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Você já ouviu falar em glifosato?

João Queiroz - 8 jun 2015 Glifosato
A molécula do glifosato se tornou a principal aliada da Revolução Verde, ao permitir grandes avanços em produtividade e redução no preço dos alimentos.
João Queiroz - 8 jun 2015
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Sinta o tamanho do desafio: com a população do planeta em 9 bilhões de pessoas em 2050, a produção agrícola mundial deverá crescer 60% sobre os níveis de 2005-2007 para conseguir alimentar todo mundo até lá, segundo estimativa da FAO (Organização para a Agricultura e Alimentação), o braço da ONU (Organização das Nações Unidas) para agricultura. É como produzir, nas próximas quatro décadas, todos os alimentos dos últimos 8.000 anos.

Há mais de 200 anos, o economista britânico Thomas Malthus (1789) já teorizava que a produção de alimentos não iria acompanhar o aumento da população. A humanidade, porém, driblou os diagnósticos de colapso com a Revolução Verde, a Revolução Industrial da comida. O antigo sistema agrícola saiu de cena e deu lugar ao uso intenso de insumos e tecnologia. A produtividade explodiu e a produção em massa barateou os alimentos.

Uma simples molécula foi fundamental nesse processo e, há mais de 40 anos, se tornou o principal aliado da Revolução Verde: o glifosato. “O glifosato é tão importante para a produção de alimentos como a penicilina é para a saúde humana”, resume o professor Stephen Powles, da UWA (Universidade do Oeste da Austrália), uma das principais autoridades sobre o tema no mundo, citando o remédio que fez o homem virar o jogo contra as infecções bacterianas.

Quem primeiro sintetizou o glifosato foi o químico Henri Martin, de uma farmacêutica suíça chamada Cilag, em 1950. A substância não foi testada nem patenteada para uso agrícola até os anos 1970, quando o pesquisador John Franz, da Monsanto, sintetizou e testou a molécula para uso como herbicida.

Com a marca comercial Roundup™, o glifosato chegou ao mercado norte-americano em 1974, passou a ser fabricado no Brasil dez anos depois e, desde então, sua popularidade só cresceu. Começou a ser produzido por dezenas de empresas e hoje é vendido em mais de 140 países, sob diferentes marcas comerciais.

Desafio de alimentar o planeta saudável: produzir, nas próximas quatro décadas, todos os alimentos dos últimos 8.000 anos.

Desafio de alimentar o planeta: produzir, nas próximas quatro décadas, todos os alimentos dos últimos 8.000 anos.

O glifosato tem um modo de ação único. Diferentemente de outros herbicidas, é não-seletivo, ou seja, age em inúmeros tipos de plantas, inclusive plantas daninhas. Sua atuação inibe uma enzima específica que a planta daninha precisa para crescer – enzima que, por sua vez, não é encontrada em humanos nem animais.

As plantas daninhas são páreo duro. Nas lavouras, competem com os alimentos por água, luz e nutrientes, avançam em ambientes diversos e causam perdas significativas à produção – que podem chegar a 90% no caso das hortaliças. Uma molécula mudou essa história.

GLIFOSATO, AMBIENTE E SAÚDE

Em abril, um estudo da IARC (agência internacional de pesquisa sobre o câncer), um braço da OMS (Organização Mundial de Saúde), apontou que o glifosato é “provavelmente carcinogênico para humanos”, categoria que inclui outros itens como café, chá mate e fumo involuntário, apontando “evidências limitadas” de relação com linfoma não-Hodgkin. A observação contradiz conclusões anteriores de agências internacionais e órgãos dos países que empregam o glifosato.

A Monsanto pediu uma reunião com a IARC e contestou os resultados da análise sob quatro justificativas:

1) não há novos estudos que justifiquem os resultados, apenas pesquisas já consideradas por agências regulatórias;

2) dados científicos relevantes que sustentam a ausência de riscos foram excluídos da análise;

3) a conclusão não foi embasada por dados científicos;

4) a classificação não estabeleceu um elo entre glifosato e o aumento na incidência de câncer.

“Como consumidores que somos, a segurança de nossos produtos é de suma importância para cada um de nós que trabalha na Monsanto, e nossa empresa é construída sobre uma base científica. Todos os usos rotulados de glifosato não são perigosos para a saúde humana e são suportados por um dos bancos de dados de saúde humana mais extensos já compilados no mundo para um produto agrícola”, informou Philip Miller, vice-presidente global de Assuntos Regulatórios da Monsanto.

Ao longo dos 40 anos de emprego na agricultura, o glifosato passou por testes e avaliações que comprovaram seu baixo potencial de danos à saúde humana e ao meio ambiente. O glifosato se liga fortemente ao solo e bactérias que vivem na terra quebram a substância em elementos que ocorrem naturalmente no ambiente. O agrônomo Antônio Luis Cerdeira, da Embrapa Meio Ambiente, avalia a atuação do produto:

“É um produto seguro e pouco tóxico, bastante estudado em termos de segurança e toxicologia. Via de regra, usando segundo recomendação técnica, na dose e épocas certas, a tendência é não ter impacto ambiental.”

Reservas ecológicas no país e no exterior promovem testes com o glifosato para tentar frear a proliferação de plantas invasoras e garantir a sobrevivência de espécies nativas.

Os parques nacionais das Emas (GO), Aparados da Serra e Serra Geral (RS/SC) são algumas das unidades que empregaram o herbicida para conter o avanço de espécies exóticas como o capim braquiária, usado na criação de gado. No caso de Aparados da Serra e da Serra Geral, o alvo foi o tojo, arbusto de origem européia, e a eliminação foi de 100%, segundo o chefe das unidades, Deonir Zimmermann.

Ao longo de seu emprego na agricultura, o glifosato passou por testes e avaliações que comprovaram seu baixo potencial de danos à saúde humana e ao ambiente.

Ao longo de seu emprego na agricultura, o glifosato passou por testes e avaliações que comprovaram seu baixo potencial de danos à saúde humana e ao ambiente.

Como todo defensivo agrícola, o glifosato passou por uma bateria de avaliações em três órgãos federais – Ministério da Agricultura, Ibama e Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Essas análises são refeitas periodicamente e incluem estudos toxicológicos, ambientais e de resíduos, entre outros. Houve aprovação em todos os casos.

Para o pesquisador Dionisio Gazziero, da Embrapa Soja, o fundamental nessa história é que todos os elos da cadeia agrícola —governo, indústria, técnicos agrônomos e produtores— assumam suas responsabilidades para enfrentar o desafio de alimentar o planeta, tarefa em que o Brasil tem papel fundamental.

“Se todos trabalharem de forma adequada, o produto continuará trazendo benefícios e sendo uma ferramenta de ajuda ao setor”, afirma.

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