Verbete Draft: o que é e-waste

Isabela Mena - 18 abr 2018
O lixo eletrônico, como as placas acimas, gerado pelo descarte de equipamentos obsoletos ou quebrados, pode se transformar em novos produtos e gerar renda (Imagem: Pexels/Reprodução).
Isabela Mena - 18 abr 2018
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Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

E-WASTE

O que acham que é: O nome dado aos e-mails que são deletados.

O que realmente é: Eletronic Waste, ou somente e-waste (em português, Lixo Eletrônico) é o termo utilizado para descrever equipamentos eletrônicos (computadores, aparelhos celulares, tablets, televisores etc.) que foram descartados por estarem quebrados ou terem se tornado obsoletos.

Grande parte das pessoas que utiliza tecnologia colabora com o e-waste mesmo que desconheça a palavra, suas dimensões e consequências. De acordo com o relatório internacional Global E-waste Monitor 2017, parceria entre a Universidade das Nações Unidas (UNU), a União Internacional das Telecomunicações (UIT) e a Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA – International Solid Waste Association), o Brasil foi o segundo país que mais gerou Lixo Eletrônico em 2016: 1,5 milhão de toneladas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, com 6,3 milhões de toneladas. No mundo, no mesmo ano, foram gerados 44,7 milhões de toneladas de e-waste.

Isso acontece, principalmente, por dois fatores: a Exponencialidade (velocidade ultra acelerada com que as tecnologias têm evoluído nas últimas décadas e o efeito que causam na sociedade) e a Obsolescência Programada (estratégia de indução ao consumo por meio da qual fabricantes produzem itens com vida útil pré-determinada e em que a inutilidade ou impossibilidade de atualização depois de um certo período de tempo não é ocasional e, sim, prevista). O consumo desenfreado dos últimos modelos de smarts (TV, celular, relógio etc.) não está fora dessa. A estatística do estudo é de que, se o ritmo não diminuir, a produção de e-waste poderá chegar a 52,2 milhões de toneladas em 2021.

O Lixo Eletrônico pode, no entanto, ser reciclado — e não é pouca coisa que sairia dali. O Global E-waste Monitor 2017 apurou que, entre outros materiais de valor, pode haver ouro, prata, cobre e platina nesse descarte. Estima-se que foram perdidos 55 bilhões de dólares no ano do estudo pelo não aproveitamento deste lixo. Apesar de essa ser uma tarefa complexa e que exige alta capacitação, existem processos mais simples para o reaproveitamento de algumas partes das sucatas que podem dar vida nova a aparelhos quebrados e, ainda, ser usadas na construção de novos produtos.

Quem inventou: Não há. O Lixo Eletrônico é uma consequência do advento dos produtos eletrônicos (como televisão e rádio) e, posteriormente, tecnológicos. Esses últimos, por serem cada vez mais “descartáveis”, fazem com que o e-waste se torne um problema cada vez maior.

Quando foi inventado: Não há uma data exata.

Segundo Eduardo Endo, diretor acadêmico dos MBAs da FIAP, a questão do e-waste passou a ser mais debatida nos últimos tempos tanto em função do crescimento exponencial desse tipo de lixo como por causa de organizações de proteção à natureza. “Elas começaram a fazer pressão nos fabricantes e no governo para que regulamentações sobre o descarte e a reutilização deste tipo de lixo fossem criadas”, diz.

Para que serve: Para reciclagem.

A reutilização, que envolve a desmontagem completa dos aparelhos para retirada de partes como os metais já citados, só pode ser feita por profissionais. “Normalmente dentro dos equipamento existem muitos componentes nocivos ao ser humano tais como arsênico, berílio, bário etc”, afirma Endo. Peças inteiras retiradas de aparelhos obsoletos podem ser reutilizadas para consertar ou, ainda, montar aparelhos novos.

Quem usa: O Lixo Eletrônico é multiuso e pode até ser o core de um negócio. Há também projetos e ONGs com foco social que o utilizam.

A empresa Descarte Certo recolhe o descarte eletroeletrônico de empresas, desmonta, separa o material e revende por categoria (o ferro, por exemplo, pode ser reaproveitado na fabricação de pregos e parafusos).

O Sebrae oferece o curso Reciclagem de Lixo Eletrônico, com foco em reciclagem de celulares, placas de circuito impresso e computadores. A instituição avisa que para atuar no segmento é preciso obter a autorização de órgãos ligados ao meio ambiente, como o IBAMA.

O projeto Notes Solidários, da brasileira Buh D’Angelo, empreendedora especializada em eletrônica, automação industrial, manutenção, TI e robótica e fundadora do InfoPreta, reabilita notebooks descartados para doá-los a estudantes mulheres em situação de vulnerabilidade social.

A Etec (Escola Técnica Estadual) Antônio Devisate, em Marília (SP) tem um programa chamado ReciclaEtec, que reaproveita o Lixo Eletrônico para fazer computadores reciclados.

Tratando-se de exemplos internacionais, o americano Eric Lundgren, ex-CEO de uma empresa de reciclagem e reutilização de eletrônicos, tem dois feitos. O primeiro, a criação, com 88% de peças de reuso, de um carro eletrônico que bateu o Tesla em velocidade. A ideia de Lundgren era chamar a atenção da indústria de eletroeletrônicos para a questão da reciclagem. Seu segundo feito foi a restauração de discos para que computadores durassem mais. Ele foi processado pela Microsoft, perdeu em primeira instância e, apesar do processo estar em fase de apelação, deixou o cargo de CEO de sua empresa.

Efeitos colaterais: Riscos para a saúde dos funcionários que desmontam, sem cuidados especiais, aparelhos para a reciclagem, já que há componentes nocivos e riscos para o meio ambiente e para a população que vive perto de lixões nos quais há descarte de Lixo Eletrônico misturado ao lixo comum.

Segundo Fábio Henrique Zanella Moura, professor de Informática da Etec Antonio Devisate, de Marília, e coordenador do projeto ReciclaEtec, os equipamentos contêm inúmeros elementos poluentes responsáveis pela contaminação do solo. “Eles podem causar prejuízos à saúde, à agricultura e aos lençóis de água.”

Quem é contra: “Em geral, empresas que fabricam matérias eletrônicos, indústrias de computadores e também importadores de produtos”, diz Moura.

Para saber mais:
1) Leia, no The Washington Post, Eric Lundgren, ‘e-waste’ recycling innovator, faces prison for trying to extend life span of PCs. O texto conta a história da tentativa de reciclagem de discos de computadores pelo empresário Eric Lundgren.
2) Leia, no eCycle, Entenda os processos por trás da reciclagem de equipamentos eletrônicos. O texto fala sobre os materiais e as etapas da reciclagem em detalhes.

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