por Andréa Fortes
Nunca gostei de falar em primeira pessoa. O fazia, com 12 anos, através das minhas poesias, modestamente publicadas no jornal da minha cidade, interior gaúcho. Me vulnerabilizei da primeira vez ao abrir um blog, onde publiquei inquietações por uns bons dois anos. Mas falar de mim, assim, mesmo, eu o fiz pela primeira vez aqui no Draft, há quase três anos, recém-saída da experiência com o livro The Artist’s Way. Ali, contei da minha infância e vivências como nunca tinha feito.
Descobri, tempos depois, que vulnerabilidade é uma fortaleza. Tem um TED sobre isto, da Brené Brown. Ainda assim, é um exercício e tanto. Escolhi começar este texto pela minha biografia porque o fato de eu ter me transformado ao longo da última década, tenho certeza, transformou também algumas pessoas ao meu redor.
Cheguei em São Paulo em 2007. Em seguida, veio a crise de 2008. Faz dez anos que estou nesta terra, “fazendo América na capital”, como dizem no Rio Grande do Sul, e, mais uma vez, parece que estamos diante de uma nova crise. De Brasil, de mundo, de Humanidades.
As crises sempre foram companheiras na minha vida e, tempos depois de ter passado por elas, consigo olhá-las com carinho e agradecimento
Mas como não vivemos em retrospectiva, quando estamos no olho do furacão nem sempre dá para ter esta visão tão ampla e evoluída. Uma das minhas crises foi a de decidir se valeria ou não a pena vir pra São Paulo construir um novo capítulo da minha vida profissional. O Cloger, na época um cliente querido e amigo, me comentou que se eu viesse e tudo desse errado, na pior das hipóteses, eu voltaria com mais bagagem para casa. Tinha razão.
Dez anos depois e, olhando em retrospectiva, consigo ver o quanto cresci por aqui. Conheci gente demais (conto a história da Sarau aqui), aprendi um monte. Com as pessoas e amizades que costurei, com as teorias que aprendi (e tenho colocado em prática) e, também, com outras tantas pessoas que não necessariamente tive contato físico, mas que, acredite, mudaram a minha vida.
A minha história acabou se misturando — e se ampliando — conforme conheci a história de grandes homens e mulheres
Quero compartilhar isso com você. Esse texto, que era para ser simples, acabou sendo imenso e veio em capítulos (estão todos organizados abaixo). Começa com o meu resgate do artista (ou da minha criança interna), através do qual me aproximei da Julia Cameron e da jornada do The Artist’s Way. Em seguida, pela doutora Sônia Fornazari (e por outros tantos anjos que apareceram no mesmo período), cheguei às Constelações Familiares (hoje, Sistêmicas) do alemão Bert Hellinger. E foi também por um alemão, falecido no começo do século passado, o Rudolf Steiner, que me “re-encontrei” na Antroposofia. Minha filha, nascida em São Paulo, estuda numa escola Waldorf, que vem da Antroposofia.
Finalmente, em uma formação recente, descobri que é possível fazer grandes amigos aos 40 anos
Foi nela que tive acesso ao Ken Wilber, autor da Teoria Integral. Num ato de ousadia (a partir de convite do Adriano Silva, publisher do Draft), juntei todas essas teorias para uma aula e, ao estudar a biografia de cada um destes autores, acabei descobrindo muita coisa da minha própria vida. Aprendi tanto neste período, cresci tanto, que acho um verdadeiro crime não compartilhar. Te convido para embarcar comigo nesta viagem.
COMO TUDO SE CONECTA
JULIA CAMERON e o Caminho do Artista
BERT HELLINGER e as Constelações
RUDOLF STEINER e a Antroposofia
KEN WILBER e a Teoria Integral
Andréa Fortes, 41, é sócia da Sarau.
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