O Brasil tem hoje mais de 1 milhão de quilômetros de rodovias – destes, cerca de 214 mil quilômetros são asfaltadas. Ou seja, ainda falta muito para pavimentar todo o restante. De onde vem todo este asfalto? O produto que faz veículos deslizarem macio e torna viagens mais agradáveis – e seguras – é obtido a partir partir do petróleo, que, como se sabe, é um dos principais combustíveis fósseis utilizados em todo o mundo. Entretanto, o grande desafio das indústrias no momento é buscar substitutos para este recurso pois, além da poluição ambiental que causa, ele não é renovável, ou seja, um dia vai acabar.
Pois um pesquisador brasileiro encontrou uma solução. Henrique Cesar Lopes Geraldino, tecnólogo ambiental com doutorado em química, descobriu, em pesquisas na Universidade Federal de Maringá (PR), um asfalto totalmente sem petróleo.
A ideia começou, há dez anos, quando tentava, em laboratório, encontrar uma forma de fabricar o grafeno – material leve, resistente, com alta condutividade térmica e elétrica, composto por átomos de carbono. Como ele era de difícil acesso e preço no Brasil, Geraldino decidiu investir nesta pesquisa. Com a aprovação em um edital, conseguiu investimentos para o início da CarbonExplore, que passou a fornecer grafeno para a indústria nacional, além de usá-lo para produzir componentes para baterias, tintas e revestimentos que oferecem propriedades condutiva, anticorrosiva, antiestática, térmica e refratária.
Pouco tempo depois, surgiu a demanda de clientes por um ligante de asfalto. Com a ajuda do projeto Catalisa ICT, do Sebrae, Geraldino chegou ao ligante asfáltico ecológico – constituído por polímeros combinados com grafeno e borracha reciclada. O produto substitui totalmente o betume produzido com petróleo.
“Não usamos nenhum produto tóxico na composição. O grafeno é 200 vezes mais resistente que o ferro, é impermeável, tem elasticidade e suporta os raios solares. Combinados com polímeros ele melhora a qualidade do asfalto, sua cobertura é rígida”.
Além disso, o betume de grafeno é sólido, se mantém em temperatura ambiente e dispensa a queima – ou seja, não emite gases poluentes.
Geraldino explica que o produto já está sendo utilizado em pistas de caminhada, áreas de preservação, parques e condomínios. Entretanto, ainda serão necessários testes mais rigorosos em lugares com fluxos de veículos mais pesados, pois em laboratório os testes não são conclusivos. A comercialização só será iniciada após a conclusão destes testes.
“As indústrias só têm a ganhar com a ecoinovação. Podem aprimorar a eficiência dos processos de produção, resultando em aumento de produtividade e melhoria da competitividade no mercado”, finalizou.
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