Verbete Draft: o que é Skunkworks

Isabela Mena - 31 maio 2017time de 20 talentos da Macintosh que Steve Jobs separou do restante da empresa para trabalharem no desenvolvimento do primeiro Mac (imagem: reprodução LinkedIn).
Um Skunkwork notável: o time de talentos da Macintosh que Steve Jobs separou para trabalharem no desenvolvimento do primeiro Mac (imagem: reprodução LinkedIn).
Isabela Mena - 31 maio 2017
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Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

SKUNKWORKS

O que acham que é: Contração da frase, em inglês, the skunk works (algo como “o gambá trabalha”).

O que realmente é: Skunkworks é a denominação para um grupo de pessoas que trabalham em um projeto inovador, de forma livre e não convencional, dentro de uma empresa. Seu objetivo é desenvolver algo de forma bastante rápida e com mínimas restrições de gerenciamento. Skunkworks costumam ser utilizados para lançar produtos ou serviços que, posteriormente, serão desenvolvidos de acordo com os processos comerciais mais tradicionais.

De acordo com Fredric Litto, professor emérito da Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo (USP), os Skunkworks são uma forma não-convencional de organizar pessoas em torno de uma missão específica, para obter um grau de produtividade não observada em procedimentos e operações convencionais. “Os Skunkworks são um tipo de incubadora ou Think Tank cuja ênfase está principalmente em ações práticas, e não em relatórios, tratados e similares.”

Guilherme Pereira, coordenador do curso de MBA em Business Innovation da Fiap, diz que os Skunkworks possuem um nível muito alto de autonomia e liberdade para criar projetos radicais (e muitas vezes secretos): “Em geral, têm uma blindagem em relação à burocracia normal das empresas, facilitando a execução de projetos de inovação mais disruptivos”.

Quem inventou: O Skunkworks nasceu de um grupo de engenheiros aeronáuticos da empresa Lockheed Corporation. Eles foram encarregados de construir um avião de combate para o governo dos Estados Unidos, operando sob uma abordagem organizacional não convencional desenvolvida por Clarence L. “Kelly” Johnson. Suas diretrizes sobre como os Skunkworks devem operar são chamadas The 14 Practices and Rules.

Como a palavra skunk, em inglês, significa gambá, já especulou-se que o termo tinha origem com maus hábitos de higiene de empregados sobrecarregados. A referência, na verdade, está em uma série em quadrinhos chamada L’il Abner, publicada nos jornais americanos na época.

Quando foi inventado: A prática, durante a Segunda Guerra Mundial.

Para que serve: Segundo Pereira, o Skunkworks é um formato que busca maiores chances de sucesso para estas de inovação mais radicais ou disruptivas. “Esse tipo de iniciativa tem muita dificuldade de sobreviver às pressões do dia a dia e ao processo burocrático das grandes empresas”, diz.

Quem usa: Qualquer tipo de organização, seja empresarial, governamental ou ONG. Litto conta que, no primeiro mandato de Bill Clinton como presidente dos Estados Unidos, seu Secretário de Trabalho, Robert Reich, mandou criar um Skunkworks na sede da presidência. “Além disso, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, que é fonte de muitas inovações científicas, frequentemente adota o modelo”, afirma.

Ainda de acordo com Litto, a Escola do Futuro da USP, laboratório de pesquisa e desenvolvimento dedicado à investigação das possíveis inovações tecnológicas para apoiar aprendizagem, utilizou o Skunkworks entre 1989 e 2006.

Pereira diz que também utilizam Skunkworks grandes empresas com áreas de pesquisa e desenvolvimento baseadas em tecnologia (R&D). “Mas também instituições de pesquisa, ciência e tecnologia e laboratórios nacionais.”

Efeitos colaterais: Dificuldade na implementação de indicadores de sucesso e métricas.

Quem é contra: Litto afirma que o setor público é especialmente sujeito a criar oposição a Skunkworks por motivos como resistência à criação de mudanças do status quo e questões relativas à isonomia. “E, embora universidades devessem ter incubadoras organizadas como Skunkworks, para encorajar criatividade e inovação, muitas delas se refugiam em restrições contra inovações criativas”, diz. Outros críticos, como os listados no segundo link abaixo, dizem que as corporações mais perdem do que ganham dinheiro com a prática.

Para saber mais:
1) Leia, na The Economist, o texto Skunkworks, que explica em detalhes o conceito, com contexto histórico e exemplos atuais.
2) Leia, na Forbes, Why Corporate Skunk Works Need to Die. O texto começa com o seguinte argumento: no século XX, os Skunkworks eram a marca de empresas inovadoras já neste século, as únicas empresas que usam Skunkworks são as que não conseguiram dominar a inovação.
3) Leia, em skunkworks (Skunk Works), no What Is do TechTarget, as 14 práticas e regras do conceito original.
4) Neste artigo do LinkedIn, Amber Laurel lista sete exemplos memoráveis de Skunkworks. Um deles é o time de 20 talentos da Macintosh que Steve Jobs separou (inclusive fisicamente) do restante da empresa para trabalharem no desenvolvimento do primeiro Mac.

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