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Pesquisa revela: o que as corporações brasileiras buscam nas startups?

Marcus Couto - 10 ago 2017
Inovação, retorno financeiro e rejuvenescimento da cultura interna são alguns dos objetivos buscados no corporate venture
Marcus Couto - 10 ago 2017
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A pesquisadora Carolina Stocche, junto a um grupo de ex-alunos de Harvard no Brasil, realizou ao longo de 18 meses um levantamento que serviu de raio-x da primeira onda de corporate venture que chegou ao País. A pesquisa foi um esforço para compreender melhor as características desse movimento, onde grandes corporações utilizam os seus ativos para investir em empresas menores, muitas vezes startups, com o intuito de acelerá-las ao mesmo tempo em que se beneficiam de seus times talentosos, tecnologias disruptivas e cultura flexível. As corporações têm optado por essa estratégia como maneira de obter ganhos financeiros, acessar novos mercados, além de fazer aquisição de tecnologias inovadoras, aproveitar ativos e ampliar a cadeia de valor. “Queríamos compreender por que as grandes empresas estavam se aproximando de startups no Brasil, e como isso tem acontecido”, diz Carolina em entrevista à Inovação AES.

Uma das conclusões do levantamento é que, apesar de ter havido iniciativas anteriores de corporate venture no Brasil, com exemplos como os de Votorantim, Buscapé, Siemens e Telefônica, o momento atual é diferente. “Nos últimos dois anos, esse movimento se intensificou, e mais ainda no último ano”, diz Carolina. “Vivemos a primeira grande onda de corporate venture no Brasil, e o primeiro ciclo já ocorreu.” Ela cita a AES Brasil como uma das que se destaca nesse processo, com cases como o da aceleração de projetos, onde uma chamada pública foi realizada para encontrar startups com tecnologias inovadoras no setor elétrico.

Segundo a pesquisadora, o maior estímulo para esse movimento é justamente a busca por inovação, seguido por outros fatores, como a exposição a novos mercados. “Mas a inovação é a base para que grandes empresas se aproximem de startups hoje”, diz ela. “Há uma busca pela solução de problemas, por velocidade e por flexibilidade.” Ao todo, foram identificados quatro objetivos principais para o relacionamento entre corporações e startups:

1) Inovação: a busca por soluções rápidas e inovadoras para problemas, novos produtos, novos mercados, pelo aumento das vendas e dos lucros;

2) Retorno financeiro: investimento focado no retorno e na rentabilidade;

3) Rejuvenescimento da cultura: tornar a corporação mais dinâmica e disposta a assumir riscos;

4) Marketing e imagem da marca: busca por mudar a percepção externa da marca corporativa e posicioná-la como uma empresa impulsionada pela inovação.

“O principal objetivo reportado foi estratégico, visando a expansão em direção a novos mercados, novas competências e novos canais, tendo sido a opção escolhida por 54 (cinquenta e quatro) empresas”, conclui o texto da pesquisa. “Em segundo lugar, encontra-se a resolução de problemas com mais rapidez e menos risco, reportado por 36 (trinta e seis) respondentes. O rejuvenescimento da cultura corporativa foi o terceiro objetivo mais apontado.”

O levantamento constata também que é preciso haver cautela durante essa aproximação, para que não haja prejuízo a nenhum dos lados. “Um dos grandes desafios é justamente cuidar para que a empresa maior não engula a menor”, diz Carolina. “A integração precisa ser feita com cuidado.”

Carolina oferece alguns insights sobre como essa integração pode ser feita da melhor maneira e sem traumas. “É importante que essa conexão ocorra através de uma unidade de negócio que esteja preparada para esse processo, como um grupo de inovação, agentes de mudança que estejam acostumados a lidar com startups, respirando esse ecossistema há mais tempo. É preciso haver um trabalho com VPs específicos, permitindo que esse caminho se abra de forma granular.” Ela lembra que a cultura de grandes empresas costuma ser mais burocrática por necessidade. “Às vezes, é necessário manter as estruturas separadas para que o negócio possa fluir. Esse é um processo delicado, mas com um potencial de impacto muito grande.”

A pesquisadora discute ainda a necessidade que as corporações têm de inovar com urgência. “Elas precisam começar a se mexer. A partir do momento em que uma delas se move, há um incentivo para que as outras se movimentem também. Quando o concorrente se envolve com startups e você não, pode ficar para trás. Neste momento, há uma tendência de mercado.”

Carolina finaliza lembrando que existe um bom motivo para que o corporate venture esteja em alta no País. “Temos uma taxa baixa de desenvolvimento de startups no Brasil por falta de investimento. Por isso é tão positiva essa onda de corporate venture. Ganhamos um novo ator capaz de fazer esse papel de investidor de risco.” Independente da estratégia escolhida pelas corporações, inovando por meio de startups ou de suas próprias unidades de negócio, Carolina aconselha que esse processo seja encarado de frente. “Inovar é questão de sobrevivência.”

 

Esta matéria pode ser encontrada no portal Inovação AES. Confira o site para ficar por dentro do que acontece no mundo da energia.

 

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