Verbete Draft: o que é Internet Interplanetária

Isabela Mena - 14 nov 2018
Criada pela Nasa, a Internet Interplanetária facilitará a comunicação dos astronautas entre si e com suas bases.
Isabela Mena - 14 nov 2018
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Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

INTERNET INTERPLANETÁRIA

O que acham que é: Internet de ficção científica.

O que realmente é: Internet Interplanetária, como o próprio nome indica, é a comunicação entre planetas do sistema solar por meio da internet. Em fase de aperfeiçoamento, já é quase uma realidade. A ideia é a mesma da internet que conhecemos — transmissão e recepção de dados entre devices via protocolos — mas são justamente os protocolos que diferem. Isso porque, no espaço há grandes vazios situados entre objetos em constante movimento e as distâncias são gigantescas (estamos separados por cerca de 400 mil quilômetros da Lua e 225 milhões de quilômetros de Marte), o que tornam significativos os atrasos e as interrupções da transmissão e da recepção de dados, assim como sua perda.

O nome dos protocolos que possibilitarão a Internet Interplanetária é Delay/Disruption Tolerant Networking (DTN) e a garantia de fornecimento dos dados está no fato de que usam mecanismos automáticos de armazenamento e encaminhamento. Se não for possível enviar imediatamente cada pacote de dados, eles são guardados e repassados assim que possível. Segundo a Nasa, criadora do DTN, os protocolos foram desenvolvidos para uso espacial, mas poderão ser usados na Terra, em locais que sofrem frequentes interrupções e altas taxas de erro. A Antártica é um desses lugares (lá só é possível usar internet via satélite) e ano passado o continente foi escolhido para o primeiro teste de DTN com um aparelho celular.

Quem inventou: O Jet Propulsion Laboratory (JPL) da Nasa, agência aeroespacial dos Estados Unidos. Dentre os criadores do DTN está o americano Vint Cerf, um dos responsáveis pelo desenvolvimento dos protocolos TCP/IP, pelos quais a internet do mundo todo funciona.

Quando foi inventado: O primeiro teste bem sucedido com DTN no espaço foi em 2008.

Para que serve: Para uma comunicação mais confiável e segura de astronautas e espaçonaves entre si e com a Terra. Segundo Gustavo Torrente, professor de tecnologia da FIAP, o DTN é um grande avanço para troca de dados entre os planetas, já que o protocolo impede que haja perda das informações enviadas e recebidas. “Os astronautas em missões vão poder se comunicar diretamente com suas bases e, até mesmo, controlar robôs em outros planetas dentro da nave espacial”, diz. Raul Ikeda, professor de Engenharia de Computação do Insper, afirma que a comunicação feita hoje entre satélites e estações usa protocolos que não permitem uma padronização dos serviços. “Já a internet tem a grande vantagem de utilizar padrões de comunicação mais uniformes, o que permite o desenvolvimento rápido de soluções que são facilmente conectadas na rede. A padronização ainda permite ganho de escala e custos menores no longo prazo.”

Quem usa: A Nasa.

Efeitos colaterais: Por enquanto, o que há são desafios, como o atraso da informação. De acordo com Fabio Ayres, professor de Engenharia de Computação do Insper, ainda há fatores que bloqueiam o canal de comunicação. “A viagem da informação no espaço está sujeita a diversas fontes de perturbação, como a atividade solar, o que pode corromper os dados enviados, fazendo com que haja necessidade de correção ou reenvio, o que pode atrasar o processo”, fala.

Quem é contra: Não há.

Para saber mais:
1) Leia, na Wired, Google’s Chief Internet Evangelist On Creating The Interplanetary Internet. O texto é uma entrevista com Vint Cerf, um dos desenvolvedores da Internet Interplanetária.
2) Leia, no MotherBoard, This Antarctic Selfie Is Helping Build the Interplanetary Internet. O texto conta, em detalhes, sobre o teste feito na Antártica.

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