Controlar a cadeia de fornecedores é um desafio e tanto para qualquer empresa que esteja empenhada em cumprir suas metas de sustentabilidade. A Gomes da Costa encontrou um caminho interessante para chegar lá: a proximidade. Para isso, valoriza e capacita pescadores artesanais de atum e sardinha, fomentando a economia da comunidade local, garantindo assim uma matéria-prima sustentável e que respeita os trabalhadores.
“Mais de 90% do atum inteiro que utilizamos vem da pesca sustentável, ou seja, unitária, que pesca um por um, e evita matar outros peixes acidentalmente. Trabalhamos aqui com a atividade artesanal, temos ligação com embarcações menores. Nossas equipes treinadas vão para dentro dos barcos e fazem toda a orientação sobre sustentabilidade social, ambiental. Orientamos, alinhamos, buscamos certificações para eles, que são auditados”, explica Maria Eduarda Grubba, responsável pela sustentabilidade da Gomes da Costa Divisão América.
A executiva pontua que este programa faz parte do Sistema de Compra Responsável, um dos 21 objetivos de sustentabilidade traçados pela marca a serem cumpridos até 2025. No caso dos fornecedores, o time de compras faz questão de ter uma relação duradoura com cada um.
“Mostramos aos fornecedores os benefícios de trabalhar com a agenda de responsabilidade social. Temos ainda projetos de reconhecimentos deles nas esferas ambiental e social. Sabemos que isso faz a toda a diferença, pois estimula boas práticas e influencia toda a cadeia”.
PRESERVAÇÃO
A empresa trabalha com duas espécies de peixes, o atum e a sardinha. É preciso todo um cuidado para preservar estes animais – o atum já correu o risco de ser extinto em algumas regiões. Portanto, os fornecedores da Gomes da Costa devem estar atentos não apenas ao manejo da pesca como também aos seus locais. “Sabemos que o que acontece no oceano respinga em nós. Se houvesse qualquer desrespeito praticado por fornecedores, inclusive às leias trabalhistas, nós teríamos que responder. Por isso temos também um sistema de auditoria terceirizado no sistema BSCI. Desta forma, temos critérios de acompanhamento”.
O fornecedor que não estiver 100% enquadrado nas normas da empresa, é considerado “de alto risco” e é acompanhado ainda mais de perto para que possa melhorar. “Trata-se também de educação, uma responsabilidade social”.
RASTREABILIDADE
Segundo Maria Eduarda, cada vez mais os consumidores estão atentos às origens dos produtos que compram. A Gomes da Costa já conta com um mapeamento de toda sua cadeia produtiva, mas estas informações ainda não chegam ao consumidor final.
“Temos visto a preocupação e a curiosidade do consumidor. Ele quer saber de onde vem o produto que ele decide comprar – isso, aliás, acaba influenciando sua escolha de compra. Em breve lançaremos este projeto contendo todas as informações ao consumidor final, faz parte do nosso pilar de transparência”.
PRÊMIOS
Nem só de pesca vive a sustentabilidade da Gomes da Costa. No ano passado, a empresa venceu a 29ª edição do Prêmio Expressão da Ecologia, na categoria Resíduos Sólidos, com o case Programa Resíduo Zero. Este case também ganhou o Prêmio Fritz Müller, principal reconhecimento ambiental do Estado de Santa Catarina.
A iniciativa foi implementada em todo o Grupo Calvo, conglomerado espanhol que detém a marca. O objetivo é a eliminação de resíduos não perigosos para aterro, buscando a valorização de 100% destes resíduos, transformando-os em subprodutos, geração de renda ou transformação em energia. Com o sistema, a empresa alcançou em 2022 a valorização de 98,7% de resíduos não perigosos em suas unidades fabris, obtendo um resultado de 99% na unidade de produção de embalagens e 98% de valorização na unidade de alimentos. Até os subprodutos de pescado foram aproveitados para fazer farinha de peixe e óleo de peixe de alta qualidade.
Maria Eduarda lembra que a agenda de sustentabilidade da empresa começou em 2019, portanto ainda é recente, e mesmo assim já tem resultados animadores. “Podemos dizer que já estamos no sprint final do nosso plano”, finaliza.
O bagaço de malte e a borra do café são mais valiosos do que você imagina. A cientista de alimentos Natasha Pádua fundou com o marido a Upcycling Solutions, consultoria dedicada a descobrir como transformar resíduos em novos produtos.
O descarte incorreto de redes de pesca ameaça a vida marinha. Cofundada pela oceanógrafa Beatriz Mattiuzzo, a Marulho mobiliza redeiras e costureiras caiçaras para converter esse resíduo de nylon em sacolas, fruteiras e outros produtos.
Aos 16, Fernanda Stefani ficou impactada por uma reportagem sobre biopirataria. Hoje, ela lidera a 100% Amazonia, que transforma ativos produzidos por comunidades tradicionais em matéria-prima para as indústrias alimentícia e de cosméticos.