Verbete Draft: o que é Micromobilidade

Isabela Mena - 6 nov 2019
Atenção: calçadas congestionadas, colisões contra pedestres e acidentes envolvendo carros são alguns pontos negativos decorrentes da Micromobilidade.
Isabela Mena - 6 nov 2019
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Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

MICROMOBILIDADE

O que acham que é: O mesmo que Mobilidade Urbana.

O que realmente é: Micromobilidade é o nome dado à categoria de veículos que pesam até 500 kg, são acionados por motor elétrico e utilizados como serviço de transporte. Esta é a definição que Horace Dediu, um conceituado analista da indústria da tecnologia, criou em 2017, no Tech Festival, em Copenhague.

Um ano e dois unicórnios depois (as norte-americanas Lime e Bird), o conceito de Micromobilidade se expandiu para o que oferecem cada vez mais startups no mundo todo: bicicletas convencionais e elétricas e patinetes elétricos compartilhados para percorrer distâncias curtas, popularmente chamadas “primeira e última pernas” (da expressão em inglês first-last mile). O conceito abrange tanto veículos que ficam em estações fixas como os livres (pegos e deixados em qualquer ponto da cidade).

Na maioria das grandes cidades dos Estados Unidos, Europa, Ásia e América Latina basta olhar para os lados (os dois, para não ser atropelado) para ver que 2019 foi ainda mais popular para esses modais. No artigo Micromobility’s 15,000-mile checkup, publicado em janeiro deste ano (link no item “Para saber mais”), a consultoria global McKinsey faz uma previsão de potencial de mercado bastante impressionante para 2030: cerca de US$ 200 a 300 bilhões nos Estados Unidos, de US$ 100 e 150 bilhões na Europa e de US$ 30 a 50 bilhões na China.

Também em janeiro, Dediu escreveu um artigo no blog de seu site Micromobility.io (link no item “Para saber mais”) sobre a dimensão da Micromobilidade. Apesar de intitulado Micromobility, An Introduction, Dediu vai além: descreve o funcionamento da tecnologia na indústria automobilística, mostrando o quanto ela está sempre aquém das inovações (a ponto de lançar carros novos com tecnologias já ultrapassadas). Ele conta ainda como a invenção do carro é decorrente da engenharia da bicicleta.

Para que serve: A distância curta que o termo Micromobilidade indica, assim como a ideia de “primeira e última pernas”, está muito ligada a deslocamentos como ida e volta a estações do metrô ou pontos de ônibus por pessoas que usam transporte público para trabalhar, mas esse é apenas um dos exemplos de uso. Quaisquer outros percursos muito longos para serem feitos a pé ou curtos demais para o uso do carro (particular ou por aplicativo) têm uma opção a mais com esses novos veículos.

Nos fins de semana, a Micromobilidade tem também outra função: o lazer. Parques, vias fechadas e ciclofaixas ficam apinhados de bikes e patinetes.

Quem são: Uma fusão entre a brasileira Yellow com a mexicana Grin, no começo deste ano, deu origem à Grow. Dentre as europeias estão a Tier Mobility, Wind Mobility, Voi Technology, Dott, Circ e Flash; dentre as asiáticas, Mobike, Hellobike, Grab e Neuron Mobility e dentre as norte-americanas, além das já citadas Lime e Bird há outras como a Skip, Spin, Scoot, PopScoot e Beam.

Benefícios: É uma opção a mais de meio de locomoção, não engrossa o trânsito de carros, não causa poluição ambiental ou sonora.

Segundo Marcos Crivelaro, professor de Logística da FIAP, o fato de serem compartilhados é também um ponto alto. “Você não precisa ficar carregando seu transporte e ter a preocupação de onde estacionar e se o local é seguro. Você simplesmente deixa o veículo no ponto em que quer parar.”

Efeitos colaterais: Calçadas congestionadas, colisões contra pedestres e acidentes envolvendo carros são alguns pontos negativos decorrentes da Micromobilidade e usuários das redes sociais criaram o termo Scootergeddon para se referir a eles. Essas questões têm tanto a ver com a falta de educação e/ou atenção como também pela priorização das vias aos carros.

Segundo Crivelaro, os valores cobrados também podem ser impeditivos para algumas pessoas. “Para baixá-los e mais veículos desse tipo circularem, talvez pudesse haver incentivos de governos municipais e estaduais, como desoneração de impostos, por exemplo.”

Ponto de questionamento: Apenas parte da Micromobilidade — a que envolve bicicletas convencionais — pode ser enquadrada como Mobilidade Ativa, ou seja, veículo que depende da energia do usuário para se locomover.

Além de envolver obviamente energia 100% limpa, a Mobilidade Ativa tem relação direta com o compartilhamento do espaço urbano e com outras pessoas, que diminui conforme a velocidade aumenta. No texto Bicicleta não é micromobilidade, publicado no site da Ciclocidade, a jornalista Giuliana levanta questionamentos importantes (link no item “Para saber mais”) .

Para saber mais:
1) Leia, no site da McKinsey, o artigo Micromobility’s 15,000-mile checkup (é preciso se registrar para ter acesso ao conteúdo completo).
2) Leia, no Micromobility.io, o artigo Micromobility, An Introduction, de Horace Dediu.
3) Leia, na Forbes, Electric Scooters And Micro-Mobility: Here’s Everything You Need To Know.
4) Leia, no site da Ciclocidade, o artigo Bicicleta não é micromobilidade, de Giuliana Pompeu.
5) Leia, no TechCrunch, Defining micromobility and its potential to be bigger than autonomous vehicles.

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