Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…
AMBIENT COMPUTING
O que acham que é: Ambientes decorados com uso de tecnologia.
O que realmente é: Ambient Computing é o entrelaçamento do cotidiano ao que há de impalpável nas novas tecnologias ou, ainda, o efeito dessas tecnologias na subjetividade humana. Se essas definições lhe soam abstratas demais, você está no caminho certo para entender o conceito.
A concretude por trás de toda essa abstração está na combinação de tecnologias como Inteligência Artificial, Machine Learning, Computação em Nuvem e Internet das Coisas (IoT). Pense em uma pessoa que não tira seu smartwatch do pulso, que tenha as luzes e o som de sua casa ligados assim que coloca a digital ou a íris no detector da porta de entrada, encontre o chão limpo algumas horas antes por um aspirador de pó robô e entabule uma conversa com um assistente de voz como a Alexa.
Para expandir um pouco mais o Ambient Computing basta imaginar que a pessoa acima se locomove em um carro autônomo e mora em uma smart city. O escopo do “ambient” se amplia à medida em que as tecnologias evoluem e se sofisticam, o que, por sua vez, impacta a forma como as sentimos e as utilizamos.
Para Vinicius Soares, professor do MBA em Inteligência Artificial da FIAP e fundador da empresa Mais a.i. e do site AiNews Network, Ambient Computing é uma nova forma de olhar para o conceito de “computação ubíqua”, que se refere à onipresença dos sistemas computacionais. “Na prática, pouco importa onde o computador está, nós podemos inclusive nem perceber sua presença, apenas sentir os efeitos gerados pelas suas tomadas de decisão”, diz.
Embora as tecnologias aqui citadas já existam, falta a velocidade de internet prometida pelo 5G. Além disso, os dispositivos não são baratos e a maioria das pessoas ainda usa internet no celular e no computador. Segundo Vanessa Mathias, futurista e cofundadora da consultoria White Rabbit, nossa interação com o mundo digital ainda é muito dependente dessas interfaces:
“Hoje, nossa comunicação se dá basicamente através de telas. Mas com o avanço das tecnologias, os ambientes, ruas e cidades vão estar repletos de sensores poderosos e de inteligência artificial com capacidade de nos entender através da voz e de gestos, dados biométricos e imagens”, afirma a futurista. “O Ambient Computing vai tornar nossa interação com a tecnologia quase invisível.”
Quem inventou: O termo Ambient Computing é uma derivação de Ambient Intelligence (ambientes eletrônicos sensíveis e responsivos à presença de pessoas), cunhado pelo empreendedor e venture capitalist norte-americano Eli Zelkha e seu time.
Quando foi inventado: Em 1998.
Para que serve: O Ambient Computing pode ser considerado uma experiência de prazer para o usuário que tem a impressão de ter muitas de suas necessidades sendo resolvidas sozinhas, de forma ágil e com menor chance de erro.
O exemplo possível dentro dessa ideia é dado por Vanessa Mathias. Ela descreve um cenário de uma pessoa que está saindo do trabalho e veste uma camisa com um monitor cardíaco embutido. “O monitor transmite os dados para o cardiologista, que envia a receita do remédio para o farmacêutico. Enquanto isso, o GPS da pessoa redireciona seu carro autônomo para a farmácia, onde o pagamento é realizado através de um smartphone”, conta. “Pode ser que o smart assistant, ao receber a avaliação médica, realize compras de alimentos mais saudáveis, que serão entregues na casa da pessoa por um drone autônomo.”
Efeitos colaterais: Por ser incipiente, ainda não é possível avaliar os pontos negativos do Ambient Computing na subjetividade das pessoas. Mas há uma uma questão importante correlacionada: a privacidade dos dados.
Soares diz que, enquanto a ideia é a quase invisibilidade dos sistemas computacionais, eles estão ali, observando e monitorando o que as pessoas fazem, falam e como se comportam. “O potencial para extrair e catalogar dados sobre nossas rotinas e personalidades é um ponto de preocupação significativo”, diz.
Para Mathias, é uma questão garantir que as empresas provedoras desse tipo de serviço usem nossos dados de forma responsável, sem vendê-los para terceiros. “Essa discussão tem se tornado mais comum entre o público geral e muitos governos estão criando regulações mais rigorosas a respeito do uso de dados, como a Lei Geral de Proteção de Dados adotada no Brasil recentemente.”
Para saber mais:
1) Leia, no Venture Beat, AI-powered ambient computing is just getting started.
2) Leia, no Computerworld, Ambient computing is in the air.
Alvo de críticas do governo por conta da política monetária, o Banco Central vem desenvolvendo o Real Digital, moeda eletrônica que deve entrar em breve em fase de testes e mudará a forma como você usa dinheiro no país. Entenda.