Em março de 2017, Bernardo Pascowitch e seu Yubb apareceram pela primeira vez aqui do Draft, na seção Acelerados. O buscador de investimentos, que encontra o melhor fundo de acordo com o perfil do investidor, na época tinha apenas seis meses de funcionamento e promovia o “match” entre 600 investidores e fundos diariamente.
Dois anos depois, reencontramos Bernardo. Com cara de garoto, aparelho nos dentes, o empreendedor de 30 anos está à frente de um negócio que conta hoje com mais de 220 mil usuários ativos, que realizam 8 milhões de buscas mensais por investimentos na plataforma. Parte desse resultado, ele diz, tem a ver com um timing oportuno:
“O lançamento do Yubb coincidiu com uma explosão no mercado de investimentos no Brasil. De ‘patinho feio’ dos bancos, hoje os investimentos movimentam as economias de milhões de brasileiros e geraram um boom de fintechs, corretoras, fundos”
Para contar essa história é preciso rebobinar a fita. Bernardo se graduou em Direito pela USP e entrou (ainda como estagiário) num escritório importante, o Pinheiro Neto Advogados. Lá, começou a atender grandes empresas que buscavam acesso ao mercado de capitais.
“Fazia emissões de debêntures e outros títulos com quantias vultosas e comecei a me interessar por essa área de investimentos. Como estagiário, já conseguia ganhar um dinheirinho e via que dava para render muito mais em um fundo do que na poupança. Mas, como pessoa física, aqueles fundos que eu vendia para grandes corporações estavam fora do meu alcance”, lembra.
Pela USP, foi fazer intercâmbio na King’s College, de Londres, e aproveitou para buscar outros interesses. Estudou empreendedorismo, finanças internacionais, negócios, comportamento do consumidor. Foi lá na capital britânica que ouviu pela primeira vez a palavra “fintech” e a promessa de que a tecnologia e a inovação das startups trariam efeitos disruptivos para o mercado financeiro.
“Meu professor tutor no King’s College me mostrou vários cases de startups que já estavam fazendo barulho no mercado financeiro de Londres, que é um dos maiores e mais inovadores do mundo”, diz.
De volta ao Brasil e ao escritório, mas com a cabeça ainda nas fintechs londrinas, ele começou a se planejar para pedir demissão e criar seu próprio negócio focado no mercado financeiro. Mas aí, recebeu a proposta da chefia para montar uma área interna de assessoria a startups.
“Foi uma ideia realmente inovadora para um setor engessado como os escritórios de advocacia, e fizemos muitas parcerias bacanas com empresas que viraram unicórnios, como 99, VivaReal… Mas empreender dentro de uma grande empresa tem limites. Do ponto de vista jurídico, não muda muito fazer um contrato para uma startup ou para a Petrobras.”
A ideia do negócio próprio havia sido apenas adiada. Em 2014, Bernardo enfim decidiu de vez dar adeus ao escritório e abrir sua startup. Ele havia identificado uma “dor”: a dificuldade das pessoas para achar um investimento ideal. A resposta para é que ainda não estava clara. A primeira versão do Yubb foi lançada em outubro de 2015 como uma rede social para investidores com cobrança de assinatura. Durante o processo de validação, ficou evidente que o caminho não era aquele:
“A solução vem com o tempo. Entendi que as pessoas não queriam ter uma nova rede social, já tinham o Facebook, o Twitter. E queriam menos ainda uma nova rede social que fosse paga”
Deu um passo atrás e mudou tudo. O Yubb pivotou e foi relançado um ano depois, em outubro de 2016, como uma espécie de Trivago ou Buscapé para aplicações financeiras. Ou seja, um buscador que mostrasse de forma transparente e imparcial todas as opções de investimentos. “A ideia é que não existe ‘o melhor investimento’. Existe o melhor para você, para cada perfil de pessoa.”
Essa proposta de ser uma plataforma imparcial está inserida no próprio modelo de negócio. Em nome da credibilidade, o Yubb abriu mão de vender publicidade ou espaço para conteúdos patrocinados por bancos e corretoras, o que prejudicaria a isenção da startup aos olhos do usuário.
“Também não posso cobrar um valor para uma corretora estar na plataforma, pois isso comprometeria a neutralidade. Então, eu cobro das empresas que têm fundos listados no Yubb apenas a partir dos leads gerados, da conversão de uma indicação do Yubb para a venda de um produto de investimento.”
Com essa filosofia, o Yubb vem crescendo a uma taxa de 15% ao mês. Para sobreviver em meio à disputa com youtubers, instagrammers e influenciadores digitais do mercado de investimentos, o trabalho de conteúdo é uma alavanca fundamental.
A startup mantém um blog com textos e infográficos, e um canal de Youtube, que conta hoje com 38 mil inscritos e soma 1 milhão de views. O vídeo mais assistido, com pouco menos de 8 minutos, tem até agora 78 mil visualizações e traz uma “resenha” sobre o processo de abertura de uma conta online em uma corretora.
Bernardo diz respeitar o trabalho dos youtubers financeiros e elogia alguns canais bombados, como O Primo Rico, que tem mais de 2,4 milhões de inscritos. Mas faz uma ressalva importante:
“As pessoas são carentes de conteúdo transparente de educação financeira. Adoro os youtubers, mas o ponto negativo é o conteúdo deles ser patrocinado. Já nós falamos de todas as empresas, visitamos, entramos no prédio para mostrar que existe”
Além do canal do Yubb no YouTube, Bernardo criou recentemente seu canal pessoal, onde fala sobre empreendedorismo, “principalmente o lado que os outros empreendedores não contam”. Ao analisar o momento do mercado brasileiro de investimentos pessoais, ele bate de novo na tecla da importância da educação financeira, que permite às pessoas navegar por esse mar de fundos e corretoras.
“A gente tem vivido um momento sem precedentes no mercado. Nunca teve tanta corretora, tanta plataforma de investimento disputando. Um momento chave foi a compra da XP pelo Itaú. Isso sinalizou que a porteira se abriu, várias outras corretoras passaram a se modernizar. No meio disso, o consumidor vê propaganda de investimentos na TV aberta, no ponto de ônibus, e fica em dúvida.”
A publicidade “agressiva” pode confundir as pessoas, segundo o empreendedor. Pegando carona no boom dos investimentos pessoais e da facilidade trazida pela tecnologia, as fintechs começaram a se tornar assunto cotidiano nas rodas de conversa. Bernardo, que também é diretor da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), concorda que o momento é de grande crescimento em números e relevância, mas ressalta:
“Nenhuma fintech vai quebrar um banco brasileiro. Em outros mercados menos concentrados não aconteceu. Aqui, com cinco bancos concentrando 90% do patrimônio, as fintechs têm entendido que é melhor trabalhar em parceria e [de forma] complementar aos bancos”
Ou seja: mesmo com transformações profundas, os pilares do mercado financeiro permanecerão de pé, com espaço de atuação para todo mundo. A ideia é que, se os bancos são generalistas, as fintechs conseguem atuar de maneira mais focada, oferecendo ganhos em transparência, usabilidade e custos menores.
Em um país em que a poupança, mesmo com rendimentos tão baixos, ainda é a aplicação preferida de 70% das pessoas (segundo o Serviço de Proteção ao Crédito), cabe a pergunta: todo mundo pode investir?
“Hoje tem investimentos com valor mínimo de um real e que rendem o dobro da poupança. Qualquer pessoa que não esteja inadimplente e que seja economicamente ativa ou tenha qualquer reserva de capital deveria investir. Com 30 reais mensais você investe em Tesouro Direto, com 100 reais você investe com robôs que aplicam em vários fundos, pode abrir uma conta de investimento sem taxa”.
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