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Viagens com voluntariado: essa é a proposta da Vivalá para se destacar no mercado do turismo de experiência

Angélica Weise - 22 abr 2016 Equipe do Vivalá e amigos, reunidos numa apresentação sobre a startup.
Equipe do Vivalá e amigos, reunidos numa apresentação sobre a startup.
Angélica Weise - 22 abr 2016
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 “A Vivalá é uma junção de coisas diferentes, nunca unidas desta forma numa mesma empresa.” É assim que Daniel Cabrera, 24, fundador e presidente da Vivalá, fala da startup que, desde a sua fundação, junta turismo e voluntariado num mesmo business. A ideia é somar ao turismo convencional experiências de voluntariado no destino, formando uma comunidade de inquietos, como eles se definem.

Daniel nasceu em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, e mudou-se para a capital paulista em 2010 para cursar Propaganda e Marketing na ESPM. Na faculdade, foi diretor do centro acadêmico e presidente da comissão de formatura. Já formado, atuou em multinacionais como GFK e Audi, nas quais teve chance de se envolver em projetos no Brasil e no exterior. Combinou, pois ele sempre gostou de viajar.

Conhecer outros países era parte da vida dele. Mas mesmo quem viaja sempre, às vezes enxerga algo além do que está ali. Tem um estalo. Com Daniel, isso aconteceu em 2014, durante uma viagem para Tailândia, Indonésia e Austrália. Lá, mais do que conhecer as realidades diferentes de sempre, ele começou a pensar em como poderia incentivar o turismo dentro do Brasil. Com a cabeça de cidadão do mundo “inquieto”, sua ideia era colocar em prática um modelo de negócio social e escalável, atrelado a uma forma que integrasse pessoas não só do Brasil mas do mundo inteiro.

De volta, iniciou uma fase de incubação do futuro negócio. Para criar a startup, elaborou um plano de negócios simples — o faturamento vem de uma taxa cobrada nos serviços contratados — e uma longa série de entrevistas com potenciais clientes para saber mais sobre suas visões de mundo e intenção em realizar viagens que também tivessem um caráter de voluntariado no Brasil. Ficou animado com o que conseguiu: “A maioria das pessoas não conhece mais de 10 estados no país. Notamos, também, que elas têm um desejo de explorar o Brasil e fazer voluntariado”. No entender de Daniel, “o que falta é maior organização e facilidade para comprar de forma integrada e obter informações relevantes e profundas sobre como tornar isso possível”.

POR QUE TRABALHAR, DE GRAÇA, NO MEIO DAS FÉRIAS?

A pergunta é pertinente. Trabalhar de graça, para os outros, no meio das férias? Por que alguém faria isso? “Para se sentir útil, para ser uma ferramenta de desenvolvimento do país, por um sorriso.” É assim que Daniel descreve o resultado e o valor desse tipo de experiência. Ele próprio, desde adolescente teve experiências com diferentes formas de trabalho voluntário: de creches a asilos, de construções até aulas para crianças.

“No voluntariado, o maior beneficiado é sempre você mesmo. Ser voluntário é ir além de reclamar nas redes sociais, é mudar algo de fato”

No entender de Daniel, a crescente consciência política dos brasileiros ainda não tem se refletido na procura por ações sociais e que mudem de fato a realidade do país. Ele diz que as pessoas, em geral, ainda não entendem o impacto positivo que o voluntariado pode trazer a uma região: “Além de transformar a vida de famílias locais, o voluntário ainda pode ter um contato genuíno com a cultura local, também tendo uma experiência transformadora para todos os envolvidos”.

Daniel, fundador da Vivalá, vive o desafio de transformar o sonho em um negócio sustentável.

Daniel, fundador da Vivalá, vive o desafio de transformar o sonho em um negócio sustentável.

Mãos à obra. Para colocar a Vivalá em ação, Daniel dedicou o ano de 2015 para formalizar a empresa, montar um time multidisciplinar, além de começar a estruturar e construir a primeira versão Beta da plataforma digital. Em maio, quando montou a primeira equipe, tinha quatro colaboradores em regime de meio período.

Agora, eles estão em seis pessoas — das quais, além de Daniel, os outros sócios são: Pedro Gayotto, Bárbara Cabrera, Renato Gomes e Evandro Carreira. Quatro trabalham de forma integral para a startup e há um programador contratado, Bruno Luiz Ribeiro.

Em atividade desde novembro, o site tem mais de 2 mil usuários cadastrados. O DNA da empresa consiste em três pilares: conectar, viajar e transformar pela via do voluntariado. O pilar chamado de ‘conectar’ é uma espécie de rede social, dentro da plataforma, que coloca em contato pessoas que têm interesse em viajar e fazer voluntariado. Lá, os usuários podem compartilhar textos e fotos sobre suas experiências no Brasil, seguir e consultar outros viajantes para dicas.

O pilar viajar é um Market Place de ofertas turísticas propriamente ditas, o que permite que um usuário possa se informar e já realizar a compra de serviços (transporte, hospedagem, reserva em restaurantes, entretenimento). Daniel conta que a Vivalá tem estabelecido parcerias com fornecedores de serviços — como Decolar.com (transporte aéreo, hospedagem, pacotes), ClickBus (transporte rodoviário) e ChefsClub (alimentação). São mais de 200 mil hotéis em 164 países, 500 empresas aéreas com voos para 146 países, 67 viações rodoviárias e 1700 restaurantes disponíveis na rede. “Isso faz a Vivalá ter um alcance global, mesmo que a startup incentive mais fortemente as viagens pelo Brasil”, diz ele.

O DESAFIO DE TORNAR UM CONCEITO BACANA EM ALGO VIÁVEL

À frente do jovem negócio está, agora, o seu maior desafio de vendas: “O plano agora é conseguir mais parceiros e expandir cada vez mais as ofertas de experiências e voluntariados”, diz o fundador.

Isso é vital para fortalecer o pilar ‘transformar’, que consiste em fazer com que o usuário que se interessa por voluntariado entre em contato com projetos do Brasil que precisem de braços e se candidatar para vagas dos mais diversos tipos. “Criamos uma maneira de os projetos disponibilizarem diferentes vagas, adaptáveis às suas necessidades. Podem ser vagas pontuais, vagas de temporada, presenciais ou remotas. Queremos facilitar ao máximo a colaboração entre quem precisa de pessoas e quem pode ajudar. Assim conseguiremos potencializar a mudança em diversos contextos da realidade brasileira”, diz ele.

A Vivalá está atuando, em parceria com o COB, para preencher o quadro de voluntários para os Jogos.

A Vivalá está atuando, em parceria com o COB, para preencher o quadro de voluntários para os Jogos.

Um parceiro de peso para este pilar, ainda que temporário, já chegou: o Comitê Olímpico Brasileiro. Com a proximidade dos Jogos Olímpicos, no Rio, a Vivalá está atuando como parceira do COB para atrair e angariar os voluntários.

“Queremos incentivar ao máximo as pessoas a fazerem viagens com voluntariados, mas sabemos que nem sempre é possível. Por isso, percebemos que tínhamos de deixar nosso usuário livre para escolher se é a hora de fazer um voluntariado, de viajar ou de unir as duas experiências em uma só”, diz Daniel.

No fim do ano passado, quando a Vivalá realizou uma campanha de financiamento coletivo com o objetivo de melhorar a plataforma beta, e fazer expedições no país. Nos 52 dias de campanha no Catarse, eles colocaram como meta conseguir 50 mil reais e conseguiram um resultado positivo: ao todo, contabilizaram quase 58 mil reais. O valor veio de mais de 330 apoiadores, distribuídos por oito estados brasileiros, entre conhecidos e desconhecidos dos sócios da Vivalá.

CROWDFUNDING E CORAGEM PARA SEGUIR SONHANDO

O valor arrecadado está sendo usado para aperfeiçoar a estrutura do site e habilitar as funcionalidades planejadas para cada um dos pilares, o que requer tempo e investimento em programação. O plano para 2016, também graças ao sucesso da campanha de financiamento coletivo, é iniciar as expedições Vivalá, que serão essenciais para encontrar e firmar parceria com pequenos negócios turísticos e projetos sociais pelo país. Daniel fala a respeito:

“Sempre acreditamos na ideia de criar novos olhares para velhos lugares e as expedições pelo país têm papel fundamental nisso”

Nos primeiros seis meses de operação, o Vivalá faturou 100 mil reais, o suficiente para manter o sonho vivo. “Acreditamos que a Vivalá tem potencial para trazer um grande retorno, mas por enquanto estamos trabalhando um passo de cada vez para garantir que chegaremos lá”, diz Daniel, e prossegue: “Percebemos na pele que empreender no Brasil não é nada fácil ou glamoroso. Estamos amadurecendo muito profissionalmente e entre os próximos passos está também a nossa primeira rodada de investimento”. Pela frente, um futuro incerto, que precisa de inquietude e fé para ser vivido. Vivam lá!

DRAFT CARD

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  • Projeto: Vivalá
  • O que faz: Plataforma digital que une turismo e voluntariado no Brasil.
  • Sócio(s): Daniel Cabrera, Pedro Gayotto, Bárbara Cabrera, Renato Gomes e Evandro Carreira
  • Funcionários: 6 (incluindo os sócios)
  • Sede: São Paulo
  • Início das atividades: outubro de 2015
  • Investimento inicial: R$ 57.785 (via Catarse)
  • Faturamento: R$ 100.000 nos primeiros 6 meses de operação
  • Contato: [email protected] e [email protected]
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