Nos últimos anos, a insegurança alimentar é um problema que tem atingido cada vez mais brasileiros: em 2022, segundo dados do Vigisan, 33,1 milhões de pessoas estavam em situação de fome no país. Com o objetivo de desenvolver uma plataforma que ajude a impulsionar o combate à fome e a redução do desperdício de alimentos no Brasil, o Pacto Contra Fome participou da última edição do CESAR Summer Job, que foi concluída em fevereiro de 2023.
“Este será o primeiro produto digital do Pacto Contra a Fome e enxergamos na CESAR School uma grande parceria para desenhar a primeira versão desse hub de iniciativas”, conta Maria Renata Siqueira, diretora de operações da instituição sem fins lucrativos.
Da CESAR School veio então a proposta de conciliar a construção de uma solução para esse desafio social com o aprendizado de estudantes e a agilidade característica do CESAR Summer Job. Assim, ao longo de seis semanas, um time formado por quatro estudantes de graduação de diferentes cursos, com acompanhamento de mentores do CESAR, desenvolveu uma solução prototipada e validada junto ao Pacto Contra a Fome.
A experiência da instituição faz parte de uma jornada de inovação aberta consolidada que acontece desde 2012, quando o programa do CESAR teve sua primeira edição. Mais de 600 estudantes universitários passaram por esse processo de experimentação rápida, que os conecta a empresas patrocinadoras e seus desafios estratégicos. Até hoje, 56 organizações já patrocinaram o programa.
Leia mais sobre a história do CESAR Summer Job.
A edição de 2023 do CESAR Summer Job aconteceu entre os meses de janeiro e fevereiro em Recife e, pela primeira vez, em Brasília, em parceria com o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). Além de marcar o retorno ao presencial, já que as últimas edições aconteceram remotamente, a divisão dos times e desafios em duas sedes ajuda a ampliar o intercâmbio regional que já faz parte do DNA do programa.
“É algo que queremos manter para as próximas edições: fazer com que esses estudantes, que já vem de diversas partes do Brasil, desenvolvam esses desafios em diferentes regiões, porque essa troca de regionalidades amplia o nosso potencial de inovação. A pluralidade é um coeficiente de valor para o programa”, diz Henrique Almeida, coordenador de projetos do CESAR.
Além da construção de times com um amplo repertório, a partir de uma seleção de participantes atenta a multidisciplinaridade e diversidade, os desafios apresentados pelas organizações também são plurais. Combate a fake news, cidades inteligentes, biotecnologia, educação e biodiversidade foram algumas das temáticas relacionadas aos problemas levantados pelas empresas ao longo das seis semanas.
Henrique explica que os desafios apresentam aos estudantes questões muito voltadas para tecnologias, alinhadas às necessidades reais das empresas:
“O CESAR Summer Job é um simulacro do que é o mercado hoje e aproxima os estudantes dessa vivência, é uma grande ponte, de um pioneirismo muito salutar”.
Nesta edição, um diferencial foi o foco mais expressivo em desafios de ESG (governança ambiental, social e corporativa). Segundo Davi Feques, gerente de produto do IDP, é um reflexo da nossa vivência no pós pandemia, e de um olhar mais atento das organizações para questões sociais e impactos socioambientais. Para ele, é essencial que estudantes que estão se formando agora pensem em soluções que atendam a todas as questões que o tema de ESG traz para as empresas.
Nas turmas que rodaram em Brasília, no IDP, foram trabalhados desafios como o do Grupo Bom Jesus, que levou aos estudantes a proposta de construir uma solução que garanta a aderência das propriedades rurais em diretrizes de ESG. Diante da perspectiva de crescimento global na produção de alimentos para os próximos anos, o grupo (que possui atividades nas áreas de transporte, comercialização de grãos e insumos e pecuária) entende que toda a cadeia de suprimentos precisa estar alinhada em relação a ESG.
Davi lembra que toda empresa tem desafios estratégicos, mas que nem todos podem ser resolvidos internamente, o que leva à busca por processos de inovação aberta.
“E o CESAR Summer Job cai como uma luva, porque o programa vai entregar esses desafios para alunos que têm interesse e habilidades para de fato desenvolver uma solução, com a ajuda de mentores especialistas. Deixa-se o desafio nas mãos de talentos universitários que vão trazer uma ideia inovadora e com valor, em pouco tempo”, diz.
O desafio proposto pelo Pacto Contra a Fome foi a criação de um hub de iniciativas capaz de fazer conexões entre instituições diversas que atuam contra a fome e o desperdício de alimentos. Maria Renata explica que, hoje, essas iniciativas não dialogam e, assim, não propõem caminhos conjuntos para resolver o grande desafio que é a insegurança alimentar no Brasil:
“Por isso, nosso objetivo é dar visibilidade para todas essas iniciativas que acontecem no território brasileiro e então gerar possibilidade de conexões entre pessoas e projetos. Queremos então criar um grande espaço de dados sobre como o Brasil atua no combate à fome, para que isso possa ser um insumo estratégico para os setores público e privado”.
No programa do CESAR, as empresas trazem os desafios e os estudantes selecionados são alocados nos times de acordo com a formação. O objetivo central é acelerar o processo de inovação de cada uma das empresas patrocinadoras durante as seis semanas previstas. Mentores de diferentes áreas, como design, tecnologia, negócios e gestão, têm agendas diárias com os estudantes, que trabalham integralmente no período, que é de férias escolares, para desenvolver as soluções – tudo custeado por bolsas do programa.
Uma vez por semana, geralmente às sextas-feiras, os times fazem uma reunião de alinhamento com o cliente, em que apresentam o que foi construído ao longo da semana e discutem ajustes e próximas entregas.
“É uma jornada muito orgânica, muito viva, e que caminha muito para a inovação aberta. A agenda de encontros e de entregas pontuais é voltada para qualidade, não para quantidade. E os estudantes têm esse contato direto e frequente com o cliente, além de estarem ali diariamente, sempre acompanhados, o que torna o processo mais assertivo e de construção plural”, diz Henrique.
Semana a semana, o time de estudantes selecionado para trabalhar com o Pacto Contra a Fome fazia entregas parciais para a instituição, além de interações intermediárias no dia a dia. Ao final da jornada, foi apresentado um protótipo – ainda não funcional – e uma primeira versão da solução: uma plataforma web que permite o cadastro de iniciativas de organizações privadas, públicas e do terceiro setor, com espaços para compartilhamento de desafios e oportunidades sobre o combate à insegurança alimentar.
Maria Renata conta que, agora, todo o conhecimento que foi gerado nesse processo será usado para uma segunda etapa, de desenvolvimento de uma versão da plataforma que poderá ser lançada já em abril deste ano.
Rápido Sumaré: Com o objetivo de ampliar a segurança e a eficácia no ramo de transporte de passageiros, como ter um sistema eficiente de comunicação e controle das horas trabalhadas dos funcionários da empresa?
Grupo Bom Jesus: Diante da importância do agronegócio para a economia brasileira e da perspectiva de crescimento global na produção de alimentos, toda a cadeia de suprimentos precisa estar alinhada com as diretrizes de ESG. Como garantir a aderência das propriedades rurais em diretrizes ESG e dar visibilidade aos stakeholders?
Softplan: A transformação digital já é realidade em algumas esferas do governo brasileiro, mas a esfera municipal é onde mais carece de esforços para otimizar processos e recursos por meio da tecnologia. Como a população, por meio do uso da tecnologia, pode auxiliar na identificação de demandas de manutenção da infraestrutura para a Prefeitura?
ABDI: Casos de uso, especialmente em Cidades Inteligentes, devem aparecer para que se justifique o investimento das operadoras em 5G, a próxima geração de rede móvel. Quais casos de uso podem ser desenvolvidos, com modelos de negócios rentáveis, utilizando as redes 5G para que possam melhorar os serviços das Cidades Inteligentes, especialmente na área de segurança pública e mobilidade urbana?
Metrópoles: O jornalismo passa por uma revolução desde que as redes sociais se multiplicaram e mudaram a forma como as pessoas se relacionam com a informação. Como monetizar o conteúdo do Metrópoles, especialmente nas redes sociais, à altura do esforço e custo de produção, tornando essa monetização mais eficiente e rentável?
Terracap: Quais tecnologias podem ser adotadas para simplificar o processo e otimizar o tempo de gerenciamento e recuperação de créditos da carteira imobiliária da Terracap?
Parque Tecnológico de Brasília – Biotic: Denominado de Distrito de Inovação, o Parque amplia os seus usos para se tornar um bairro multifuncional, mais integrado à malha urbana e à natureza ao seu redor. Quais incentivos e mecanismos legais, financeiros e tecnológicos podem ser utilizados para atrair empresas, empreendedores e universidades para o Distrito de Inovação Biotic?
Pacto contra Fome: Como trazer visibilidade e conectar, em escala nacional e multissetorial, iniciativas de combate à fome e/ou redução de desperdício?
Hospital Alemão Oswaldo Cruz: A higienização das mãos está diretamente relacionada com as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS). Como otimizar a coleta de dados referente a higienização das mãos antes de realizar procedimentos hospitalares?
CESAR School: Diante da dificuldade na criação e atualização de matrizes curriculares que estejam atualizadas, como as instituições de ensino podem construir e atualizar jornadas formativas que atendam as demandas do mercado de trabalho?
CESAR School: Como construir uma experiência de aprendizagem emocionalmente significativa para estudantes e educadores, considerando o Novo Ensino Médio, proposto na BNCC, e seus itinerários formativos?