Sete anos após o seu início oficial, o Projeto Reflora tem hoje muitas histórias para contar. Histórias de uma iniciativa bem-sucedida, considerada pelos botânicos brasileiros como um divisor de águas, que separa uma época anterior, em que a análise de amostras de plantas exigia muito mais tempo e recursos, de uma nova fase, onde essa mesma pesquisa pode ser feita com alguns cliques no computador.
O plano inicial, estabelecido em 2010, de digitalizar 1 milhão de imagens, foi superado com folga, com o registro atual de 3 milhões de amostras, feito por 27 bolsistas enviados ao exterior, encarregados de fazer esse repatriamento, e outros 130 bolsistas que no Brasil operavam as estações fotográficas. O número de herbários parceiros passou de 3 para 70, com o ingresso de instituições brasileiras e internacionais.
A Natura esteve e continua ao lado dos pesquisadores, apoiando a iniciativa para que surjam mais frutos positivos para a botânica nacional.
Os resultados mostram como este projeto, que acelerou e democratizou a pesquisa da botânica no Brasil, se valeu de tecnologia para inovar e abrir as portas da biodiversidade brasileira a um número muito maior de pessoas.
Oficialmente, o projeto começou em dezembro de 2010, quando o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) libera os seus primeiros recursos. “Como ele começa informalmente, é mais antigo que isso”, diz Rafaela Forzza, pesquisadora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, sede física do Projeto Reflora. “Historicamente, nós, botânicos e taxonomistas, que classificamos as plantas brasileiras, sempre precisamos percorrer os herbários europeus e americanos para ver as amostras coletadas no século 18 e principalmente no século 19. Então, a necessidade de consultar essas coleções é bastante antiga nas nossas vidas.”
Com o avanço da tecnologia, as coleções começaram a ser digitalizadas. Em um primeiro momento, as imagens eram repatriadas em papel. O herbário de origem fotografava as amostras, mas o formato ainda não era digital, e elas precisavam ser enviadas ao Brasil pelo sistema tradicional de correios.
O programa Reflora foi uma iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pensada a partir da reivindicação da comunidade científica da área de botânica, tendo como principal objetivo o repatriamento dos espécimes da flora brasileira coletados nos séculos 18, 19 e parte do século 20 (até 1970) e depositados em herbários estrangeiros. O programa ainda conta com o apoio de fontes financiadoras brasileiras (FNDCT/MCTI, CNPq, CAPES, Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa) e da iniciativa privada – além da Natura, o Instituto Vale e, mais recentemente, o Fundo Newton, que realizaram investimentos em recursos humanos para a pesquisa e em infraestrutura de tecnologia da informação e comunicação para a transferência, armazenamento e a disponibilização dos dados online com qualidade no Brasil.
“O Reflora começa quando alguns botânicos brasileiros vão ao CNPq e demonstram a necessidade dessas imagens, agora com uma tecnologia que permitia a captura de imagens em larga escala, o armazenamento e processamento desse material. Toda essa parte tecnológica melhorou muito na última década, então o CNPq ouve, gosta da ideia, e vai atrás da iniciativa privada para ajudar no financiamento deste grande projeto chamado Reflora.”
O Jardim Botânico do Rio de Janeiro foi convidado para ser a sede física do herbário virtual, onde seriam manejadas as imagens repatriadas dos centros de pesquisa estrangeiros. Inicialmente, o Reflora nasce com dois parceiros internacionais, herbários muito importantes e referências mundiais: o Royal Botanic Gardens, Kew, no Reino Unido, e o herbário do Museu de História Natural de Paris, onde muitas dessas amostras da flora brasileira estavam armazenadas.
“Antes do início da digitalização das amostras desses museus, éramos muito dependentes de obter recursos”, diz Rafaela. “Principalmente quando você é estudante. Imagine que, para um aluno de doutorado, não é nada fácil visitar sete ou oito coleções, europeias e americanas, com recursos reduzidos. Ou seja, tudo era muito mais lento. Fazíamos a nossa ciência de uma maneira mais lenta. Você sonhava em ver uma amostra de planta que levaria seis meses, ou até um ano para ter acesso. Hoje, com um clique, você vê a amostra.”
Rafaela conta que, quando o herbário virtual do Reflora foi lançado, já havia uma lista de espécies brasileiras, publicada em 2010, que acabou sendo agregada ao novo sistema, tornando-o ainda mais completo, um casamento entre o material arquivado nos museus e o relatório da biodiversidade nacional. Hoje o projeto Flora do Brasil 2020 e o Herbário Virtual Reflora são ferramentas indispensáveis na vida de muitos cientistas.
“Com essas duas ferramentas juntas, temos conseguido fazer bem mais”, diz a pesquisadora. “Em 2008, se você me perguntasse quantas espécies temos na Amazônia brasileira, por exemplo, seria impossível responder de forma sintética. Hoje, temos essa resposta, claro que a partir do conhecimento acumulado até hoje, e que ainda está sendo construído.”
O Reflora é um projeto que uniu os botânicos brasileiros em prol de uma causa comum, e quase a totalidade do trabalho foi realizada de maneira coletiva, um legado que continua sete anos após o início do projeto. A plataforma online é colaborativa, e os botânicos têm suas próprias chaves de acesso com as quais conseguem entrar, contribuir e melhorar o conhecimento a respeito de nossas plantas, algas e fungos. O grupo de colaboradores, de universidades e da comunidade acadêmica, abrange cerca de 800 pessoas.
O sucesso do projeto pode ser medido também pelos seus números, apesar de o principal legado, o impacto sobre a ciência brasileira, ser mais difícil de mensurar.
Hoje, 70 herbários fazem parte da base de dados, uma expansão considerável dos três parceiros iniciais. Ao saber da iniciativa, outros herbários nacionais também se interessaram e aos poucos passaram a integrar o projeto. No exterior, herbários como o do Museu de História Natural de Viena, do Museu de História Natural de Estocolmo, o New York Botanical Garden, Missouri Botanical Garden e Smithsonian também ingressaram, junto ao herbário de Harvard e de Edimburgo, alguns exemplos da proporção que o projeto tomou.
Com os recursos obtidos e através de parcerias com o – Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr) e o Inventário Florestal Nacional (IFN), o time do Reflora conseguiu comprar 40 estações fotográficas para realizar a digitalização das amostras. Hoje, esses equipamentos são compartilhados pelos herbários brasileiros. “A coisa ganhou uma dimensão que não esperávamos no início”, diz Rafaela.
E a Natura foi uma dessas parceiras que deu força ao Reflora, e ajudou o projeto em sua trajetória de conquistas, desde o início. A empresa foi uma das parceiras que originalmente se engajaram com o projeto, em 2010, e sua ajuda foi essencial na construção da infraestrutura necessária para o funcionamento do sistema.
Além disso, a empresa também financiou a contratação de equipes para realizar o repatriamento especificamente das amostras encontradas no herbário de Kew.
“A Natura é uma empresa nacional que valoriza a biodiversidade brasileira com produtos da nossa flora, buscando um equilíbrio entre uso, repartição de benefícios e floresta em pé”, diz Rafaela. “Inicialmente nós não tínhamos uma estrutura. Veja, nós estamos falando de milhares de imagens de alta resolução que ocupam um espaço de memória, armazenamento e processamento gigantesco. Isso precisa estar numa estrutura muito boa. Hoje temos um grande data center, que montamos com parte dos recursos obtidos na iniciativa privada. A Oficialmente, o projeto começou em dezembro de 2010, quando o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) libera os seus primeiros recursos. A Natura foi fundamental neste processo.”
Esta matéria pode ser encontrada no portal Natura Campus. Confira o site para ficar por dentro do que acontece no mundo da inovação cosmética.
Inovadora, a ação vai estimular a pesquisa de excelência e reconhecer os pesquisadores que estão abrindo os caminhos para o futuro em temas estratégicos do desenvolvimento tecnológico relacionados à Biodiversidade e à Sustentabilidade.