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Os percalços do Bananas Music para transformar conhecimento musical em um negócio

Alessandra Braz - 4 mar 2016 Juli e Rafael, sócios do Bananas Music Branding, onde se sentem mais à vontade: perto do som.
Rafael e Juli, sócios do Bananas Music Branding, onde se sentem mais à vontade: perto do som.
Alessandra Braz - 4 mar 2016
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Tudo começou despretensiosamente, com um amigo pedindo a Juliana Baldi, a Juli, 26 e Rafael Achutti, 32 para montarem uma playlist para bares que operam durante o verão em Atlântida (praia no Rio Grande do Sul a 130km de Porto Alegre). Dali surgiram outras demandas, mais trilhas, mais boca a boca e algo começou a tomar forma. O Bananas Music Brading ainda não era a empresa especializada em criação de conteúdo para plataformas de streaming (como o Spotify) e curadoria musical para marcas que é hoje. O trabalho acontecia nos finais de semana e nas horas vagas, enquanto os dois se equilibravam em outros empregos e a empresa ia nascendo.

Juli é radialista e DJ. Trabalhou numa rádio conhecida em Porto Alegre, a Ipanema FM e lá tinha um programa onde podia tocar o que quisesse. Também passou pela programação musical do Oi FM da capital gaúcha e atualmente apresenta um programa semanal na Unisinos FM. Rafael é publicitário e músico, e trabalha há oito anos com o marketing digital. Daí bastou aos dois juntarem conhecimentos e a paixão pela música, que têm em comum, para que o negócio tomasse forma.

“A gente percebeu lá em Porto Alegre, que a gente ia nos lugares, e o lugar era super legal, super bonito. Os caras se preocupavam com tudo. O cardápio era legal, a comida era legal, o atendimento era bacana, mas a música era uma merda, muito ruim. E percebemos que no Sul não tinha ninguém fazendo isso. Ao mesmo tempo passamos a ter demandas de amigos empresários, que pediam: ‘Faz uma playlist aí num pen drive e manda para gente!’”, conta Juli.

Groovaholic, em Porto Alegre.

O escritório do Bananas Music Branding em Porto Alegre fica junto da loja de vinis Groovaholic (foto: Raphael Seabra).

O Bananas Music Branding, então, iniciou suas atividades nos idos de 2013 levando música de qualidade para lojas, sempre se preocupando com o tipo de música que tinha a ver com a marca que contratava o serviço. Hoje, ampliou seus serviços e trabalha com canais de streaming tendo como clientes o Spotify e Deezer (eles são a primeira empresa especializada em gerar conteúdo para plataformas de streaming); branded radio (que nada mais que uma rádio feita por eles com o estilo da marca); ações de venda; discotecagem; garimpo de vinil; music report (um trabalho especial para bandas) e comunicação nas redes sociais. Todos os serviços são moldados de acordo com o cliente, por isso, os preços variam muito.

A PARTE DIFÍCIL DE CONCRETIZAR UMA IDEIA

O primeiro desafio da empresa foi técnico. As primeiras playlists que faziam eram entregues em pen-drives e tinham apenas 20 horas de música cada uma. “A gente percebeu que este era um formato ruim de trabalhar, porque além de ser arcaico, tinha aquele bate e volta de pen-drive”, diz Juli. Ela conta que, como o formato já estava funcionando e havia uma certa demanda, eles resolveram manter assim enquanto planejavam o crescimento da empresa mesmo e começavam a desenvolver um software melhor, que possibilitasse enviar as atualizações pela internet.

Corner vinil Insecta Shoes.

Corner de LPs de vinil, com curadoria do Bananas, na loja da Insecta Shoes em Porto Alegre.

Rafael diz que, hoje, as coisas ficaram mais fáceis com o player que possibilita fazer as atualizações virtualmente. Para criá-lo, eles precisaram pesquisar outras empresas e ver como elas faziam para trabalhar neste mercado.

Foi um convite para participar de uma feira do Sebrae em Porto Alegre que fez com que a dupla se apressasse para melhorar o serviço que estavam oferecendo. “Em um mês, a gente teve que correr para fazer tudo. Logotipo, comunicação, player… Chamamos um amigo que era desenvolvedor e ele fez uma versão beta, bem simples mesmo, para pelo menos conseguir colocar no evento do Sebrae”, conta ele:

“Quando colocamos a versão beta no ar, pensamos: ‘Bem, então tá, o negócio está pronto. Agora vamos trabalhar em cima dele’”

Desenvolver o player foi o primeiro investimento real na empresa, que custou ao bolso dos dois sócios 5 mil reais.

O segundo grande desafio foi precificar. Quando apareceram as marcas, foi bem complicado para a dupla estabelecer um preço de um serviço que era, afinal, inovador. Seria melhor cobrar por hora? Criar uma mensalidade? Cobrar por número de atualizações? As coisas foram se moldando aos poucos e agora, com pouco mais de dois anos de estrada, eles estão satisfeitos com o que vem cobrando.

QUE TAL DIZER NÃO PARA AMIGOS?

No começo, como eles faziam muitos trabalhos informais e para os amigos, esbarravam na camaradagem. E segundo Rafael, Porto Alegre também tem uma peculiaridade: muita gente quer seu serviço, mas tenta te pagar com permuta ou pechinchando demais o valor. Para algumas atividades até pode dar certo, mas não para todas.

O problema nisso tudo é que o crescimento da empresa ficou comprometido. “A gente viu que se continuássemos cobrando aquele preço, não conseguiríamos crescer. Então começamos a aumentar o valor e a mudar a nossa estratégia de trabalho”, diz Rafael. Ele conta que, no começo, a Bananas Music Branding focava muito em marcas com poucas lojas e perceberam que assim não iam escalar nunca, pois para cada cinco lojas que fechassem, por exemplo, tinham que contratar um montão de funcionários. “Neste ponto, começamos a focar no trabalho com grandes redes, em clientes que tivessem pelo menos cinco ou seis pontos de venda. Só aí a gente conseguiu diminuir o preço, mas ganhar em escala”, conta.

Juli, da Bananas Music, é produtora de eventos e também ataca de DJ.

Juli, da Bananas Music, é radialista e DJ.

O primeiro grande cliente da empresa, nessa nova fase, foi a rede de lojas You Com, especializada em moda jovem. Foi essa parceria que ajudou o Bananas a se estabelecer no mercado. Hoje, a carteira da dupla é bem vasta, com trabalhos para Warner Music, cerveja Sol, House of Food, a cantora Anitta, a loja de sapatos Insecta (para a qual o Bananas, além de fazer a trilha sonora, fez a curadoria de um pequeno corner para vender LPs de vinil)  e até mesmo a escola criativa Perestroika.

“Quando a gente fala que a Perestroika é nossa cliente, muita gente pergunta: ‘Mas como? Como uma escola vai querer ter uma identidade musical?’. No caso deles, no começo, no meio e o no final da aula, eles têm música. Nós é que fazemos essas playlists e também o canal para eles dentro do Spotify”, conta Juli.

COMO CRESCER SEM SE PERDER

Hoje, a curadoria das músicas não fica mais apenas nas costas dos dois. O Bananas tem seis funcionários fixos, que são especializados em diferentes estilos de música e uma das novidades que eles anunciam para breve é a formação de uma rede de curadores pelo país todo, e até fora, que terão como missão além de dar credibilidade trazer mais qualidade aos serviços. “Já aconteceu, por exemplo, de um cliente pedir apenas músicas japonesas. Eu não tenho esse conhecimento, mas alguém que viva isso, e que pode até estar no Japão, pode fazer uma seleção bem melhor do que a minha, que iria demorar muito mais tempo para ficar pronta”, conta Juli.

Outra novidade que deve vir ainda neste primeiro semestre é um novo site. Passados pouco mais de dois anos de operação, está na hora dos planos de expansão e aprimoramento do negócio. Juli se mudou para São Paulo e está há três meses na cidade. Vir para a capital paulista já era coisa corriqueira para os dois. Ela e Rafael vinham para prospectar clientes e ficavam semanas, até meses, antes de voltar a Porto Alegre.

Com uma sócia na cidade, eles acreditam que as coisas ficarão mais fáceis para negociações, reuniões e até entrevistas, como a que concederam para o Draft. Nos planos para o futuro também está a contratação de uma pessoa que fique responsável pela parte administrativa da empresa, para que Rafael, hoje o responsável pela área, possa cuidar apenas do planejamento do Bananas. E agora com as contas do investimento pagas, é hora de reinvestir no negócio e um novo player vem por aí. Segue o som.

DRAFT CARD

Draft Card Logo
  • Projeto: Bananas Music Branding
  • O que faz: Identidade Musical para Marcas
  • Sócio(s): Juliana Baldi e Rafael Achutti
  • Funcionários: 8 (incluindo os sócios)
  • Sede: Porto Alegre
  • Início das atividades: 2013
  • Investimento inicial: R$ 5.000
  • Faturamento: R$ 315.000 (em 2015)
  • Contato: [email protected]
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