A população mundial caminha para atingir 10 bilhões de pessoas em 2050. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), haverá necessidade de aumentar a produção de alimentos em 50% a 70% para atender as necessidades alimentares dos 2 a 3 bilhões de pessoas que serão adicionadas à população existente. Isso pode se tornar mais preocupante se lembrarmos que existem mais de 800 milhões de pessoas que passam fome.
Infelizmente, mais de 2 bilhões de pessoas ainda sofrem de desnutrição por micronutrientes, principalmente com deficiência de zinco e ferro. Os nutrientes são essenciais no auxílio à prevenção de doenças crônicas e nanismo, no fortalecimento do nosso sistema imunológico e reprodutivo e para aprimorar nossas habilidades físicas e mentais. Eles podem até ajudar a melhorar nossa resiliência aos vírus. O zinco, por exemplo, é fundamental para aumentar a imunidade antiviral.
As deficiências nutricionais podem ser causadas por uma dieta desequilibrada, mas também por má absorção ou falta de assimilação em nosso corpo.
Se você se sentir cansado, com falta de concentração, palpitações cardíacas, estiver fraco, pálido, constipado, com queda de cabelo, sentir-se deprimido ou notar uma mudança no apetite, você está definitivamente com deficiência nutricional. Muito semelhante com o que acontece com as plantas.
Em relação às plantas, elas se alimentam de elementos minerais, principalmente nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre e alguns micronutrientes. Como as plantas extraem esses elementos do solo, boa parte deles se perdem de forma irreversível quando seus frutos, legumes e folhas servem de alimento. Torna-se fundamental devolver os nutrientes à terra se quisermos preservar sua fertilidade e manter a agricultura produtiva e sustentável.
Os solos saudáveis são de fato a primeira condição para a produção dos nossos alimentos e para a nossa qualidade de vida: fornecem nutrientes e abrigam os organismos graças aos quais os vegetais crescem – limitando as doenças e pragas – contribuem para regular a qualidade da água que consumimos, o clima local e global que toleramos – em particular armazenando duas a três vezes mais carbono do que a atmosfera.
“Solos saudáveis para um povo e um planeta saudáveis’’. Esta frase poderosa foi declarada por Sr. Qu Dongyu, Diretor-Geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em janeiro de 2022. Estamos entrando em uma era em que o ser humano percebe a riqueza do que está sob seus pés e reconhece a importância de solos saudáveis para apoiar os serviços de produção (alimentos e outros), regulação (ciclo da água, alterações climáticas, biodiversidade), apoio (infraestruturas de todos os tipos) e cultura (paisagem, tradições).
Assim como os humanos precisam de água e comida para viver, as plantas precisam de certos nutrientes básicos para viver e crescer. Quando colhemos, extraímos do solo uma quantidade considerável de cada um desses elementos. Isso resulta em empobrecimento do solo. Assim, as novas sementes que serão semeadas não se beneficiarão de nutrientes suficientes para se desenvolver. Portanto, é necessário fornecer-lhes o que precisam para crescer.
As reservas do solo, por muitas vezes, podem não ser suficientes para garantir o crescimento ideal. Para manter a fertilidade do solo e, se necessário, melhorá-lo, é essencial fornecer nutrientes a partir de fertilizantes. Para fazer frente ao desafio de alimentar 10 bilhões de pessoas, a agricultura deverá produzir através da adoção de boas práticas agronômicas. A adubação dos solos continuará necessária, seja por um mínimo essencial de fertilizantes. Assim, podemos concluir que os fertilizantes são imprescindíveis para alimentar a esperada população mundial em 2050.
De fato, existe uma correlação direta entre deficiências de nutrientes em solos e plantas e deficiências nutricionais em humanos. Felizmente, os fertilizantes minerais podem compensar isso, fornecendo nutrientes essenciais que, por sua vez, são repassados às pessoas quando consumidos. A aplicação de fertilizantes é um caminho eficaz para nutrir as plantas. Essas adubações podem ter o objetivo de aumentar o conteúdo de nutrientes na parte comestível das culturas.
Assim, cuidar da “saúde do solo” é uma ação de grande importância para a preservação da vida humana. De maneira geral, alimentos cultivados em solos férteis possuem maior quantidade de nutrientes do que aqueles cultivados em solos degradados ou inférteis. O uso de fertilizantes é uma estratégia que pode ser adotada para melhorar a qualidade nutricional dos vegetais. Assim, o fertilizante está fazendo sua contribuição em evitar o risco de faltar alimento para abastecer sua geladeira e sua despensa.
A iniciativa Nutrientes para a Vida tem em seu slogan a seguinte frase: Nutrindo as Plantas para Nutrir as Pessoas. Essa frase nos remete a entender que nosso alimento, como forma de controlar o corpo e o peso, inicia na disponibilidade dos nutrientes no solo.
A saúde de um solo é quem vai determinar a saúde das pessoas e dos animais.
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Valter Casarin é professor do Programa SolloAgro, na ESALQ/USP, coordenador geral e científico da iniciativa NPV (Nutrientes para a Vida) e sócio-diretor da Fertilità Consultoria Agronômica.
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