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Verbete Draft: o que é Estratégia do Oceano Azul

Isabela Mena - 16 set 2015
Para alguns, a estratégia do Oceano Azul é utópica. Especialistas dizem que o conceito pode, ao menos, ser usado pra repensar o negócio (Imagem: Reprodução Internet)
Isabela Mena - 16 set 2015
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Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

 

ESTRATÉGIA DO OCEANO AZUL 

O que acham que é: Livro sobre biologia marinha.

O que realmente é: É um conceito de negócios, apresentado em um livro de mesmo nome, que diz que a melhor forma de superar a concorrência é parar de tentar superá-la, ou seja, buscar mercados ainda não explorados, chamados pelos autores do conceito de “oceano azul”.

Na metáfora marítima, o oceano azul é um local em que se pode nadar livremente enquanto os mercados já saturados são o “oceano vermelho” em decorrência do sangue derramado nas batalhas entre os concorrentes.

Já a palavra estratégia tem relação com os modelos analíticos e as ferramentas apresentados no livro, assim como os seis princípios do oceano azul: reconstruir barreiras no mercado, concentrar-se no panorama geral, ir além da demanda existente, formular a estratégia na sequência adequada, superar os obstáculos organizacionais e orientar a execução estratégica.

“É um conceito que foca na inovação do modelo de negócio e sua principal ferramenta é a curva de valor. É um tanto idealizado e segui-lo à risca pode ser frustrante porque a maioria das empresas não consegue encontrar um oceano azul, isso é uma exceção mas a essência do conceito ajuda as empresas a se repensarem, a tentarem inovar na sua curva de valor e isso é muito positivo”, diz Marcelo Pereira Binder, consultor e professor de estratégia da FGV- EAESP.

Ele conta que o livro esteve na moda por pelo menos cinco anos – este ano faz 10 anos de seu lançamento – e que apesar de já não ser mais tão falado, é um conceito que tem seu valor. “Faz refletir e pode levar para uma disrupção”, diz.

Quem inventou: A norte-americana Renée Mauborgne e o coreano W. Chan Kim, ambos acadêmicos da INSEAD – The Business School for the World, a segunda maior escola de business do mundo. Mauborgne é distinguished fellow e professora de estratégia da INSEAD, além de co-diretora do Blue Ocean Strategy Institute. É ainda membro do Fórum Econômico Mundial e do Board of Advisors on Historically Black Colleges and Universities (HBCUs), do presidente Barack Obama.

Chan Kim é co-diretor do Blue Ocean Strategy Institute e professor de estratégia e gestão internacional da cadeira Boston Consulting Group Bruce D. Henderson na INSEAD. Foi membro e conselheiro de inúmeras corporações multinacionais na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia e atualmente é membro conselheiro da União Europeia e do Fórum Econômico Mundial.

Quando foi inventado:

O livro, cujo título e subtítulo originais são Blue Ocean Strategy – How to Create Uncontested Market Space and Make the Competition Irrelevant (é comum ver a sigla BOS) foi lançado em 2005. É o resultado de dez anos de pesquisas dos autores em 150 empresas de 30 setores diferentes. Já vendeu 3,5 milhões de cópias e foi publicado em 43 idiomas no mundo todo.

No Brasil, o livro foi publicado em 2007 e tanto o título como o subtítulo ganharam traduções praticamente literais do original: A Estratégia do Oceano Azul: Como Criar Novos Mercados e Tornar a Concorrência Irrelevante.

Para que serve: Segundo o consultor da FGV, ajuda a repensar os negócios e entender novas opções e ações estratégicas antes não levantadas.

“A grande questão do raciocínio estratégico tradicional é ‘como eu bato no meu concorrente’ e o livro traz algo diferente disso, amplia a questão da superação da concorrência. Todo modelo de negócio, quando entra no mercado, é um oceano azul. A partir do momento em que é copiado deixa de ser assim”, diz Binder.

Foi o que aconteceu, ele explica, com a Casas Bahia, “que atendeu um público que ninguém atendia, de uma forma que ninguém fazia. Depois, foi copiada, passou a ter concorrência. O mesmo processo ocorreu com Gol Linhas Áreas. Hoje, elas estão em oceanos vermelhos, têm muitos concorrentes. Já a Apple criou um modelo que sustenta. A grande questão é por quanto tempo uma empresa nada sozinha num oceano azul.”

Quem usa: O professor da FGV acredita que todas as organizações podem se inspirar pelo conceito. Ao fugir do modelo convencional de circo, eliminando elementos que acreditava estar desgastados, como o uso de animais, o Cirque du Soleil redesenhou o modelo de negócios, acrescentando elementos do teatro e da música. Outros exemplos são o Uber, a NetJet (empresa privada de táxi aéreo), o YouTube, a Rent the Runway (aluguel de vestidos de alta costura), a Alibaba e a Wikipedia.

Efeitos colaterais: “Se o conceito for tomado ao pé da letra pode gerar uma ansiedade enorme na empresa ou no empresário porque o oceano azul é uma coisa para poucos, é um negócio difícil de alcançar”, diz Binder.

Quem é contra: “Não diria que tem gente contra. Há quem ache o livro muito utópico, desfocado da realidade. Mas se você usá-lo para repensar o negócio não tem porque ser contra, é um modelo legal”, fala o professor.

 

Para saber mais:

Assista ao TED “Blue Ocean: a comprehensive approach to value chain innovation“, de Renée Mauborgne.

Na seção Teaching Material do site oficial do BOS há uma série de materiais de estudo que podem ser buscados por cases ou tópicos.

Leia o texto “10 common traps that threaten your success“, uma adaptação da edição estendida de Blue Ocean Strategy, pulicado em maio deste ano pela Business Insider.

 

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