Verbete Draft: o que são Cobots

Isabela Mena - 6 jun 2018Acima, o Baxter, modelo criado pela Rethink Robotics e o mais associado aos Cobots: vermelho e azul, com braços longos e até "rosto".
Acima, o Baxter, criado pela Rethink Robotics e o mais associado aos Cobots: vermelho e azul, com braços longos e até "rosto".
Isabela Mena - 6 jun 2018
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Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje são…

COBOTS

O que acham que é: Robôs para crianças.

O que realmente é: Cobots, acrônimo em inglês de Robôs Colaborativos (Collaborative Robots) são máquinas que interagem com humanos para a realização de trabalhos compartilhados. Desta forma, o Cobot não substitui uma determinada mão de obra, mas, sim, a potencializa. No âmbito industrial (embora exista também fora dele) os Cobots pertencem à chamada Indústria 4.0.

Segundo Debora Albu, pesquisadora do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio), os formatos dos Cobots podem ser múltiplos, como possuir braços, e seu principal diferencial são sensores que fazem com que a interação robô-humano aconteça de forma segura e controlada. “Essa interação se dá por meio de movimentos simples e pré-programados com uso de poder de computação, comandos via tablet ou displays específicos e, até mesmo, comandos de voz.”

O Cobot com braços que se assemelham a humanos é o que mais permeia o imaginário das pessoas. Um deles, chamado Baxter e criado pela empresa Rethink Robotics, é praticamente uma materialização dessa imagem: vermelho, além de longos braços (o tamanho varia de modelo para modelo), ele também tem “rosto”: uma tela em formato de tablet, com olhos que parecem um emoticon.

Há algumas diferenças importantes entre os Cobots e os robôs tradicionais. Estes últimos, geralmente, e ao contrário dos Robôs Colaborativos, têm movimentos rápidos (o que os torna inseguros para a interação humana), exigem programadores altamente treinados para definir suas tarefas, precisam de supervisão permanente e raramente são removidos.

Outra diferença é que os Cobots custam menos que os robôs tradicionais. Isso fez com que, no começo (a partir dos anos 2010) fossem utilizados principalmente por empresas pequenas. Hoje, em função da percepção de suas qualidades específicas, são cada vez mais utilizados por grandes empresas. Reginaldo Donizete Cândido, professor de Informática da Escola Técnica Estadual (Etec) Euro Albino de Souza, de Mogi Guaçu (SP), diz que os Cobots têm um grande número de recursos de segurança, o que proporciona sua instalação em qualquer lugar da linha de produção. “Por isso, o risco de acidentes envolvendo robôs e humanos é praticamente nulo.”

Quem inventou: Os americanos J. Edward Colgate e Michael Peshkin, professores da Northwestern University, em Illinois, nos Estados Unidos. No ano do lançamento, a Wired conversou com os inventores e disse que o Cobot reverte a relação entre homens e robôs. A ideia nasceu no chão de fábrica de uma montadora de caminhões (a pesquisa foi custeada pela General Motors), da percepção de como era difícil a interação entre os funcionários e as máquinas.

Quando foi inventado: Em 1996, mas a patente foi feita um ano depois.

Para que serve: Para trabalhar colaborativamente com humanos fazendo a “parte suja” do trabalho — o que é pesado, repetitivo e perigoso. Isso acontece principalmente em fábricas, onde é comum o deslocamento de objetos pesados e há risco para os trabalhadores.

Albu elenca alguns benefícios dos Cobots como segurança, já que eles possuem sensores de movimento e visão, por exemplo, o que os torna “inteligentes”. Alguns robôs vão, inclusive, diminuindo a velocidade até parar à medida em que percebem humanos perto demais. “Esses robôs são mais leves e móveis, o que os permite realizar uma diversidade maior de tarefas, além de acelerarem processos e aumentarem a produção”, afirma ela.

Quem usa: Pequenas, médias e grandes empresas, como automotivas e de construção, indústria de logística, embalagens, farmacêutica, médica etc. Na área da saúde, segundo Albu, por exemplo, os Cobots são utilizados como auxiliares de enfermagem, checando sinais vitais e guardando relatórios médicos dos pacientes. “Além disso, também auxiliam médicos em cirurgias de precisão, diminuindo a margem de erros.”

Cândido conta que já há o serviço de locação de Cobots utilizado, geralmente, por empresas que querem avaliar a aplicabilidade dos Robôs Colaborativos. “Algumas delas acabam por contratar definitivamente esse novo colaborador para a sua equipe de trabalho, ou seja, compram um Cobot.”

Efeitos colaterais: Diminuição das vagas de trabalhos para humanos. Albu diz que apesar dos Cobots atuarem em colaboração com humanos, isso pode acontecer. “A partir do momento em que a máquina pode realizar múltiplos processos ao mesmo tempo sendo controlada por apenas um trabalhador, outros se tornam redundantes e podem ser dispensados.”

Quem é contra: Trabalhadores com chances de perder seus empregos para este tipo de robô. Cândido diz que dificilmente haverá empresas ou instituições com opiniões contrárias a existências dos Cobots. “A maior resistência à implantação desta nova tecnologia é de trabalhadores. Mas, atualmente existe uma grande mobilização entre os cientistas e engenheiros de TI para quebrar paradigmas e mostrar que os Cobots estão, cada vez mais, tornando-se amigos dos homens e não um inimigo capaz de acabar com a empregabilidade”, diz.

Para saber mais:
1) Leia, na Wired, Cobots Learn to Guide People. O autor conversa com J. Edward Colgate e Michael Peshkin, inventores do primeiro Cobot.
2) Leia, no site da Northwestern University, o texto 20 Years Later: Cobots Co-opt Assembly Lines. Colgate e Peshkin relembram como surgiu a ideia do Cobot e, inclusive, a história do nome (que surgiu por meio de um concurso).
3) Leia, no Financial Times, Meet the cobots: humans and robots together on the factory floor. É um texto bastante completo sobre o tema.

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