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Verbete Draft: o que é EVP

Isabela Mena - 27 abr 2016
Entre o que se chama de proposta da valor ao empregado estão a cultura da empresa e as condições de trabalho. Na foto, o ambiente descontraído do escritório do Google, em São Paulo (foto: reprodução Emprego Pelo Mundo).
Isabela Mena - 27 abr 2016
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Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

EVP (Employee Value Proposition)

O que acham que é: Proposta salarial a empregados.

O que realmente é: EVP é acrônimo de Employee Value Proposition. Em tradução livre, seria algo como “proposta de valor ao empregado”. Segundo Anderson Sant’Anna, coordenador do Núcleo de Desenvolvimento de Pessoas e Liderança da Fundação Dom Cabral (FDC), EVP é a junção de metodologias como busca pela gestão por competências, modelos de gestão de capital intangível e teorias motivacionais com o objetivo de desenvolver programas de atração, engajamento e retenção de profissionais. “O EVP é uma resposta aos desafios que as organizações atuais enfrentam diante da competitividade e às novas gerações, que buscam novos sentidos para o que fazem profissionalmente, querem arriscar mais. Isso tem levado à necessidade, por parte das empresas, de perfis profissionais que mobilizem não só braços mas também cérebros; de pessoas motivadas a ir além do que tradicionalmente fazem, engajadas em criar, dar sugestões, correr riscos, se expor”, diz.

Aqui entram, mais claramente, os dois últimos termos que compõem o EVP: value e proposition. Value não tem relação apenas com o salário. A recompensa, um dos princípios do EVP, está relacionada tanto com a remuneração como com valores que o empregado acredite que sejam importantes para desenvolver da melhor forma seu trabalho, tais como possibilidade de crescimento, de desenvolver e aplicar novas competências, desafios, identificação com o trabalho, posição livre que facilite a mobilização das competências ou valorização de sua subjetividade. Identificados os fatores motivadores, a organização vai então apresentar propostas (proposition) ao time, sempre em forma de negociação. “A recompensa tem de transcender o tradicional, ir além de valores estabelecidos unilateralmente pela empresa. É preciso de fato ouvir os funcionários”, diz Sant’Anna.

De acordo com Leni Hidalgo, professora de gestão de pessoas e negócios da pós-graduação do Insper, o EVP é utilizado também como proposta, por empresas, para expressar seus valores e, assim, atrair funcionários que tenham a ver com o perfil da companhia e com o cargo. “Pesquisas mostram que as pessoas acabam se sentindo atraídas por algumas dimensões das empresas como tipo e ambiente e trabalho, conjunto de valores, diversidades, modelo de carreira, modelo de compensação. O EVP vai dizer onde a empresa deve apostar e o que o funcionário pode ofertar como diferencial”, fala.

Quem inventou: Sant’Anna diz que, teoricamente, o EVP parte de estudos anteriores sobre a teoria motivacionais baseadas nas expectativas e em conceitos da área de marketing como “agregação de valor ao cliente”. “Isso casa muito bem com a própria noção de carreira, que muda a todo momento. Hoje, o indivíduo é cada vez mais dono de sua carreira, ele já não mais pertence à organização, é um fornecedor de seu trabalho.” O artigo Linking the Employment Value Proposition (EVP) to Employee Engagement and Business Outcomes, escrito por Brian K. Heger, executivo da AT&T à época, é um dos primeiros sobre o assunto.

Quando foi inventado: O artigo de Heger foi publicado em 2007. Segundo Sant’Anna, quando modelos anteriores, como o taylorismo e o fordismo, começam a apresentar fissuras e não mais conseguir reter funcionários usando ferramentas clássicas, como a hierarquia, começa a haver mudanças. “É a evolução, ditada pelo próprio mercado de inovação, dos modelos de gestão que apostam apenas na contrapartida financeira e baseados na premissa ‘manda quem pode, obedece quem tem juízo’.”

Para que serve: Para atrair, engajar e reter profissionais altamente capazes, motivados, e com possibilidade de criar, inovar e agregar valor à empresa, aumentando sua competitividade no mercado.

Quem usa: É aplicável a qualquer organização. Sant’Anna conta que é mais usado por empresas que lidam com ambientes de alta concorrência, de mudanças tecnológicas intensas e de mudanças radicais em seus produtos e serviços. “Setores mais competitivos da economia tendem a demandar mais o EVP do que setores mais fechados, tradicionais, monopolistas, muito embora estes últimos tenham que ficar atentos, porque podem perder a competitividade”, fala. Em 2001, quando Libby Sartain assumiu o cargo de chief people officer, no Yahoo!, encontrou a empresa sem cultura definida e sem método de comunicação com seus empregados. Ela, então, aplicou o EVP. Em 2006, o Harvard Business Review fez um estudo de caso sobre o assunto chamado Internal Branding at Yahoo!: Crafting the Employee Value Proposition. Hidalgo cita outros dois exemplos, Votorantim e Ambev, e afirma: “Está aumentando, no mercado, o número de empresas que trabalham com EVP”.

Efeitos colaterais: Pode ser inócuo. A relação a partir do EVP é participativa, de construção e confiança. “É preciso fazer um trabalho anterior com os gestores para que eles aprendam a negociar, se sensibilizem com a natureza do EVP. Eles não podem chegar com um pacote ‘goela abaixo’.” Outro risco, ainda segundo o coordenador do Núcleo de Desenvolvimento de Pessoas e Liderança da Fundação Dom Cabral, é que a empresa deixe de lado a questão financeira, o que é uma armadilha. “Não se pode trabalhar apenas nos fatores motivacionais sem atentar para salário e condições de trabalho. A compensação inclui remuneração e motivação, de maneira equânime. Não é só de motivação que o indivíduo vive.”

Quem é contra: “Não é que sejam contra, mas talvez algumas empresas mais tradicionais acreditam que estão em um contexto protegido em relação à competitividade. O EVP, no entanto, é um padrão inexorável aos tempos de hoje”, diz Sant’Anna.

Para saber mais:
1) Leia Libby Sartain on Building a Brand From the Inside Out, entrevista de 2005 que o Reality HR fez com o então chief people officer do Yahoo!.
2) Leia, no Link Humans, How L’Oreal Developed a New Employee Value Proposition (EVP), sobre a indústria mundial de cosméticos.
3) Leia, no Yahoo!, Employee Value Proposition Going The Ex Employee Value Proposition. O artigo, do ano passado, diz que o EVP vai desempenhar papel fundamental na contratação e retenção dos melhores talentos na área farmacêutica nos próximos anos.
4) Leia, no site da Catho, Você sabe o que é Employee Value Proposition?, um pequeno artigo de 2013 sobre o EVP.

tec

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