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Precisamos falar de Brand Content

Adriano Silva - 11 jun 2015 Uma conversa aberta sobre o fazer jornalístico e a ética empresarial que empreendemos no Draft
Uma conversa franca sobre o fazer jornalístico e a ética empresarial que empreendemos no Draft
Adriano Silva - 11 jun 2015
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No Draft, nosso principal modelo de negócios passa pela produção e publicação de Brand Content. Então vale refletirmos por um minuto, de modo aberto, aqui, junto com você, sobre alguns pontos importantes do nosso fazer jornalístico e da nossa ética empresarial.

Antes que tudo: o que é Brand Content? O significado do termo está contido em sua tradução direta: “conteúdo de marca”. As marcas, na última década, deixaram de fazer apenas publicidade (anúncios) e passaram a produzir conteúdo (“storytelling”) de modo a melhor expressar suas opiniões, visões de mundo, crenças e teses. As marcas se tornaram “publishers” – produzem seu próprio conteúdo, em ambientes editoriais próprios (seja um Brand Channel no Draft ou uma fan page no Facebook), angariando uma audiência própria, propondo um diálogo mais aberto e horizontal com seus públicos, e se relacionando com eles num nível muito mais próximo e profundo do que era possível fazer com um reclame ou com uma campanha. É assim que as marcas têm apresentado seus produtos e serviços, destacado seus apoios e patrocínios, dado visibilidade aos territórios e propriedades em que decidiram fincar suas bandeiras etc. Pode chamar essa nova fronteira de Content Marketing. Ou de Inbound Marketing.

Para um veículo como o Draft, o limite ético está em sempre deixar claro para o leitor quem está falando com ele naquele momento. A carga pejorativa do termo “post pago” vem de uma época sombria (e ainda recente) da internet, em que o jornalista (ou blogueiro ou twitteiro) publicava na sua voz conteúdos pautados por outras consciências que não a sua, sem comunicar isso aos seus leitores e seguidores. Isso é “vender uma matéria” – quando você acha que está lendo um conteúdo independente e está, na verdade, tendo uma mensagem com interesses não revelados sendo sorrateiramente enfiada para dentro da sua cabeça.

Nós não fazemos isso, nunca fizemos isso e jamais faremos isso – seja no Draft, seja em nossas carreiras. A única opinião que vale, que conta, que tem valor é aquela que não está à venda e que, portanto, não pode ser comprada. E a nossa não está, nunca esteve e jamais estará à venda. Ponto.

Não obstante, o Draft é um espaço plural, uma plataforma aberta, para discussão de ideias relevantes que tenham a ver com o mundo da inovação, da criatividade e do empreendedorismo. Inclusive no que se refere aos conteúdos de marca que publicamos – até o momento: Natura, Tecnisa, Chivas, HP, Intel, Monsanto. Empresas, essas ou outras, tanto quanto você, têm direito à vez e à voz. Quanto mais informação, inclusive contraditórias, tivermos sobre os temas, especialmente os polêmicos, mais e melhores elementos cada um de nós terá para formar o seu juízo e a sua própria consciência. Nós não temos medo do que nos é diferente, do que nos surpreende, do que nos provoca.

Não acreditamos no silêncio nem no tabu – e muito menos na censura, seja para calar um indivíduo ou uma instituição. Ideias, mesmo aquelas com as quais eventualmente não concordamos, são feitas para circular. Para serem debatidas de modo inteligente e informado. Estamos mais interessados em fazer as perguntas certas do que em encerrar questões rapidamente, com respostas pétreas. Esse é o tipo de jornalismo que gostamos de praticar e de consumir. O contrário disso não combina conosco nem com o mundo Draft – que é o da mudança constante, o das verdades que se transformam todo dia e que precisam, portanto, ser revistas periodicamente.

Ao lado disso, é garantia da casa que nosso leitor sempre saberá quando o conteúdo é assinado pelo Draft e quando pertence a uma marca parceira. A equipe editorial do Draft, inclusive, é diferente da nossa equipe de Brand Content – ambas muitíssimo competentes. Sempre que nossos conteúdos aparecerem sem marcas ou com o selo “Marca apresenta”, trata-se de um conteúdo independente, pautado, produzido e aprovado pela equipe do Draft, sem qualquer interferência externa que não seja o bom e velho “interesse presumido do leitor”. E sempre que um conteúdo aparecer com o selo “Conteúdo Marca”, ele foi pautado e aprovado pelo cliente, numa lógica de Brand Content que, portanto, sempre acontecerá de modo transparente diante dos olhos dos nossos leitores.

Isso tudo posto, não fechamos as portas para ninguém que tenha algo relevante a dizer. A maioria de nossos leitores – já somos mais de 500 mil mentes abertas e alertas orbitando o Draft – compreendem bem isso. E nos apoiam. Nós não estamos de acordo com a intolerância, nem entendemos o nosso trabalho de edição jornalística, ou como curadores de conteúdo, como um exercício de censura prévia ou como uma ferramenta que nos permita publicar somente aquilo com o que concordamos ou simpatizamos.

O que buscamos é a boa discussão, a ampliação dos horizontes, a expansão do conhecimento, a troca de informações, o compartilhamento de experiências e visões díspares de mundo. A colisão criativa nos engrandece a todos. É a assim que pretendemos inspirar, provocar e construir a nossa relevância no seu dia-a-dia.

Acreditamos que se apaixonar pela própria tese a ponto de não enxergar outras visões de mundo, ou de tachá-las como ideias hediondas e indignas, merecedoras do banimento, é uma postura totalitária.

Acreditamos que fechar os ouvidos a quem não diz exatamente aquilo que queremos ouvir, ou de impor o silêncio e o degredo a quem não concordar conosco, é um atalho desinteligente para o dogma – e para o fascismo intelectual. E nós estamos no ramo da “ciência” e não da “religião”. E nós estamos no ramo da “democracia” e não da “ditadura”.

Nós acreditamos na diversidade e na pluralidade. Vale sempre citar a belíssima frase de Rosa Luxemburgo: “A liberdade é quase sempre, exclusivamente, a liberdade de quem pensa diferente de nós.” Ou então a linda sentença de Voltaire: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.”

Às vezes nos parece que falta um pouco dessa grandeza democrática, e dessa firmeza de princípios democráticos, em nosso convívio. Vivemos um tempo triste, em que há muito grito e dedo na cara – em quantidade inversamente proporcional a bons argumentos e boa retórica. E nós estamos no ramo do “iluminismo” e não das “trevas”. Estamos no ramo da “razão” e não da “irracionalidade”.

Para o grande debate, é preciso ter honestidade intelectual – não importa “vencer” uma discussão. Numa boa discussão os dois (ou mais) lados saem vencedores, sempre, porque engrandecidos.

Para o grande debate, é preciso ter humildade intelectual. Aprender a ouvir – de verdade. Estar interessado em, eventualmente, aprender alguma coisa com o outro. Quem só ensina só dá de si, só “perde”. Quem aprende também, “tira” alguma coisa do outro, e, portanto, “ganha” algo que não tinha antes.

Para o grande debate, por fim, é preciso ter curiosidade intelectual. Se você já sabe tudo, se está com as portas e janelas da mente e do coração fechadas, não há espaço para a troca e a nossa relação será perde-perde – não lhe darei nada e não receberei nada de você. Sairemos nos odiando sem ao menos nos conhecermos.

O Draft deseja contribuir para que um outra realidade possa se dar. Para que possamos nos afetar – no grande sentido desse verbo. Seja por meio de nossos conteúdos próprios, seja por meio de nossos conteúdos de marca.

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