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Saiba como a Weber Haus alia tradição e sustentabilidade para produzir uma cachaça premium 100% orgânica

Daniel Trouche - 28 jun 2021
Evandro Weber, diretor da Weber Haus, na destilaria da empresa, em Ivoti (foto: Jefferson Bernardes/ Agência Preview).
Daniel Trouche - 28 jun 2021
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Próxima do centro da pequena Ivoti, a 55 quilômetros de Porto Alegre (RS), a destilaria Weber Haus é um dos principais pontos turísticos da Rota Romântica, que liga 14 municípios do Vale do Sino à Serra Gaúcha. 

A história da cachaça na região remonta à chegada da família Weber ao Brasil, em 1824 — e ao plantio de cana-de-açúcar, a partir de 1848. Com conhecimento da elaboração do Schnapps, aguardente alemão, a família adotou a matéria-prima para produzir a bebida nacional, inicialmente de forma caseira.

Passou-se um século até que, em 1948, José Weber fundou a cachaçaria, que hoje é comandada pela terceira geração, os netos Evandro, Eliana e Mariane (sócios da empresa com seus pais, Hugo e Eugênia Weber). 

A Weber Haus comercializa cachaça de alambique (naturalmente fermentada) para todo o Brasil e mais 16 países — os Estados Unidos são o principal mercado. 

E, antenada aos novos tempos, incorpora cada vez mais a sustentabilidade ao seu negócio.

DEPOIS DE DÉCADAS, A EMPRESA TEVE DE REFORMULAR SUA MARCA

Negócios de família, passados de pai para filho, podem ser um peso para as gerações mais jovens, que se veem muitas vezes obrigadas a dar continuidade à tradição.

Evandro, hoje diretor da Weber Haus, conta que na juventude viveu esse conflito:

“Quando eu era novo, teve uma época em que quis ‘fugir’ e estudar para ser padre… Mas meu pai não deixou e me disse: ‘tu não tem escolha, vai continuar [o negócio]’…”

Curiosamente, o principal produto da cachaçaria que hoje orgulhosamente ostenta o nome da família atendia, desde 1948, por “Caninha Primavera”.

Foi então que, em 2000, eles descobriram que essa marca já estava registrada. Resolveram rebatizar a empresa e uniram o nome da família à palavra Haus, “casa” em alemão.

Foi uma ideia feliz, inclusive pensando na possibilidade (que ainda não tinha sido levada adiante) de um dia exportar o produto. Enquanto lançava outros rótulos com sua nova marca, a Weber Haus deixou a Caninha Primavera fora de mercado por 18 anos. 

“Depois retornamos com ela porque a empresa que tinha o registro fechou e não renovou a marca”, diz Evandro. “Pudemos registrá-la e lançamos a Cachaça Primavera, uma releitura do rótulo vendido de 1948 a 2000.” 

A CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA ABRANGE TODA A ÁREA DE PRODUÇÃO DE CANA

O Brasil tem cerca de 1,13 milhão de hectares de produção de orgânicos, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Desses, se estima que 40 mil hectares sejam de cana.

Na Weber Haus, a certificação orgânica alcança toda a área, que abrange 64 hectares para a produção da cana-de-açúcar. 

“Sempre percorremos o caminho do orgânico. Ele é importante não porque virou uma tendência, mas porque precisamos ser éticos. E é gostoso trabalhar sem agrotóxico, sem adubo químico”

Em 2021, a empresa espera produzir em torno de 570 mil litros do caldo, que depois vira cachaça. A variedade da cana utilizada na produção da cachaça é escolhida por sua característica de manejo e o grau de doçura.

UMA CONSULTORIA TÉCNICA AJUDOU A OTIMIZAR O USO DOS INSUMOS

Para otimizar o aproveitamento de matéria-prima e incrementar sua produção de cana, a Weber Haus foi atrás de assessoria especializada.

“Recebemos uma consultoria sobre as composições do bagaço da cana, do vinhoto e de outras misturas saudáveis para uma compostagem satisfatória para o crescimento da cana”, diz Evandro. As técnicas, aprendidas junto à Emater-RS, órgão que se dedica a promover o desenvolvimento rural sustentável, e à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

“A partir do bagaço fazemos um composto usado como adubo na plantação da cana-de-açúcar — deixando o solo mais macio e com novos nutrientes” 

A outra parte desse composto é utilizada na produção do vapor da caldeira, responsável pela destilação da cachaça. E o vinhoto (o caldo de cana não utilizado) também é aproveitado como adubo. 

O CUIDADO COM A NATUREZA SE ESTENDE À COLHEITA, À ENERGIA E À RECICLAGEM

Segundo Evandro, a colheita é toda manual e dispensa a queima da palha da cana, evitando assim emissões de gases do efeito estufa.

Em 2017, buscando tornar o ciclo ainda mais sustentável, a Weber Haus instalou, em sua destilaria, placas fotovoltaicas para captação da energia solar. 

Nos últimos anos, essa alternativa vem se intensificando entre cachaçarias, diz Evandro. “Acho ótimo que utilizem [energia solar], vemos que esse é um bom legado e está dando certo no setor.”

A decisão faz bem para o planeta e para o bolso. Segundo o diretor, a conta de luz da destilaria caiu de 12 mil reais para apenas 200 por mês.

Outro cuidado está ligado à reciclagem. A empresa aderiu ao selo Eu Reciclo, que certifica a destinação de recursos da marca à cadeia de reciclagem via compensação ambiental de pelo menos 22% das embalagens — incluindo o vidro das garrafas e o papelão das embalagens.

CONHEÇA AS FASES DE PRODUÇÃO DA CACHAÇA

A diferença na produção da bebida de alambique em relação à industrial se dá principalmente pelo canavial orgânico e pela destilação natural.

Após a colheita da cana, a produção da cachaça começa com a moagem, fase em que se observa se a cana está madura e os colmos, limpos; é realizada a decantação e a filtragem para obter uma garapa (caldo de cana) de qualidade. 

Na fase de fermentação é medido o teor de açúcar, podendo ser misturada com água; o processo ocorre de maneira natural em ambiente arejado. 

Na destilação, a bebida é adequada à concentração alcoólica nos níveis previstos em lei, de 38% a 54%. O líquido é fervido dentro de um alambique de cobre com capacidade de 600 litros. 

Nesse processo, são eliminadas a “cabeça” e “cauda” da bebida — ou seja, os primeiros 10% e os últimos 10% destilados, com altas concentrações de álcool, que são descartados no processo. 

A única parte que se aproveita na Weber Haus é o “coração”. A fase de alambicagem inclui o aquecimento, evaporação e condensação do mosto. 

Por fim, a cachaça é armazenada em barris de carvalho e dornas de sassafrás e bálsamo. O envelhecimento dura entre 6 meses até 15 anos, dependendo do produto.

AS MULHERES SÃO CADA VEZ MAIS PRESENTES ENTRE O PÚBLICO CONSUMIDOR

Ao todo, a Weber Haus comercializa mais de 70 produtos, entre cachaças, licores, rum, gim e acessórios. A líder de vendas é a cachaça Weber Haus 7 madeiras

Nessa mistura (de nuance mais seca, segundo os produtores), há cachaças envelhecidas de 2 a 6 anos de idade, em madeiras de carvalho americano, carvalho francês, bálsamo, amburana, canela sassafrás, grápia e cabriúva.

“Esse blend pode ser bebido várias vezes e sempre se sentirá um gosto diferente. É um produto para degustar e meditar, feito para se diferenciar de todas as cachaçarias”

Os valores dos rótulos variam de 43 reais até 2 699 reais, preço da cachaça de edição limitada Extra Premium XII Anos Lote 48. 

Entre os lançamentos no e-commerce da empresa está o gim Antiqua Tropical Orgânico. A bebida busca atender novos públicos, inclusive o feminino.

“Hoje o público feminino é tão tomador de uma boa cachaça quanto o masculino, é parelho”, diz Evandro.

A PANDEMIA DERRUBOU AS VENDAS, QUE AGORA SE RECUPERAM

Grande parte do produto a Weber Haus é destinado a bares e restaurantes (fora do Brasil, inclusive). 

Com as restrições de funcionamento devido à Covid-19, as vendas caíram 90% no curto intervalo de abril a junho de 2020. 

“Ficamos fechados por mais de 70 dias. Agora estamos nos recuperando. Mudamos um pouco nossa estratégia com o lançamento de novos produtos e promoções em nossa plataforma de e-commerce”

No acumulado entre março de 2020 e março de 2021, a queda nas vendas foi de 26%. 

A expectativa de Evandro é de que o faturamento cresça, alavancado pelo avanço da vacinação e a retomada de uma vida mais próxima do normal.

ENTRE OS PLANOS ESTÁ A CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA FÁBRICA

Antes da pandemia, a fama da destilaria levava mais de 40 mil pessoas por ano até Ivoti para conhecer o processo de produção

Recentemente, a fábrica voltou a receber visitas guiadas e degustação dos produtos, respeitando as determinações dos decretos municipais. 

O diretor da Weber Haus projeta um 2021 intenso para a empresa:

“Só neste ano teremos três lançamentos de produtos exclusivos, com edições limitadas — e um projeto inovador para a construção de uma nova fábrica” 

A ideia, segundo ele, é produzir energia elétrica através do vinhoto e do bagaço da cana-de-açúcar. 

Quanto às próximas gerações, o diretor diz que seus filhos já ajudam no negócio quando não estão em aula, e poderão levar adiante a tradição da família — mas só se esse for o desejo deles.

“Ao contrário do que foi imposto para mim, deixarei que escolham. Os tempos são outros — mas, se quiserem continuar, o caminho está aberto e daremos todo apoio.”

DRAFT CARD

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  • Projeto: Weber Haus
  • O que faz: Destilaria de cachaça premium 100% orgânica
  • Sócio(s): Evandro, Eliana, Mariane, Hugo e Eugênia Weber
  • Funcionários: 23
  • Sede: Ivoti (RS)
  • Início das atividades: 1948
  • Contato: [email protected]
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