Por décadas, os esforços de educação corporativa para funcionários de áreas fundamentais como chão de fábrica, canteiros de obras, plataformas marítimas ou sem posto de trabalho fixo (motoristas, vendedores e promotores) focaram em metodologias tradicionais, presenciais ou a distância.
Para melhorar o desempenho desses trabalhadores nos treinamentos e, consequentemente, das organizações onde eles trabalham, a edtech Sábios parece ter encontrado uma alternativa mais eficiente: utilizando conceitos de neurociência e “experiential learning”, cria jogos eletrônicos que podem ser acessados de qualquer lugar para viabilizar a aprendizagem e diminuir as lacunas de comportamento, cultura organizacional e competências.
A estratégia soluciona entraves importantes dos outros formatos. O principal dificultador do e-learning, por exemplo, é a demanda de leitura, que dificilmente pode ser realizada durante o expediente – e não é possível programar treinamentos e atividades em outros horários por determinação da legislação trabalhista. Outro ponto é a necessidade de um ambiente online e de dispositivos como computadores, celulares e tablets, que muitas vezes não entram em setores industriais.
Apesar de a pandemia de Covid-19 ter acelerado a transformação digital na educação corporativa com a migração para o mundo digital (e, assim, aumentado a demanda por serviços inovadores), parte das empresas brasileiras resiste à adoção da inovação. “O resultado é que a aprendizagem desse público acaba negligenciada”, acredita o CEO da Sábios, Demetrius Lima. “Nossa missão é justamente oferecer essa capacitação.”
Lima estima que a maioria dos projetos desenvolvidos por sua edtech nos mais de 11 anos de atuação foram voltados para áreas operacionais e de segurança do trabalho de grandes indústrias.
“O mercado ainda é resistente à inovação. Por isso, muitas vezes opta-se por fazer mais do mesmo: videoaula, arquivos de PowerPoint interativos. Nós não vendemos o tradicional porque não acreditamos nele. Estimulamos a transformação pelo protagonismo e envolvimento.”
EXPERIÊNCIA IMERSIVAS PARA ENGAJAR E TREINAR
A Metodologia Sábios de Educação Imersiva chega até os usuários por uma plataforma que funciona on e off-line e por equipamentos como a mesa interativa de multitoques e tablets diferenciados e seguros para linha de produção, com área de proteção contra faíscamento. Já o formato de jogos com storytelling proporciona a interatividade capaz de prender a atenção do funcionários.
“O grande diferencial das experiências imersivas é o envolvimento, o engajamento do usuário. Replicamos virtualmente situações práticas da realidade, incentivando a tomada de decisão para aprimorar habilidades. O cérebro é treinado para agir da melhor forma ao se deparar com a situação concreta.”
A Sábios atende o mercado com duas soluções: o Sábios Plug and Play, desenvolvido para pequenas e médias empresas, e o Sábios Journey, que funciona melhor em médias e grandes organizações.
O primeiro é especialmente vantajoso quando não existe um cronograma definido de treinamentos ou quando o quadro de funcionários é pequeno. Isso porque ele permite que o próprio cliente produza as experiências com as ferramentas de autoria acopladas na plataforma, após a participação em um treinamento com um grupo da edtech.
Já a Sábios Journey é uma equipe especializada da Sábios que realiza a customização das experiências imersivas ao longo do contrato, que compreende no mínimo 12 experiências. A edtech coleta o material bruto do cliente, elabora um briefing e um roteiro completo da experiência, com todas as missões e desafios, os modelos de personagens e as descrições das cenas. Em seguida, desenvolve a arte, efetua ajustes necessários e disponibiliza os jogos aos usuários.
Outro destaque é que a metodologia foi desenhada para extrair dados sobre a interação do usuário com a experiência, por meio de inteligência artificial. É possível diagnosticar de forma inteligente e com precisão o conteúdo absorvido, além de identificar lacunas a serem trabalhadas. No Sábios Journey, inclusive, os tópicos a seres abordados a cada experiência são determinados a partir dessas métricas.
EDUCAÇÃO, SAÚDE E SEGURANÇA
A estratégia tem funcionado para empresas como Dasa, Gerdau, Petrobras, Raízen, Samsung, Seara, Sebrae, Vale e Volkswagen. Na maior parte dessas empresas, os treinamentos envolvem temas relacionados à Segurança e Saúde no Trabalho, que, em geral, tem grande peso na agenda ESG.
A Petrobras, por exemplo, foi o primeiro cliente da edtech e, depois de treinar 200 mil funcionários por meio da metodologia, associada a outras ações, reduziu para menos de 1% o número de acidentes de trabalho durante um ano de monitoramento.
Umas das iniciativas de sucesso foi o Canteiro Virtual, de 2014, que capacitou 100 mil colaboradores no cumprimento de normas e diretrizes em SMS – Segurança, Meio Ambiente e Saúde.
Já a Plataforma Móvel de Desenvolvimento Coletivo, da Fiesc e do SESI/SC, usou jogos eletrônicos de dez minutos de duração para educar sobre os riscos no ambiente de trabalho das indústrias de alimentos e construção civil (que lideram em números de acidentes no estado). Em dez meses de operação, atendeu 50 mil trabalhadores de 25 grandes indústrias catarinenses e provocou a redução de 52% na quantidade de erros em avaliações em SST.
Para dar mais um exemplo da aplicação do da ferramenta, um dos projetos desenvolvidos para a Raízen foi o Descarga Segura, programa de treinamento de motoristas terceirizados que transportam combustível aos postos do país – essa foi, aliás, a primeira vez que a empresa de energia treinou trabalhadores que não fazem parte de seu quadro fixo de funcionários.
Os motoristas usavam um QR Code para acessar a plataforma da Sábios de qualquer lugar e entrar num game elaborado por uma psicóloga que abordava os principais problemas enfrentados por eles.
“Tanto o treinamento da força de trabalho como o impacto em bem-estar, saúde e segurança que nossas capacitações proporcionam são pilares fundamentais da agenda ESG. Mas é importante ressaltar que educação é algo transversal aos objetivos da empresa. Educação é a base. Por isso, precisamos melhorar a eficácia do processo de disseminação do conhecimento.”
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