Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…
SLOW DESIGN
O que acham que é: Design que leva mais tempo para ser feito.
O que realmente é: Slow Design é uma vertente do Slow Movement (abordagem que defende a desaceleração do ritmo da vida por meio de mudanças culturais e contrárias aos movimentos fast, como fast food, fast fashion etc.) que considera valores como o bem estar individual, social e do meio ambiente no processo de criação. Para isso, utiliza matérias-primas de produção local, valoriza a reciclagem e preocupa-se com a extensão da vida útil do produto final. A base do Slow Design é a sustentabilidade.
O inglês Alastair Fuad-Luke, apontado como o criador da vertente listou alguns princípios nos quais o Slow Design se baseia. Entre eles está o de que os processos de desenvolvimento de produto mais sejam longos (com mais tempo para pesquisa, contemplação, testes de impacto na vida real e ajuste fino), o de que os projetos considerem o bem-estar de todos os envolvidos, assim como que tenham a cultura local ou regional como fonte de inspiração e diferencial importante para o resultado.
De acordo com Marcio Giannelli, professor do curso de design da FAAP, pensar em projetos como sistemas complexos e que reverberam em varias áreas faz parte, hoje, de um “pensamento projetual” da profissão de designer. “É necessário que consideremos o ciclo de vida dos produtos, a necessidade de seu descarte e o entendimento dos impactos de toda a cadeia, como a extração de substratos para produção, o transporte, o tipo de trabalho e até mesmo o seu tamanho.”
Gianelli diz, ainda, que traduzir literalmente o termo Slow Design, entendendo-o como um design mais lento é precipitado. “O termo refere-se muito mais a um conceito de pensar antes de agir, de refletir sobre as consequências e impactos e até mesmo sobre como e porque consumimos determinados produtos.”
Fabiano Virginio Pereira, diretor de Novos Negócios do IED Cried (Centro de pesquisa e inovação do Instituto Europeo di Design) diz que o Slow Design tem, em sua base, os mesmos critérios de validação da relação entre design e sustentabilidade apresentados no início dos anos 1970, como o impacto ambiental das soluções artificiais, aspectos dos ciclos econômicos, de produção, de consumo e da natureza. “O diferencial é que considera também qualidade de vida, desejo das pessoas por soluções atentas a necessidade da adoção de um ritmo prático e saudável, e uma melhor apreciação da experiência do tempo na vida das pessoas.”
Quem inventou: Embora não haja um registro oficial, credita-se ao designer, autor, escritor e ativista inglês Alastair Fuad-Luke a invenção do Slow Design.
Quando foi inventado: Em 2002.
Para que serve: Para impactar positivamente a forma como as pessoas se relacionam com o tempo, com a criação e consumo de produtos e com a natureza. Beneficia, ainda, o meio ambiente, por meio da sustentabilidade; o social, por meio estímulo da produção local; e a economia de forma geral.
Gianelli diz que o design, se entendido como agente de transformação e centrado nas experiências de usuários, proporciona uma nova consciência ecológica que pode permear ações futuras. “Além disso, o modo como fazemos e olhamos produtos e serviços toma um corpo de autoconsciência e do pertencimento do ser humano como parte colada e responsável do sistema”, afirma.
Quem usa: Designers interessados em sustentabilidade. Embora o nicho ainda seja pequeno, é possível destacar nomes de destaque no cenário brasileiro como o carioca Zanini de Zanine. Ele utiliza materiais recicláveis na criação de seus mobiliários e ganhou o Prêmio Casa Cor 2012 de Sustentabilidade, além de Menção Honrosa no Prêmio Planeta Casa, em 2008.
Segundo Christian Ullmann, coordenador de Projetos do IED Cried IED Cried (Centro de pesquisa e inovação do Instituto Europeo di Design), anualmente, em feiras de design, pode-se encontrar muitos lançamentos de designers autorais, desenvolvidos de forma artesanal. “Eles procuram a matéria prima mais adequada, desenvolvem o melhor planejamento e os processos de transformação para ter uma peça ou um pequeno lote de produtos.”
Efeitos colaterais: Não há.
Quem é contra: “Os que acreditam no movimento fast, ou seja, priorizam o valor econômico e o lucro rápido, seguramente são contra o Slow Design. Isso se vê nas distintas estruturas e decisões de governos, instituições e empresas”, afirma Ullmann.
Gianelli diz que a “indústria da escassez” ainda briga com o conceito de Slow Design, tentando produzir e vender cada vez mais e em quantidades elevadas. “Mas movimentos com a ideologia slow estão iniciando sua jornada em prol da conscientização do próprio mercado de consumo. Estamos saindo de uma estrutura de massa e criando autoconsciência dos impactos de nossas ações individuais.”
Para saber mais:
1) Leia, no Tree Hugger, What is Slow Design, And Where Did It Come From? O artigo explica e contextualiza o Slow Design, respondendo, também, a um texto publicado na Fast Company, em 2012, sobre o tema.
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