Dezesseis anos separaram a primeira e a terceira edição do Rock In Rio. Em 1985, Roberto Medina abria as portas do festival para celebrar o fim da ditadura militar no Brasil, um recomeço cheio de esperança aos brasileiros. Já em 2001, a democracia brasileira parecia consolidada. A preocupação era outra. Naquele começo de século, a ideia de sustentabilidade já invadia os pensamentos Medina assim como a maior parte das empresas do mundo. Segundo ele, um mundo melhor, como diz a chamada do evento, só seria possível se fosse sustentável. E o Rock In Rio contribuiria com essa construção.
Desde então, o festival segue à risca um plano de rigoroso de sustentabilidade e estabelece metas para os anos seguintes. Não existe apenas um departamento para a área – e sim um grupo de trabalho focado apenas nisso.
A cada edição, o evento traça um plano de sustentabilidade para a organização, patrocinadores e fornecedores, realiza campanhas sobre boas práticas, calcula a pegada carbônica, recicla a maior parte dos resíduos, e doa os materiais ao final do evento.
Não à toa, o Rock In Rio recebeu certificado na norma ISO 20121 em gestões sustentáveis, em 2013, e já levou oito premiações pelas medidas. Trata-se do primeiro evento de rock com carimbo de certificação de sustentabilidade da América Latina.
Na atual edição, de 2022, o Palco Mundo, onde se apresentam os principais artistas, foi inteiro montado com aço reciclável. Os espectadores também são convidados a participar: quem levar embalagens plásticas e copos para o lugar certo de coleta ganha pontos. E podem ser trocados por vários brindes, desde um protetor de cabo de celular até uma câmera, ou ainda um ingresso para outros dias do festival.
Após os sete dias de shows e entretenimento, 4,5 milhões de copos usados devem dar vida a embalagens de cosméticos.
De acordo com a Fundação Getúlio Vargas, neste ano, a previsão é a de que o festival crie cerca de 28 mil postos de trabalho e investimentos de R$ 1,7 bilhão na cidade do Rio de Janeiro. Uma pesquisa do Datafolha, encomendada pela Suzano, apontou que a maioria do público do festival está interessada temas relacionados à sustentabilidade e à preservação do meio ambiente.
Veja no infográfico a seguir os principais feitos já realizados pelo Rock In Rio – e as metas ambiciosas para 2030.
O bagaço de malte e a borra do café são mais valiosos do que você imagina. A cientista de alimentos Natasha Pádua fundou com o marido a Upcycling Solutions, consultoria dedicada a descobrir como transformar resíduos em novos produtos.
O descarte incorreto de redes de pesca ameaça a vida marinha. Cofundada pela oceanógrafa Beatriz Mattiuzzo, a Marulho mobiliza redeiras e costureiras caiçaras para converter esse resíduo de nylon em sacolas, fruteiras e outros produtos.
Aos 16, Fernanda Stefani ficou impactada por uma reportagem sobre biopirataria. Hoje, ela lidera a 100% Amazonia, que transforma ativos produzidos por comunidades tradicionais em matéria-prima para as indústrias alimentícia e de cosméticos.