• LOGO_DRAFTERS_NEGATIVO
  • VBT_LOGO_NEGATIVO
  • Logo

Verbete Draft: o que é Consumerismo

Isabela Mena - 5 ago 2015
Consumerismo é ter consciência do que você está consumindo (imagem: reprodução internet/The Better Plan).
Isabela Mena - 5 ago 2015
COMPARTILHAR

Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

CONSUMERISMO

O que acham que é: Sinônimo de consumismo.

O que realmente é: De acordo com Samy Dana, professor de finanças da Faculdade Getúlio Vargas (FGV), é uma linha de pensamento que diz respeito a consumo consciente. “Há várias esferas e é bem abrangente. Vai desde o sujeito que não quer consumir além do que necessita para combater o consumo excessivo até pessoas que tentam reciclar mais ou compram só de empresas responsáveis e que tenham selos como, por exemplo, o que garante a não discriminação de salários entre homens e mulheres. Também se aplica a fundos de investimento que são tratados como verdes e não investem em ações de empresas de bebida alcoólica ou tabaco e que preferem empresas que são ecologicamente responsáveis”, diz. No site do Ministério do Meio Ambiente, consumo consciente é definido como “uma contribuição voluntária, cotidiana e solidária para garantir a sustentabilidade da vida no planeta”. O texto foca no consumidor consciente, “aquele que leva em conta, ao escolher os produtos que compra, o meio ambiente, a saúde humana e animal, as relações justas de trabalho, além de questões como preço e marca”, entre outras definições.

Quem inventou: O Manual de Educação para o Consumo Sustentável do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) diz que o consumerismo é inerente à sociedade e surge como reação à situação de desigualdade entre produtores e consumidores dando origem ao Direito do Consumidor, disciplina jurídica que estuda as relações de consumo e corrige essas desigualdades. “A Constituição Brasileira de 1988 estabelece que ‘o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor’, e abriu caminho para a criação do Código de Defesa do Consumidor, em 11 de setembro de 1990”, diz o texto do Manual.

Quando foi inventado: O termo em inglês ethical consumerism (cujas variantes são ethical consumption, ethical purchasing, moral purchasing, ethical sourcing, ethical shopping, green consumerism) hoje é usado genericamente mas foi popularizado na Inglaterra, partir de 1989, com o lançamento da revista Ethical Consumer cujo lema é “Descubra a verdade por trás dos produtos que compramos e das empresas das quais compramos os produtos”. Samy Dana diz que é muito difícil saber a origem do consumerismo porque a preocupação com o meio ambiente é mundial. “Nos Estados Unidos há uma vertente muito grande endereçando problemas desse tipo”, diz.

Para que serve: Samy Dana diz que o consumersimo serve para que se obtenha otimização de recursos, evitar o desperdício, proteger o meio ambiente e até a saúde das pessoas. “Se você come alimentos mais saudáveis, tende a ter uma saúde melhor. O consumo consciente visa o desenvolvimento do individuo, das empresas e do poder público.”

Quem usa: Indivíduos, empresas e governos, por meio de leis que facilitem empresas a adotarem práticas mais responsáveis. “No Brasil isso ainda é pequeno. Há poucos incentivos para que as pessoas coloquem matriz de luz solar em casa, por exemplo, e os benefícios só são colhidos a longo prazo. Nos Estados únicos isso é bem maior”, afirma Dana. Ele também cita os aplicativos de compartilhamento de automóvel. “Não deixam de ser um tipo de consumo consciente”, diz o professor da FGV. O site do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, que é uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse público), diz que o apoio governamental no Brasil à inovação necessária ao crescimento econômico sustentável acontece principalmente através de mecanismos de renúncia fiscal (Lei do Bem), financiamento reembolsável (BNDES, Finep) e financiamento não reembolsável, mas ainda é limitado. Diz, ainda, que “nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a gestão empresarial orientada para a inovação tem oferecido grande contribuição e os financiamentos de atividades de pesquisa e desenvolvimento são, em sua maior parte, realizados por empresas (64,5% em 2008)”. A organização Sistema B, por sua vez, reúne e certifica as empresas que priorizam seu impacto social e ecológico em vez de apenas o lucro.

Efeitos colaterais: Um dos efeitos colaterais de uma hipotética conversão em massa para esse raciocínio e modo de consumir seria, ao menos num primeiro momento, uma desaceleração da economia. “Pode-se ter menos renda econômica e menos geração de empregos porque as pessoas consomem menos e o faturamento das empresas se reduz. A pessoa que compra roupa todo dia movimenta mais economia do que aquela que compra só quando realmente precisa”, diz Dana.

Quem é contra: Segundo o professor de finanças da FGV, empresas que visam o consumismo puro e que nada teriam a ganhar com o consumerismo. “São contra também pessoas que têm muito prazer consumir e priorizam a sensação de felicidade que advém desse comportamento em detrimento de um ambiente mais saudável para a sociedade”, diz Dana.

Para saber mais:
1) Leia, no site do Instituto Akatu, ONG que trabalha pela conscientização e mobilização da sociedade para o consumo consciente, os 12 princípios do consumo consciente.
2) Assista ao TEDx Ethical consumerism and the power of having a choice/voice, de Jason Garman, que trabalhou durante oito anos na Oxfam da Nova Zelândia.
3) Assista ao vídeo Ethics of Consumption, em que o filósofo esloveno Slavoj Zizek argumenta explica porque acredita que consumo ético não é uma solução para os problemas globais.

Screen Shot 2015-08-05 at 5.11.58 PM

COMPARTILHAR

Confira Também: