Vinte-vinte-e-um está aí e, embora a vacina seja já uma realidade, a pandemia de Covid-19 ainda é personagem central dos veículos de comunicação – e de nossas preocupações.
Não se sabe ainda como vai ser o retorno ao escritório. Não descobrimos se vamos nos manter neles, em trabalho remoto ou em ambientes híbridos – um pouco lá um pouco cá, a depender da nossa atividade. E como fica a gestão de pessoas num momento tão indefinido?
“O cenário para as empresas brasileiras é desafiador”, afirma Fernando Cosenza, vice-presidente de Marketing Estratégico, Inovação e Digital da Sodexo. “Há muitas incertezas. E, nessas horas, o que faz a diferença são as pessoas.”
“A pandemia acelerou uma série de práticas no mundo do trabalho. A mais óbvia delas é o trabalho remoto, de casa ou de outro lugar”, diz Fernando. Não que o home office não existisse, mas ele dependia de uma série de fatores. “Antes, as empresas e seus líderes escolhiam quem estaria remoto e podiam planejar muito bem esse contexto.”
A pandemia de Covid-19, porém, transformou esse trabalho remoto em algo obrigatório para muitas pessoas – mesmo que de forma temporária.
“As empresas aprenderam, por exemplo, que o trabalho remoto pode ser uma alternativa para mais pessoas do que imaginavam antes”, diz.
“Pode ser que ainda não seja para todos, mas certamente quebrou-se o paradigma de que ele funciona apenas em poucos casos.”
No entanto, Fernando acredita que o escritório será mais necessário do que nunca. “Esses espaços são importantes para a integração, para viver a colaboração, conviver, criar laços mais sólidos e que são fundamentais para a formação de equipes coesas que vão virar o jogo”, enumera.
“Outras atividades, aquelas nas quais o profissional trabalha sozinho, como analisar relatórios, fazer um treinamento online ou preparar uma apresentação, podem ser feitas de qualquer lugar.”
Segundo Fernando, o trabalho remoto exige competências especiais de liderança para a boa gestão de pessoas. A maioria dos gestores, no entanto, não foi preparada para liderar times a distância. “Isso é um fato com o qual as empresas vão ter que lidar”, diz o VP.
“Há gestores, aqueles com maior potencial e capacidade de adaptação, que tiraram – e vão continuar tirando – de letra, mesmo sem preparação específica para a liderança remota”, afirma Fernando.
Outros, afirma ele, não vão conseguir manter o mesmo nível de resultados. “Se considerarmos que toda empresa vai ter os dois tipos, na média, a gestão tende a perder qualidade se nada for feito.”
Para o executivo, a chave para a geração de resultados nos próximos anos consiste em saber fortalecer o trabalho em equipe nesse cenário.
“Está bastante provado que equipes engajadas na mesma cultura, alinhadas e que colaboram produzem resultados superiores”.
Para garantir isso, afirma o VP, nos últimos 20 anos as empresas vieram derrubando as paredes dos escritórios para colocar as pessoas mais juntas e incentivar o trabalho em grupo, além de desenvolver novas metodologias centradas na integração. E agora?
“Por isso, eu acredito tanto no modelo híbrido, onde os escritórios se tornam ambientes ainda mais nobres, mais estimulantes”, responde ele. “As pessoas precisarão dos escritórios para atividades de colaboração, integração, convivência. São atividades nobres no sentido de que são elas que respondem pela maior parte do engajamento com a cultura da organização, do alinhamento entre as equipes, da colaboração.”
Fernando Cosenza afirma que, diante dos desafios atuais, o centro da questão está nas pessoas que fazem parte da organização. “Quem vai tirar as organizações da crise não são máquinas, softwares ou prédios”, diz o vice-presidente.
“Quem vai fazer isso são as pessoas. As organizações sabem disso e, portanto, devem valorizar ainda mais as suas equipes”, diz.
“Eu acho que essa valorização das pessoas é a tendência mais forte na gestão para o ano de 2021.”
A tecnologia vem ajudando e vai continuar neste 2021 auxiliando na gestão de pessoas – tanto que há um tipo de startup que foca nesse campo, o das HRtechs. “São empresas que vêm buscando aplicar tecnologia para a solução de desafios da área de recursos humanos”, explica o VP.
“A Sodexo Benefícios não é uma startup, mas trouxemos a mentalidade de uma HRtech para dentro da nossa organização”, diz.
“Há 4 anos, criamos um conceito que batizamos de ‘Digital Alliance’, no qual várias áreas da empresa podem atuar em um modelo ágil. Foi nesse ambiente que surgiram algumas das nossas inovações mais recentes, como a nossa plataforma para multibenefícios flexíveis, o Sodexo Multi.”
Já para atrair e reter talentos, a empresa deve ter como foco a experiência do colaborador como um todo. “O conceito de experiência do colaborador é inspirado – obviamente – no conceito de UX”, continua Fernando.
“As organizações podem se perguntar: como é a experiência que alguém que trabalha aqui? É estimulante? É desafiante? É inspirador? É de dar orgulho? É construtivo? É divertido? É saudável? É equilibrado? É recompensador?”, diz. “Crie um ambiente assim e você não precisará se preocupar tanto com atração e retenção de talentos.”
Muito além de política pública, passou do tempo de equidade racial estar apenas na agenda de responsabilidade social de empresas no Brasil. Saiba o que grandes organizações, como a Sodexo, estão fazendo em prol dessa causa.