Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…
NEUROARQUITETURA
O que acham que é: Mistura de neurolinguística e arquitetura.
O que realmente é: A Neuroarquitetura é um campo interdisciplinar que consiste na aplicação da neurociência aos espaços construídos, visando maior compreensão dos impactos da arquitetura sobre o cérebro e os comportamentos humanos. Ela pode ser utilizada na reforma interna de um ambiente, na construção de um empreendimento privado, assim como de obras públicas e na elaboração de projetos urbanísticos. De acordo com Andréa de Paiva, professora do curso de extensão em “Neurociência aplicada a ambientes de criação”, da FAAP, a Neuroarquitetura possibilita maior compreensão dos efeitos que o espaço construído pode gerar nos indivíduos, principalmente em níveis menos conscientes de percepção. “Este campo pressupõe que o ambiente tem influência direta nos padrões mais primitivos de funcionamento do cérebro, que são universais e foram sendo moldados ao longo da evolução”, afirma. Para a arquiteta e terapeuta de ambiente Mônica Mendes, como a arquitetura sempre foi focada nas sensações que transmitem para a sociedade, a Neuroarquitetura pode parecer mais do mesmo à primeira vista, embora isso não seja verdade. “O emprego especifico de iluminação, ventilação, acústica, texturas, cheiros, formas e cores fazem com que o cérebro produza sinapses e o corpo libere hormônios que causam diversas sensações. Essas liberações e as sensações de bem estar são o foco desse conceito.
Quem inventou: O uso oficial do termo está ligado à criação da Academy of Neuroscience for Architecture (ANFA), em San Diego, na Califórnia (EUA). No contexto, segundo Paiva, estão os grandes avanços e pesquisas em neurociência, como as descobertas do neurocientista Fred Gage sobre o poder que ambientes têm de transformar plasticamente o cérebro e os estudos do neurocientista e arquiteto John Paul Eberhard. “Ambos ajudaram a alavancar discussões sobre a aplicação da neurociência à arquitetura, e ainda hoje são fonte de inspiração e conhecimento na área”, fala a professora.
Quando foi inventado: A ANFA foi criada em 2003. Os estudos, pesquisas e descobertas de Gage e Eberhard se deram na década de 1990, conhecida na área como “Década do Cérebro”.
Para que serve: Em linhas gerais, impactar positivamente no bem estar físico e emocional das pessoas (em espaços públicos, pode ajudar a combater a solidão). Segundo Mendes, se bem empregada, a Neuroarquitetura traz inúmeros benefícios, inclusive para a saúde. “Há uma influência na felicidade das pessoas, afetando, inclusive, a qualidade profissional.” Paiva diz que arquitetos que utilizam a neurociência podem fazer projetos com o objetivo explícito de afetar comportamentos humanos, mesmo os que estão além da percepção e do controle conscientes. “A aplicação depende da função que pode ser estimular ou inibir padrões cerebrais.”
Onde se usa: Construções ou ambientes residenciais, comerciais, públicos; ambientes de trabalho; lojas, hospitais etc. Não há restrição.
Efeitos colaterais: Influenciar de forma antiética e para proveito próprio as emoções e comportamentos das pessoas. “Existem varejos e restaurantes, por exemplo, que aplicam os conceitos do campo para as pessoas comprarem mais ou comerem mais sem que queiram ou precisem”, diz Paiva. No entanto, de acordo com ela, o cérebro apresenta padrões de comportamento inatos e universais, além da genética e de experiências de vida individuais. “Ou seja, quem se prender apenas às respostas simples não estará levando em consideração uma relevante parcela do que determina o comportamento humano”, afirma. Soma-se a isso o fato de que a fronteira do conhecimento nessa área está em constante avanço. “Se o profissional não se mantiver atualizado, utilizando fontes de informação confiáveis, poderá ser levado a conclusões questionáveis.”
Quem é contra: Profissionais que receiam que a ciência regule, uniformize e até apague a criatividade, fazendo com que as obras percam sua identidade original. “A ciência fornece dados para que os arquitetos possam tomar decisões mais precisas. Mas as medidas caberão a eles, assim como a criação”, fala Paiva.
Para saber mais:
1) Leia, no ArchDaily, How Architecture Affects Your Brain: The Link Between Neuroscience and the Built Environment.
2) Leia, na BBC, The hidden ways that architecture affects how you feel