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Saiba como a mais antiga fábrica de relógios de ponto do país virou uma provedora de soluções para gestão de times em home office

Marina Audi - 10 fev 2021
Rodrigo Pimenta, CEO da Dimep e ex-piloto de Stock Car e Old Stock Race.
Marina Audi - 10 fev 2021
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Dois assuntos eram recorrentes na casa de Rodrigo Pimenta desde a pré-adolescência: o automobilismo e a indústria de relógios de ponto.

Ex-piloto, Rodrigo, 42, hoje é o CEO da Dimep, a mais antiga fabricante de relógios de ponto do Brasil, fundada em 1936 por seu avô, o professor e engenheiro português Dimas de Melo Pimenta — que pinçou sílabas de seu próprio nome para batizar a companhia.

Nos anos 1980, quando o neto era garoto, a empresa enfrentava a transição dos aparelhos analógicos para os eletrônicos. Duas décadas mais tarde, foi a vez de migrar do eletrônico para o digital.

Em meio à pandemia, a octogenária Dimep vem acelerando enquanto encara um novo desafio: o foco na produção de aparelhos low touch ou touchless.

Esse tipo de solução já desbancou os relógios de ponto informatizados como carro-chefe da empresa e passou a responder pelo grosso do faturamento — que cresceu em 2020.

DURANTE ANOS, ELE CONCILIOU A CARREIRA CORPORATIVA E O AUTOMOBILISMO

Rodrigo começou a correr de kart aos 12 — uma paixão compartilhada com o pai, Dimas de Melo Pimenta II, presidente da Dimep e ex-piloto de Stock Car. 

Mesmo trabalhando desde os 17, ele tentou levar o automobilismo em paralelo. Aos 21, trancou a faculdade de administração e tentou a sorte na Fórmula Renault italiana. A falta de patrocínio o fez voltar ao Brasil. 

Nos anos seguintes, foi vice-campeão nacional da Stock Car Light e chegou a correr na Stock Car

Quando a paternidade se somou à dupla jornada de piloto-e-executivo, Rodrigo buscou categorias alternativas e mais flexíveis, como a Old Stock Race, em que foi duas vezes campeão brasileiro.

Olhando pelo retrovisor, o ex-piloto extrai aprendizados úteis dessa jornada:

“Numa equipe, é preciso motivar os mecânicos e o chefe de equipe para darem o melhor de si. Às vezes, as coisas vão mal, mas você não pode desanimar, nem deixar o pessoal desanimar. Então, a gente aprende muito — além da própria competitividade do esporte”

Desde 2018 na cadeira (ou “cockpit”) de CEO, Rodrigo transpõe essas lições de liderança para o ambiente corporativo, no dia a dia da Dimep.

O CARRO-CHEFE É UM SISTEMA DE CONTROLE DE PONTO E GESTÃO DE JORNADA

O carro-chefe da Dimep eram os relógios de ponto integrados à plataforma Kairos – um sistema online e em tempo real de controle de ponto e gestão de jornadas de trabalho, que tem hoje 23 mil empresas cadastradas.

Na nuvem desde 2014, a plataforma vinha em momento de fortalecimento, reposicionada como um SaaS. 

“Ao longo de seis anos, o Kairos se transformou em uma plataforma de gestão de pessoas, mais do que simplesmente de tratamento de ponto. Ele foi incrementado. Criamos um módulo de compliance, que checa se aquelas marcações de ponto estão de acordo com a lei trabalhista e evita que as empresas incorram em multa”

Há ainda módulos para organização de escalas de trabalho, BI com relatórios personalizados e para geração de relatórios de ausências.

O portfólio inclui ainda catracas automatizadas (usadas em eventos como o GP do Brasil e o Carnaval do Rio), cancelas e totens para estacionamentos e o dispositivo SAT Fiscal, que armazena emissões de nota fiscal (depois enviadas pela internet à Secretaria da Fazenda). 

O CEO APROXIMOU O LABORATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO DA ÁREA COMERCIAL

A Dimep tem uma planta industrial de hardwares, onde trabalham 110 pessoas, que produzem esses dispositivos. 

Na gestão de Rodrigo, a Dimep já investiu 35 milhões de reais em inovação. O foco, porém, vem sendo turbinar outro setor, o Laboratório de Desenvolvimento. 

Montado nos anos 2000 para internalizar a produção de softwares integrados aos relógios de ponto, cancelas e catracas, o Laboratório conta hoje com mais de 50 programadores dedicados. 

 O CEO promoveu uma aproximação entre esse time e a área comercial.

“Até pouco tempo atrás, a gente idealizava o produto e depois dava para o comercial vender. Mudei a sistemática e coloquei o comercial para dizer ao laboratório o que o cliente quer. Então, nos últimos anos, ficamos mais sensíveis ao movimento do mercado” 

Essa leitura veio com um pedido específico: foco em aplicações mobile. Além disso, a direção da Dimep intensificou também a busca por ditar tendências. 

Começaram a desenvolver soluções de acesso com QR code, controladores de acesso com reconhecimento facial, em paralelo à biometria digital e catracas que dispensam o contato – chamadas de SMART GATE, pois abrem e fecham automaticamente acionadas via sensores de movimento.

O HOME OFFICE FORÇADO PELA QUARENTENA AJUDOU A ALAVANCAR AS VENDAS

Entre novembro de 2019 e o início de 2020, o Kairos ganhou duas funcionalidades novas: marcação de ponto via mobile e reconhecimento facial em tempo real, pela câmera do celular. 

O timing foi providencial. Em breve, o mundo migraria em massa para o home office.

“Logo depois veio a pandemia e aquilo que era uma fatia pequena, se transformou em uma fatia enorme. Muita gente começou a procurar a Dimep por conta do controle de jornada remoto”

A funcionalidade de reconhecimento em tempo real é relevante: segundo Rodrigo, o que havia disponível no mercado era o reconhecimento via foto — e, como lembra o CEO, “você pode tirar foto de uma foto”. Ou seja, a segurança do processo fica comprometida.

Por conta da Covid-19, a Dimep acrescentou ao roadmap de desenvolvimento a aferição de temperatura corporal, implementada em três semanas, e a leitura da máscara facial — “um negócio extremamente complexo”, segundo o CEO.

Ele se refere à especificidade de ensinar o algoritmo a identificar a máscara — e aprender a diferenciá-la de uma barba.

Outro complicador: o uso da máscara deixa menos espaço no rosto – quando usada corretamente, ela deixa só a faixa de olhos e testa à vista – para determinação de pontos de referência e identificação salvos no sistema, que compara com a imagem em tempo real.

EM MEIO À PANDEMIA, A EMPRESA CRIOU NOVOS MODELOS DE COMERCIALIZAÇÃO

Até o início da quarentena, a Dimep comercializava o Kairos somente junto com os relógios de ponto, de onde a plataforma puxava as informações. 

Com a mudança brusca na forma de trabalho, a empresa decidiu liberar gratuitamente por 90 dias o uso do software desvinculado da compra de um hardware. Era uma forma de cativar novos clientes e colaborar com a sociedade. 

Afinal, o sistema permite ao RH fazer a gestão de pessoas a distância (do controle do login dos computadores à marcação de ponto pelo celular, com uso de geolocalização) e torna possível certificar se os funcionários estão ativos no horário do expediente. 

Deu tão certo que essa pivotagem gerou um formato duplo de comercialização. 

O primeiro modelo prevê a venda de hardware e software, em que o cliente não compra o relógio. Em vez disso, paga uma mensalidade fixa (a partir de R$ 235,43) que combina a locação e o Saas, e varia conforme os módulos de funcionalidade contratados. 

O segundo modelo prevê somente a contratação de uso do software e tem três planos, com valores mensais que vão de R$ 1,95 a R$ 3,08 por funcionário. 

O cliente pode ainda contratar uma solução que usa tecnologia beacon (sinal bluetooth lido pelo celular) para dar mais precisão ao registro de ponto; os colaboradores só conseguem fazer o registro se estiverem próximos ao dispositivo configurado no seu cadastro. 

Lançada em janeiro de 2020, essa solução custa R$ 14,90 mensal, adicionados à mensalidade do plano Kairos.

O DESAFIO AGORA É MANTER O FOCO E INVESTIR EM NOVOS SOFTWARES

Prestes a completar 85 anos, a Dimep e seus 530 colaboradores viram o faturamento da empresa crescer de 178 milhões de reais, em 2019, para 197 milhões de reais em 2020, enquanto muitas companhias patinavam. 

Historicamente, a venda de relógios de ponto informatizados representava metade do faturamento. As áreas de controle de acesso e parking/estacionamento somavam 35%, enquanto o desenvolvimento de softwares respondia por 15%.

Com a pandemia, os equipamentos low touch ou touchless, que dispensam a necessidade de crachás, identificação pelas digitais ou palma da mão, decolaram e passaram a responder por 80% das vendas. 

Catracas sem toque e câmeras de controle de acesso equipadas com aferição de temperatura também figuraram entre os produtos de maior demanda em 2020.

“A gente tem um desafio grande: não se perder. A tecnologia que acabamos agregando e desenvolvendo nos dá um leque de atuação enorme. Poderíamos fazer bilhetagem, por exemplo, mas queremos investir nos softwares. E é isso que faremos em 2021.”

 

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