Pense grande (e rápido): soluções SAP de big data

Bruno Leuzinger - 28 out 2015
Sede da SAP Labs Latin America no parque científico Tecnosinos, em São Leopoldo (RS)
Bruno Leuzinger - 28 out 2015
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Na quarta-feira, 11 de junho de 2014, o planeta respirava o clima da Copa do Mundo, que começaria no dia seguinte com o jogo Brasil x Croácia na Arena Corinthians, em Itaquera, Zona Leste de São Paulo. A cerca de 1 500 quilômetros do palco de abertura, uma coletiva de imprensa daria uma pista sobre como o torneio chegaria ao fim. Em um resort em Santo André, litoral sul da Bahia, representantes da SAP e da Deutscher Fussball-Bund (DFB), a federação alemã de futebol, revelaram aos jornalistas o trunfo tecnológico da seleção da Alemanha: o SAP Match Insights, uma solução de big data para coleta e análise em tempo real da vastidão de dados produzidos durante uma partida.

Projeto de co-inovação entre a SAP e a DFB, o SAP Match Insights foi pensado para fornecer acesso veloz a informações sobre performances individuais e coletivas da equipe. Com a ferramenta, o técnico Joachim Löw e seus assessores passavam a ter na ponta dos dedos estatísticas sobre posse de bola, erros de passe, chutes a gol e distância percorrida em campo por cada jogador, entre outros dados vitais para permitir tomadas de decisão rápidas no decorrer dos 90 minutos de um jogo. O desenrolar desta história todo mundo conhece: a Alemanha se sagrou tetracampeã – com direito a uma goleada de 4 a 0 em Portugal na estreia e àqueles impressionantes e inesquecíveis 7 a 1 contra o Brasil, na semifinal.

Mas de onde vêm essas informações? Hoje, toda competição profissional – de futebol, beisebol, basquete, futebol americano – se encontra sob o escrutínio intenso de empresas de dados esportivos, que registram cada “evento” (um passe, uma falta, uma cobrança de lateral) ocorrido em um jogo. Esse trabalho, ainda manual, está prestes a sofrer uma revolução com o advento da Internet das Coisas (mas esta é outra história – e assunto do próximo post). E para que serviam esses dados? “Para alimentar casas de apostas na Europa”, diz Daniel Duarte, head de inovação e customer experience da SAP Labs Latin America, com sede em São Leopoldo, na Grande Porto Alegre. “Lá, aposta-se em tudo o que se possa imaginar. Na Copa, um sujeito ganhou 30 mil euros apostando que o (atacante uruguaio) Suárez iria dar uma mordida em alguém.”

A grande sacada da SAP, explica Duarte, foi transpor esses dados para uma solução de big data por meio da plataforma SAP HANA, de forma a disponibilizá-los para uso profissional. Desde julho, a comissão técnica do Grêmio conta com o Player Portal, desenvolvido pela SAP Labs Latin America. Estatísticas colhidas durante a partida sobem para a nuvem e abastecem a ferramenta em tempo real. “E aí entra outra vantagem do big data: você pode criar algoritmos preditivos, redes neurais, programas que aprendem padrões e podem te dizer o que vai acontecer no futuro”, afirma Duarte. Por meio da análise das últimas dez ou vinte bolas que chegaram ao gol do Grêmio, a ferramenta calcula as possíveis posições do ataque adversário nos próximos chutes a gol.

Trilhões de gigabytes

Informação é poder – poder antecipar o comportamento de um cliente ou um competidor, poder tomar a dianteira nos negócios. Poder otimizar processos. Antes, os dados transacionais de uma empresa tinham de ser tratados e consolidados para que um gerente absorvesse e decidisse com base nessa informação. Isso tomava tempo. Em certa medida, analisar esses dados pulverizados equivalia a olhar as estrelas: a luz leva milhões de anos viajando até atingir os seus olhos, e o que as retinas captam é o passado, o que já foi. Hoje, porém, a tecnologia permite acessar e consolidar os dados no mesmo instante para um nível gerencial. Líderes corporativos conseguem criar o que chamam de “sala de situação”, onde se reúnem e estudam em tempo real todos os dados transacionais de todos os níveis da empresa.

Segundo a International Data Corporation (IDC), o volume de dados produzidos pela humanidade irá aumentar em dez vezes nos próximos seis anos, alcançando o patamar de 44 zetabytes (ou 44 trilhões de gigabytes). Extrair sentido e oportunidades desse oceano de ruído digital demanda tecnologia de ponta, como a plataforma de computação em memória SAP HANA. “O potencial da plataforma é muito vasto”, afirma Angelo Agra, business development manager da SAP Labs Latin America. “Há nichos de mercado que hoje a gente ainda nem sabe que existem.” Para atingir todos os nichos possíveis, o ecossistema de parceiros da empresa precisa ir além do modelo antigo – nesse contexto, as startups têm papel fundamental.

Em julho, a SAP Labs Latin America organizou a edição mais recente do Startup Forum, evento que estimula o empreendedorismo digital dentro do âmbito de um programa global da companhia chamado Startup Focus. “O programa dá subsídios para que a startup acelere e vá para o mercado, desenvolvendo as suas aplicações em cima da plataforma da SAP”, diz Duarte. Uma vez desenvolvidas e validadas pela SAP, as soluções passam a complementar o portfólio da empresa, mas a startup mantém a propriedade intelectual.

Uma das startups brasileiras fomentadas pelo programa é a Brabov. Aqui, o big data é colocado a serviço da gestão da pecuária. Embora o rastreamento bovino hoje inclua soluções como os brincos com tecnologia RFID (de identificação por radiofrequência), boa parte dos pecuaristas ainda depende da arcaica caderneta de papel – um objeto que o aplicativo Brabov pode vir a aposentar. A ferramenta tem interface intuitiva e permite o controle dos lotes de gado, comparações em ganho de peso, gerenciamento de vacinas… Com base em algoritmos preditivos, alerta quando o boi estará pronto para o abate – e disponibiliza a informação para abatedouros e distribuidores. O serviço é gratuito para criadores com até 50 cabeças de gado; acima disso, há cobrança de mensalidade (a partir de R$ 9,90).

O futuro do big data

A busca por novas aplicações para desbravar o big data ganhará o engajamento de universitários gaúchos em novembro, na Competição de TI 2015. Com suporte da SAP Labs Latin America, a disputa se insere na programação do Madrugadão Feevale, evento promovido pela universidade baseada em Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre. Durante uma madrugada, 40 alunos e egressos dos cursos de computação da Feevale criarão aplicativos com uso da plataforma SAP HANA e de uma base de dados extraída do DATASUS, o departamento de informática do Sistema Único de Saúde (SUS) – milhões de registros de consultas e internações que podem ser filtrados por gênero, idade, local, época etc. O tema é livre: a ideia é explorar as possibilidades da ferramenta. Ganha o grupo que chegar na aplicação mais interessante desses dados brutos e conseguir a partir dela gerar uma solução.

Saber identificar os sinais “certos” em meio ao fluxo infindável de zetabytes pode representar mais do que novas oportunidades de negócios – em um futuro próximo, pode significar também a diferença entre a vida e a morte. A saúde é um dos setores com maior potencial de expansão do uso do big data. Atualmente, a SAP global desenvolve uma solução chamada CancerLinQ em parceria com a American Society of Clinical Oncology (ASCO), sociedade americana de oncologia clínica. Na fase inicial, o projeto prevê o cruzamento de informações de 500 mil pessoas; por meio da plataforma SAP HANA será possível analisar milhões de dados de registros médicos em alguns segundos. As correlações de causa e efeito que surgirem dessa análise podem indicar novos rumos no tratamento dos pacientes. E, quem sabe até, um caminho para a cura do câncer.

 

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