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Com 26 mil projetos instalados no Brasil, a Solfácil já financiou R$ 1 bilhão e agora vai levar energia solar para a Amazônia

Maisa Infante - 25 mar 2022
Fábio Carrara, co-fundador e CEO da Solfácil. (Foto: Fábio Carrara/Divulgação)
Maisa Infante - 25 mar 2022
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Energia solar no cotidiano das pessoas, das empresas e das cidades não é algo do futuro. Pelo contrário. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o Brasil atingiu, neste ano, 44 gigawatts de capacidade instalada de energia solar fotovoltaica, a mesma potência da usina hidrelétrica binacional de Itaipu. 

A expectativa da Agência Internacional de Energia é que o Brasil possa ter, em 2050, um terço de toda a energia consumida no país vinda da fonte solar. Isso é importante tanto do ponto de vista econômico como ambiental, já que a energia solar é considerada limpa e sua geração não inclui alagamento de áreas e perda de biodiversidade. Hoje, a conta de luz é uma das que mais pesam no bolso do consumidor e, com a instalação da energia solar, é possível fugir das bandeiras tarifárias e reduzir consideravelmente o valor da conta. 

Quem está contribuindo para esse cenário é a fintech Solfácil, fundada em 2018 para oferecer financiamento de projetos de energia solar. Em 3 anos de operação já foram 26 mil projetos solares instalados em residências, empresas e áreas rurais. 

Fábio Carrara, cofundador e CEO da empresa, conta que o negócio vem crescendo em um ritmo acelerado. Em 2020, foram mais de 100 milhões de reais em créditos concedidos. Em 2021, esse número bateu 1 bilhão de reais e o plano é duplicar o volume de financiamento em 2022. 

“Existe uma percepção de que a energia solar é cara, mas não é. Pelo contrário. É o melhor investimento que qualquer pessoa pode fazer porque dá um retorno superior a 30% sobre o capital investido ao ano. O problema é que a maioria dos brasileiros não têm poupança para fazer esse investimento.”

A Solfácil oferece financiamento de até 200 mil reais para pessoas físicas e 500 mil para pessoas jurídicas e propriedades rurais, com possibilidade de parcelamento em até 120 vezes. Os juros seguem o IPCA mais  0,77% a.m. 

O ticket médio dos projetos residenciais, que representam 45% do negócio, está em torno de  25 mil reais. Isso significa instalar na residência um sistema capaz de produzir praticamente toda a energia consumida por uma família, o que pode representar uma economia de 90% a 95% da conta de luz original. 

“A beleza dessa história é que a economia de energia é mais do que suficiente para pagar a parcela da Solfácil. Em cinco anos o financiamento está pago e o consumidor tem 20 anos de energia gratuita”. 

SOLFÁCIL JÁ RECEBEU US$ 35 MILHÕES EM APORTES

Engenheiro, Fábio começou a carreira como consultor estratégico pelo The Boston Consulting Group. Em 2014, se interessou pelo setor de energia solar durante uma viagem para a Alemanha e voltou para o Brasil – que vivia as consequências da crise hídrica de 2013 – com a ideia de que poderia empreender nessa área. 

“Percebi que a energia solar era uma forma de resolver a ineficiência do setor elétrico brasileiro, que tem a segunda energia mais clara do planeta.” 

Ele começou na área como integrador (empresa de engenharia que vende e instala o sistema fotovoltaico para o cliente), onde atuou durante 3 anos. Na lida diária, entendeu que o gargalo não estava no fato de as pessoas não quererem instalar sistemas solares, mas de não terem dinheiro para fazer isso. Foi aí que surgiu a ideia de criar uma empresa que oferecesse esse financiamento. Hoje, segundo Fábio, 70% do mercado de pequenas instalações fotovoltaicas do Brasil é financiado.

Com 500 funcionários no quadro, a Solfácil já levantou 35 milhões de dólares em aportes e atua como uma plataforma B2B2C. O cliente final compra o sistema de energia solar com o integrador, financiando o valor do projeto com a Solfácil. É um sistema parecido com o que acontece quando a pessoa vai comprar um carro na concessionária e já sai com o financiamento feito com um banco ou financiadora. 

São mais de 8 mil parceiros integradores que, segundo Fábio, cobrem praticamente todos os municípios do país, o que garante capilaridade para o negócio. 

A startup também está ampliando sua atuação como um marketplace voltado para os integradores. A loja reúne mais de 15 distribuidores – que pagam uma taxa para fazer parte desse espaço – e oferece mais de 5.000 opções de kits solares das marcas mais usadas do mercado. 

“Queremos tornar a jornada de nossos parceiros cada vez mais prática, compartilhando a melhor experiência possível. A loja é uma de nossas prioridades e tem se desenvolvido em termos de compra, serviço e logística eficiente”, conta. 

ENERGIA SOLAR PARA A AMAZÔNIA

Uma das empreitadas mais recentes da Solfácil é uma parceria com o BNDES que vai permitir o financiamento a cerca de 1.600 projetos de energia solar em residências e empresas localizadas na região norte do país com o intuito de contribuir para a redução no uso de geradores à diesel na região. 

Para colocar a operação de pé, o banco adquiriu 95% dos 60 milhões de reais em debêntures “verdes” emitidos pela Amazônia Solar Companhia Securitizadora de Créditos Financeiros. Essa emissão viabilizou a parceria com a Solfácil, responsável por avaliar a capacidade do contratante e do contratado, além de verificar a viabilidade do sistema para o consumidor antes de aprovar o crédito.

De acordo com o BNDES, cada investimento, na ponta, deverá apresentar um custo médio de 37 mil reais e será 100% financiado. Ao todo, serão cerca de 12 MWp de capacidade instalada, equivalente ao consumo de quase sete mil famílias.

A operação é considerada um piloto e, segundo Fábio, deve começar no próximo mês. 

“É uma iniciativa que vem sendo construída há 3 anos para iniciar um processo de deslocar o diesel na Amazônia, onde esse tipo de combustível ainda é muito usado em termelétricas.” 

Nesse momento de emergência climática, com o mundo precisando reduzir drasticamente as emissões de carbono, cada iniciativa de sucesso nesse cenário é importante. 

A Solfácil diz que os projetos financiados em 2021 evitaram a emissão de 17 mil toneladas de CO2 na atmosfera, a mesma quantidade de gás carbônico que um carro popular produziria em 115 milhões de quilômetros rodados — o suficiente para dar a volta na Terra quase 3 mil vezes.

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