Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…
BLENDED FINANCE
O que acham que é: Um nome de uma bebida.
O que realmente é: Blended Finance (financiamento misto, em tradução livre) é um modelo (e também uma estratégia) que combina recursos financeiros advindos de diferentes tipos de capitais — públicos, privados, filantrópicos — com o objetivo comum de estimular o investimento em projetos sustentáveis em países em desenvolvimento. Por esse motivo, é utilizado para alcançar as metas dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).
A saber: adotados em uma histórica cúpula da ONU com líderes mundiais em setembro de 2015 (e em vigor desde janeiro de 2016), os ODS (há 17 pontos) fazem parte da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, uma mobilização de esforços para combater a pobreza, as desigualdades e as mudanças climáticas. De lá para cá, segundo o Report de 2019, houve diminuição considerável da pobreza extrema, queda da taxa de mortalidade de menores de 5 anos, milhões de vidas foram salvas graças à imunização e a grande maioria da população mundial passou a ter acesso à eletricidade.
Segundo o relatório Better Business, Better World, lançado pela Comissão de Desenvolvimento Empresarial e Sustentável, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, ano passado, os investidores do setor privado podem se beneficiar do Blended Finance para ter acesso a mercados em rápido crescimento nos países em desenvolvimento.
Para Sergio Gramcianinov, professor do curso de Economia da Escola Superior de Administração e Gestão Strong (STRONG ESAGS), o Blended Finance é peculiar ao usar recursos públicos e privados, para a filantropia. “São pessoas jurídicas disponibilizando recursos para fins sociais, com foco em projetos de pequeno porte em locais do mundo que, geralmente, têm e restrições a crédito”, diz.
Como funciona: O Blended Finance pode contar com diferentes ferramentas a seu favor. De acordo com Anapaula Iacovino, professora do curso de Economia da FAAP (Faculdade Armando Álvares Penteado), os investimentos públicos podem ter certas subvenções ou subsídio. “Nos privados, pode haver empréstimos com juros combinados de maneira especial, com prazo maior.”
Vantagens: O modelo apresenta uma redução do risco em relação ao retorno, já que com vários investidores, as possíveis perdas ficam pulverizadas.
A mistura de diferentes fontes, segundo Iacovino, potencializa, acelera os fluxos de capital e faz com que os ganhos sejam em escala. “ Como esses locais têm que voltar o pouco capital que têm para diversas e urgentes questões, esse pode ser um caminho para que haja investimento na área de sustentabilidade e, ao mesmo tempo, gerar lucro para as empresas investidoras.”
Desvantagens: Múltiplos “bolsos” investindo também significa múltiplas cabeças tendo de alinhar objetivos e interesses, o que pode dificultar a tomada de decisões. Esse é um ponto, de acordo com Iacovino, que tende a levar à vulnerabilidade do modelo. “Outra coisa que pode acontecer é, depois de topar o projeto, haver alguma mudança e, em um segundo momento, os stakeholders já não terem o mesmo compromisso, o que dificulta a continuidade do processo.”
Ponto crítico: Influência negativa da conjuntura política,social, econômica, jurídica de um país ou região em desenvolvimento. Embora a maioria dos investidores de Blended Finance tenham consciência desse tipo de cenário, o grau desses fatores pode interferir em seu interesse na transação.
Para saber mais:
1) Leia, no The Guardian, ‘Blended’ finance is key to achieving global sustainability goals, says report.
2) Leia, na Forbes, ‘Blended Finance’ — Lipstick On The Public-Private Partnership Pig?