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“O surfe e a tecnologia para mim sempre foram profundamente conectados. E esses interesses moldaram todas as minhas escolhas”

Alon Sochaczewski - 11 out 2024
Alon Sochaczewski, fundador e CEO da Pipeline Capital.
Alon Sochaczewski - 11 out 2024
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Eu lembro quando ganhei minha primeira prancha de surfe, em 1982. Tinha 14 anos e aquilo trouxe um grande impacto para a minha vida. 

Apenas dois anos depois, fui presenteado com algo que seria igualmente decisivo: um TK90X, computador de 8 bits que era sucesso naqueles tempos. 

Foi assim que, aos 16 anos, eu já havia descoberto quase tudo o que queria e tinha definido o meu futuro. E ele teria a ver com duas coisas: as ondas e a tecnologia 

Hoje, posso dizer que isso se concretizou. Obviamente não da forma como um adolescente imaginaria nos anos 1980. 

Mais para o final deste texto, vou contar como fundei minha empresa de M&A, com prioridade em negócios no setor de tecnologia. O fato de ela se chamar Pipeline, o nome das ondas enormes que quebram em águas rasas e que exigem o máximo dos surfistas, porém, já se explica aqui. 

Esses elementos, o surfe e a tecnologia, pareciam universos separados, mas, para mim, sempre foram profundamente conectados. Embora um jovem de 16 anos não possa prever o futuro com clareza, hoje é curioso notar como esses interesses moldaram todas as minhas escolhas. 

IRONIA DO DESTINO: EU, QUE ADORAVA SURFAR, FUI PARAR NA BOLSA DE VALORES, TRABALHANDO COMO OPERADOR DE PREGÃO

Em 1992, fiz uma primeira viagem internacional de surfe, um sonho realizado, passando pela Costa Rica e pelo México, em lugares onde a natureza desafia o homem a cada instante. 

Foi durante essa excursão que a adrenalina do mar, o desafio das ondas e a constante busca por superação me fizeram perceber que eu podia trilhar outros caminhos na vida – e que havia algo de transformador em aceitar isso.

Essa percepção me levou, em 1993, a abrir minha primeira empresa, a CD World, uma loja de CDs com vendas por telefone – uma verdadeira inovação para a época, bem antes da internet se tornar o que conhecemos hoje. Foi o início da minha jornada empreendedora

Em 1994, aconteceria um fato que hoje sei que foi emblemático: comecei a trabalhar na bolsa de valores de São Paulo, a BM&F, como operador de pregão. 

Para quem, como eu, gostava de surfar, parecia uma ironia do destino acabar numa vida tão diferente, carregando boletos de compra e venda de ações para os balcões. Parecia que eu havia pegado a onda errada… 

Com o tempo, percebi que não havia erro ali, e que aquele mundo que exigia conhecimento de números, transações e tomadas de decisões rápidas seria crucial para a minha formação. 

TRABALHEI EM BANCO E DEPOIS FIZ CARREIRA NA PUBLICIDADE, CRIANDO O PRIMEIRO BOT COMERCIAL DO BRASIL PARA UMA MARCA DE CERVEJA

Depois dessa fase na Bolsa, segui minha carreira passando pelo conservador – e tecnicamente muito sólido – Banco Safra. 

Essa experiência me deu uma base financeira e estratégica importante, mas logo mergulhei de cabeça no empreendedorismo, com foco em tecnologia e internet. 

Em 1996, programei e vendi meu primeiro site. Era um tempo de descobertas e, a cada passo, tanto a tecnologia quanto a ideia de gerir meu próprio negócio estavam sempre ali comigo. 

Foi nessa fase que tive uma das minhas primeiras e maiores lições de M&A: vendi minha produtora de sites para a holding francesa de publicidade Euro RSCG 4D, que, ao longo dos anos, mudaria de nome e hoje é conhecida como o gigante do setor publicitário Havas

Essa transação foi em 1999 e marcou o início da minha incursão no mundo da propaganda. Entre 2000 e 2007, como sócio dos franceses, vivi uma fase de conquistas e aprendizados intensos. 

Esse período trouxe muitas oportunidades e vivenciei o que o mercado publicitário tem de melhor a oferecer. Participamos de premiações internacionais e alcançamos reconhecimento em várias frentes. 

Eu, que nunca fui exatamente um criativo publicitário, aprendi a jogar esse jogo e, de alguma forma, consegui contribuir para trabalhos que alcançaram notoriedade global. Foi uma fase importante, tanto pessoal quanto profissionalmente.

Em 2006, anos antes de o conceito de GenAI ganhar o mundo, desenvolvi o primeiro bot comercial do Brasil para uma grande marca de cerveja 

Alguns chamam isso de inovação, e talvez seja mesmo. Para mim, era algo que parecia natural e fruto da minha intuição de que a tecnologia e a criatividade estavam profundamente conectadas e tinham um potencial enorme para, juntas, mudar o mercado. 

Eu via isso com clareza – e tentava seguir esse caminho sempre que possível.

EXPERIMENTEI A FALÊNCIA, APRENDI LIÇÕES VALIOSAS E VOLTEI À TONA PARA FUNDAR A PIPELINE CAPITAL 

Até aqui, tudo parece ser uma trajetória de sucesso. Mas, como nós sabemos, não é assim que funciona. 

Em 2007, aumentei a participação na Euro RSCG 4D. Porém, entre 2007 e 2010, com a cabeça em M&As e novos negócios relacionados a e-commerce, mobile e social media, experimentei a sensação da falência de uma empresa. 

Esse fracasso me trouxe lições valiosas e, ao mesmo tempo, foi um momento de profunda reflexão. De nada valeram os prêmios, os projetos inovadores e as campanhas publicitárias que ajudaram as marcas a gerar negócios 

Diante desse cenário, não havia outra alternativa senão me reerguer. E foi o que fiz. Em 2012, estimulado por tudo o que já havia vivido até então, fundei a Pipeline Capital. Já são 12 anos de empresa – e essa, enfim, foi a onda certa mais definitiva que apareceu na minha vida, e que surfo até hoje.

Não apenas eu, mas mais de 50 “surfistas” colaboradores, que estão distribuídos pelo Brasil, América Latina, Europa e, internacionalmente, em alguns outros países.

A TECNOLOGIA É O FIO CONDUTOR DA MINHA HISTÓRIA; AS ONDAS SÃO O MEU COMBUSTÍVEL

Alinhadas cronologicamente dessa forma, essas mudanças de carreira, de perspectivas e de jeito de pensar, e que me trouxeram até aqui, parecem fatos da história de uma carreira profissional e empresarial. São, mas costumo dizer que “são também”. Ou seja: não é apenas isso.

Na real, essa é a história de um Homo Sapiens como tantos outros no planeta, e nem tão sapiente assim, que aprendeu a lidar com algumas marés muito boas e alguns tsunamis dos mais altos. 

É uma história de quem soube, de alguma forma, abraçar na mesma medida o sucesso e o fracasso, e aprender com os dois. Mas com um fio condutor recorrente: a tecnologia, e a busca por explorar todo seu potencial, que sempre foram o meu combustível. E as ondas, claro.

Pensar nos pipelines como os que vi na Costa Rica e no México me lembra que a vida é feita de ondas como aquelas. E foi a tecnologia que, aos 16 anos, me fez ter algo para acreditar além do surfe 

Foi por causa dela que decidi me tornar operadora da Bolsa, virar bancário, passar a empreender – seja vendendo CDs ou programando sites –, aprender o que era M&A ao vender a minha empresa para um grupo internacional, depois partir para uma carreira na publicidade… 

Foi também por causa da tecnologia que resolvi abrir uma empresa sólida, com 12 anos de mercado. Onde posso oferecer essas minhas experiências, boas e ruins, para ajudar outras companhias a encontrarem seus melhores caminhos.

Alon, meu nome hebraico, significa “carvalho”, uma árvore conhecida por sua resiliência e força. E, como o carvalho, eu fui forjado pelas tempestades. Sempre de olho no horizonte tecnológico – e sempre a postos com uma prancha para pegar a próxima onda.

 

Alon Sochaczewski é fundador e CEO da Pipeline Capital.

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