Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…
INSURTECH
O que acham que é: Insurreição da Fintech.
O que realmente é: O termo Insurtech é derivado da junção dos prefixos das palavras de língua inglesa insurance (seguro) e tech (tecnologia) e remete, não sem motivo, à Fintech, indústria composta principalmente por startups que oferecerem serviços financeiros (meios de pagamentos, crédito, investimentos, gestão etc.) também por meio de tecnologias inovadoras. O fin de Fintech vem de financial.
Segundo Newton Campos, professor de empreendedorismo e coordenador do GVcepe (Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital) da FGV/EAESP, Insurtech é uma indústria emergente no ramo de seguros que utiliza tecnologias como Blockchain, Machine Learning e Inteligência Artificial. “É composta, em grande parte, por startups que procuram inovar oferecendo seguros ou serviços na área de forma mais prática, mais rápida ou mais barata que a indústria tradicional”, diz.
De acordo com Eduardo Endo, diretor acadêmico dos cursos de MBA da FIAP, as Fintechs se propõem a oferecer um modelo de operação mais enxuto por meio da utilização de plataformas totalmente digitais (com custos mais baixos e preços mais competitivos) e as Insurtechs a oferecer formatos novos de atendimento e serviços agregados às apólices, já que o mercado tem dificuldade em enxergar diferenças entre seguradoras e acaba priorizando o preço. “Cada vez mais parece fazer sentido iniciativas como as Insurtechs influenciando a transformação dos moldes tradicionais de seguros.”
Campos diz que o setor de Insurtech surge não apenas pelos exemplos de sucesso observados na área Fintech mas, principalmente, pela crença de que o setor tradicional de seguros pode ser enormemente modernizado pelo uso de novas tecnologias: “Neste caso, Insurtech é normalmente considerada como parte desse setor maior identificado como Fintech”.
Exemplos de Insurtechs internacionais e consideradas cases de mercado são a Lemonade, a Trov e a Oscar (esta, de seguro saúde). No Brasil, a referência é a Youse, a primeira plataforma de vendas de seguros 100% online, que dá ao cliente a possibilidade de fazer uma compra direta, com personalização da apólice.
Quem inventou: Não há. Para Campos, a Insurtech não é uma invenção e, sim, sinal dos tempos. “Muitas tecnologias novas estão surgindo e sendo crescentemente entendidas e adotadas, e profissionais e investidores observam que há oportunidades de inovar no setor, substituindo a velhas práticas.” Já o termo é inspirado em Fintech.
Quando foi inventado: Endo diz que é muito difícil precisar quando o conceito foi inventado: “Há startups sendo criadas desde 2014 mas observamos uma forte alta do assunto em 2016, ou seja, ainda é algo bem novo no mercado”.
Para que serve: O intuito das Insurtechs é usar a tecnologia para ofertar seguros mais ágeis, personalizáveis e, segundo Campos, frequentemente mais baratos do que os produtos “de prateleira” oferecidos pelas instituições tradicionais. “O benefício para o cliente final é claro: quem não quer adquirir um seguro melhor e mais barato de forma mais rápida que o tradicional?”
Endo conta que apesar do conceito Insurtech ser mais utilizado para denominar as iniciativas de startups de tecnologia em soluções para seguros, há outras ramificações como, por exemplo, uso de inteligência artificial em processos de atendimento ao cliente, criação de modelos de riscos e de precificação, uso de IoT (Internet das Coisas) em soluções de monitoramento de segurados e bens. “O leque de oportunidades é bem grande. Vale salientar que, neste momento, existe um posicionamento bem claro de iniciativas para apoio à transformação de processos existentes e soluções que buscam concorrer com os modelos tradicionais de seguros.”
Quem usa: Quaisquer pessoas e empresas que possuem ou pretendem adquirir apólice de seguros dos mais diversos tipos (de vida, de automóvel, residencial, de viagem, de equipamentos, seguro saúde etc.).
Campos diz que as Insurtechs estão se preparando para atingir uma parcela da população e de pequenas empresas que não estava acostumada a adquirir seguros de forma convencional. “Agora, podem começar a fazê-lo através de um smartphone.”
Efeitos colaterais: Assim como o crescimento das fintechs impacta os bancos tradicionais, que se apressam e tentam oferecer benefícios e soluções semelhantes, para não perder mercado, no médio prazo o crescimento das Insurtechs poderá gerar efeitos semelhantes nas companhias de seguro tradicionais.
Quem é contra: Endo fala que, no Brasil, as regulamentações de seguros devem ser uma grande barreira para a expansão de alguns tipos de Insurtechs. “Mas, com o tempo deve ocorrer uma pressão para que estes modelos mais digitais sejam encaixados em regulamentações já existentes”, afirma.
Para Campos, as seguradoras tradicionais terão que acompanhar o surgimento e o crescimento das Insurtechs, pois correrão o risco de perder alguns mercados de forma relativamente rápida. “É possível que os vendedores de seguro sejam sejam prejudicados, pois grande parte das inovações em Insurtech têm chegado pelo lado da venda e contratação de seguros.” O coordenador do GVcepe diz, ainda, que haverá necessidade de adaptação dos governos, assim como acontece com Uber e AirBnB.
Para saber mais:
1) Leia, na Forbes, How Insurtech Is Rapidly Changing Insurance And Health Tech Industries. O texto traz dados de estudos como o do Money of the Future que, em 2015, reportou o investimento de 3 bilhões de dólares em Insurtechs.
2) Leia, no Conexão Fintech, InsurTech Startups Are Boosting innovation in Brazilian insurance Industry. De fevereiro deste ano, o texto tem dados sobre Insurtechs no mundo e conta o case da Youse, primeira Insurtech brasileira.
3) Leia, no TechCrunch, Why the recent hype about insurance tech will be just the beginning. Também repleto de dados sobre o mercado, o texto explica porque as Insurtechs não são apenas uma onda.