos produtos que consomem.
Para conhecer os anseios e demandas dos clientes, os sócios têm realizado pesquisas de preferências com os usuários de sua plataforma. Além disso, a empresa recebe (por email e redes sociais) dicas, críticas e sugestões dos clientes.
“Queremos ser uma empresa com um ciclo de planejamento e desenvolvimento de poucas semanas, na qual escutamos o cliente, lançamos o produto, colhemos o feedback, aprimoramos esse produto e monitoramos constantemente a performance do nosso portfólio”
Outra forma de avaliar o sucesso das ofertas é a análise de dados, por meio das notas dadas pelos clientes para cada prato e pelo índice de recompra dos produtos, o que permite fazer mudanças, incluir pratos e até retirar aqueles que não tenham agradado.
Paralelamente, a Liv Up testa um novo modelo de negócio, com a inserção, em alguns escritórios de São Paulo, de geladeiras e freezers recheados de produtos da companhia, que podem ser adquiridos pelos funcionários através do aplicativo (por ora, esse modelo, “em fase de aprendizado”, está presente em cinco empresas).
DESDE OUTUBRO, A LIV UP VEM INICIANDO SUA EXPANSÃO NO NORDESTE
Presente hoje em nove estados (São Paulo representa mais da metade das entregas), a Liv Up chegou a Fortaleza em outubro e no Recife em novembro — e pretende fincar, ainda neste ano, sua bandeira em Salvador.
As refeições completas custam entre R$ 14,40 (hambúrguer de feijão azuki e arroz negro, com batata assada com alho e salsinha) e R$ 35,70 (posta de salmão assado com mix de cogumelos e arroz de couve-flor com cenouras e castanha de caju).
Como no início, a companhia ainda mantém parceria com famílias de pequenos produtores rurais. Hoje são “mais de 20”, entre agricultores em Minas, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, e produtores de castanha das regiões Norte e Nordeste. Victor afirma:
“No comecinho, o volume que pedíamos era tão pequeno que alguns produtores diziam que dariam aquilo de graça para a gente. Hoje a escala da Liv Up permite que essas famílias tenham uma renda bem mais bacana”
Para se ter uma ideia da “escala”: em outubro, a Liv Up comprou mais de 35 toneladas de ingredientes orgânicos, 70% do consumo total de legumes e verduras da empresa.
OS FUNCIONÁRIOS AGORA TAMBÉM TÊM PARTICIPAÇÃO NA EMPRESA
O faturamento anual, que foi de R$ 2,8 milhões em 2016, também vem se multiplicando ano a ano — hoje, segundo os sócios, gira em torno de R$ 50 milhões anuais, ou quase 20 vezes (!) o valor de três anos atrás.
Os empreendedores enxergam o mercado de alimentos como altamente dinâmico, com muita concorrência. O alto crescimento da Liv Up em um período de economia estagnada, porém, gera confiança de que, ao menos por enquanto, está dando certo a aposta em um futuro no qual as pessoas buscarão cada vez mais se alimentar melhor.
“Várias empresas surgiram nos últimos anos, o que movimenta o setor e estimula o consumidor”, diz Henrique. “Isso não desanima a gente, pelo contrário. Nos desenvolvemos bastante nesse período e acreditamos que, com uma retomada da economia, teremos ainda muito espaço para crescer.”
A empresa tem cuidado de dividir o “bolo” com o resto do time. Hoje, cerca de 20 colaboradores têm participação na companhia.
“Temos uma política de oferecer cotas para funcionários alinhados culturalmente conosco e que gerem resultado”, diz Victor. “Queremos compartilhar o crescimento da Liv Up com a nossa equipe.”
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