Pode parecer contraditório demais uma pessoa que diz amar a vida de repente se perceber pensando que seria melhor se a vida acabasse logo. Pois foi exatamente assim que Isabel Marçal sentiu-se quando, em 2013 e com uma carreira em ascensão como executiva do terceiro setor, teve uma depressão que chegou sem dar nenhum aviso prévio e a prostrou. Ela não queria sair da cama e pensou em suicídio. A mãe precisou se mudar para sua casa para ajudá-la a realizar tarefas básicas como comer e tomar banho.
Em meio a dificuldades das pessoas mais próximas – como familiares e amigos – em lidar com a situação, Bel ouvia coisas como: “Por que você teve depressão? Você é privilegiada, bem sucedida”. O quadro levou oito meses para mudar, com medicamentos, psicoterapia e muitas terapias alternativas. Bel então mergulhou em uma jornada rumo ao autoconhecimento que incluiu uma viagem para Londres, onde trabalhou em uma clínica para pessoas com esquizofrenia.
De volta ao Brasil, ainda teve que enfrentar uma recaída na depressão e outros dissabores até resolver munir-se de coragem e criar o Instituto Bem do Estar, que tem como missão conscientizar a sociedade a respeito da importância da saúde da mente. Por isso credita à depressão tanto a pior quanto a melhor coisa que aconteceu em sua vida. Foi por causa dela, afinal, que Bel aprendeu a ter um olhar mais bondoso consigo mesma.
Em um papo descontraído e honesto com a jornalista Cláudia de Castro Lima, editora do Draft, Bel conta sobre seus altos e baixos e sobre como aprendeu – ou melhor, continua aprendendo – a lidar com os conceitos de certo e errado e com a ideia de felicidade. O processo passou pelo entendimento, segundo ela, de que a vida não é binária e que o grande segredo é aprender a lidar com a expectativa. Tudo isso, Bel gosta de dizer, faz parte do exercício de se entender como um ser em construção, que não “é” algo, mas sim que “está” algo.
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