Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…
BIM
O que acham que é: Acrônimo de Business Information Manager (pode ser também).
O que realmente é: Building Information Modeling (BIM), ou Modelagem da Informação da Construção, é, simplificando, o projeto de construção digital em 3D de obras de engenharia. O BIM não é um software, mas um conceito de virtualização usado na construção civil no qual o planejamento torna-se o mais próximo da obra concreta, evidenciando erros e inconformidades.
Usando detalhe mais técnicos, porém importantes e compreensíveis, Marcelo de Paula Ferreira, coordenador do curso superior tecnológico de Controle de Obras, da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Tatuapé diz que, no BIM, desenhos com elementos geométricos bidimensionais (como segmentos de reta, arcos, circunferências etc.) evoluem para elementos construtivos tridimensionais (como paredes, pilares, vigas, lajes, portas, janelas etc.). “O conceito permite, por exemplo, alterar características como dimensões, material construtivo e cor de um objeto como um telhado.”
Outro ponto, segundo Luciano Soares, professor de Engenharia da Computação do Insper, é que no BIM os diversos documentos e informações de uma obra são organizados e compartilhados. “Dessa forma, um arquiteto pode criar uma edificação, o engenheiro fazer todos os cálculos necessários e dar acesso à empresa de construção, todos usando a mesma base de dados”, afirma.
Origem do conceito: Como tudo em tecnologia, há um percurso evolutivo na criação do BIM.
Em 1974, o pesquisador e acadêmico das áreas de computação e engenharia Charles M. Eastman e sua equipe do Instituto de Tecnologia da Georgia criaram o chamado Building Description System (BDS), para mostrar que a descrição de um edifício baseada em computador poderia replicar ou melhorar os pontos fortes de desenhos como um meio para a elaboração de projeto, construção e operação e eliminar a maioria de suas fraquezas.
A partir daí, em 1992, Ferreira conta que G.A. van Nederveen e F.P. Tolman publicaram um artigo sobre o tema no qual aparecia, pela primeira vez, a expressão Modeling Building Information. “O conceito evoluiu e tornou-se o “Building Information Modeling” conhecido hoje.”
Para que serve: O ponto central, como já dito, é que o projeto torna-se muito mais próximo da obra real, representando o mais fiel possível, digitalmente e em três dimensões a construção.
Ferreira diz que a partir do modelo tridimensional do edifício há ainda benefícios como a possibilidade da fácil extração de dados quantitativos (quantidades de materiais construtivos e elementos da construção) e desenhos bidimensionais (plantas, cortes, fachadas). “É possível, ainda, agilizar a atualização do modelo digital e compatibilizar projetos de diferentes disciplinas como arquitetura, cálculo de estrutura, sistemas elétricos, sistemas hidráulicos e outros.”
Para Soares, o BIM torna o processo de construção civil mais integrado e, consequentemente, com menos riscos de falhas na execução do projeto. “Podemos, por exemplo, criar e ver um prédio em realidade virtual antes de começar sua construção, o que guiará, posteriormente, sua construção de fato”, afirma.
Quem usa: Provavelmente o projeto de BIM mais famoso é o de revitalização da estrutura e arredores da Torre Eiffel, em Paris.
O anúncio do projeto foi feito ano passado e a finalização da obra está prevista para 2024, ano em que a França sediará as Olimpíadas. Há um site só para isso: o BIM World Paris.
Efeitos colaterais: Necessidade de computadores bastante potentes que suportem o processamento de dados e valor alto são alguns pontos negativos do conceito BIM.
Ferreira aponta ainda a possibilidade de que haja incompatibilidade de formatos de arquivos gerados. “Isso pode ocorrer por causa da implementações de softwares de diferentes fabricantes ou mantenedores.”
Segundo Soares, trabalhar com modelos 3D tem um custo inicial maior. “Contudo, é possível evitar potenciais problemas que teriam custo para resolução e não seriam encontrados com estratégias tradicionais.”
Para saber mais:
1) Leia (e ouça, se quiser) no engineering.com, um texto sobre o projeto de renovação da Torre Eiffel e seus arredores.
2) Assista, no YouTube, ao vídeo (introdutório) What is BIM? Understand Building Information Modeling. É curtinho, não chega a três minutos.