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Verbete Draft: o que é o Fim da Web

Isabela Mena - 27 maio 2015 Web is Dead
A web morreu, anunciava a Wired em 2010. Não é bem isso, mas muita coisa mudou desde então (imagem: reprodução Wired).
Isabela Mena - 27 maio 2015
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Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

O FIM DA WEB

O que acham que é: O fim da internet

O que realmente é: A ideia de que os aplicativos vão tomar o lugar da Web de forma crescente como fonte principal de informação, já que cada vez menos é preciso usar um navegador para acessar conteúdo na internet. O argumento tem base em um infográfico que indica que a maior parte do tráfego da internet vem dos aplicativos.

Quem inventou: Chris Anderson, em matéria na revista Wired, da qual foi editor chefe entre 2001 e 2012. A Wired foi eleita a revista da década pela AdWeek em 2009, e Anderson considerado, em 2007, uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela Time. Atualmente, Anderson é CEO de uma empresa que manufatura drones, a 3D Robotis e fundou da DIY Drones. Em 2013, foi eleito uma das mentes mais influentes no universo da tecnologia, novamente pela Time, e um dos 100 pensadores globais da revista Foreign Policy. Anderson é autor dos best-sellers A Cauda Longa – Do mercado de massa para o mercado de nicho e Free – o mercado dos preços. Também escreveu Makers – A nova revolução industrial. Apesar de ter causado reações em larga escala, essa não era a primeira vez que a Wired matava a Web. Em 2007, já sob o comando de Chris Anderson, a revista publicou uma matéria cujo título era Kiss your browser goodbye: The radical future of media beyond the Web (Dê um beijo de adeus no seu navegador: o futuro radical da mídia além da Web, em tradução livre), na qual os autores davam exemplos que o próprio Anderson, em 2010, chamaria de “bobos” para a substituição do HTML.

Quando foi inventado: Em agosto de 2010, Chris Anderson assinou uma matéria de capa na Wired intitulada: The Web is Dead. Na sequência, vinha a frase Long live the Internet, o que já de cara deixava claro a distinção entre Web e internet – a importância desta última não é questionada. Por isso que, em janeiro deste ano, quando o chairman do Google, Eric Schmidt, disse em pleno Fórum Econômico Mundial, em Davos, que “no futuro a internet desapareceria”, o barulho inicial foi grande. Mas o que ele quis dizer, na verdade, é que pelo fato de a internet estar cada vez mais difusa (presente em roupas, sensores, aparelhos, enfim, na Internet das Coisas), já nem iremos nos dar conta de sua presença em nossas vidas, ou seja, ela desaparecerá de nossa percepção, assim como a eletricidade. Mas, se você ainda estiver preso na frase anterior, se perguntando a diferença entre Web e internet, aqui vai o resumo da explicação dada por Pyr Marcondes, diretor geral da ProXXIma, plataforma de conteúdo sobre marketing e comunicação digital, em um post no Nextecommerce:

– Internet é uma rede planetária de redes que conecta milhões de computadores mundialmente utilizando para isso uma suíte padrão de protocolos chamada de TCP/IP. Cada computador tem uma identidade única nessa rede, o chamado IP. Os IPs se falam entre si e, ao mesmo tempo, interagem com toda a rede. Os dados que percorrem a internet utilizam uma série variada de linguagens, outros protocolos, num emaranhado complexo de tecnologias e de redes eletrônicas, sem fio e óticas.

– A Web – ou World Wide Web (www) – é um desses protocolos que trafegam pela internet, o HTTP, que permite a troca de informações que nos é tão familiar hoje em dia. A Web é, assim, apenas mais uma das linguagens que percorrem a internet. Um aplicativo (app) também usa a internet, mas igualmente não está na Web. Nem uma ligação no Skype. Para navegar na Web, usamos navegadores, Web browsers. Através deles, acessamos documentos digitais que chamamos de Web pages, que se ligam uns aos outros por hyperlinks. Essa arquitetura permite que acessemos e compartilhemos textos, gráficos, imagens, sons e vídeos.

Para que serve: Marcelo Zuffo, professor do Grupo de Meios Eletrônicos Interativos da Escola Politécnica da USP e Coordenador do CITI (Centro Interdisciplinar em Tecnologias Interativas), também da USP, acredita que a matéria de capa da Wired tenha sido publicada com o intuito de chamar atenção da comunidade internacional pois, naquele momento, era algo que tinha sentido no cenário tecnológico e econômico. “A matéria captura um momento em que percebeu-se claramente o declínio comercial dos computadores pessoais frente aos smartphones e o crescimento explosivo do desenvolvimento dos aplicativos. O artigo é questionável sob vários aspectos mas, na época, aparentemente parecia que duas ou três corporações no mundo, como Google, Apple e Samsung, iam tomar conta da Web com ambientes de aplicativos proprietários não interoperáveis. Isso, é claro, poderia inviabilizar a Web”, fala. Hoje, Zuffo diz que a matéria não é mais válida. “Os aplicativos são apenas uma outra porta de acesso à Web”, diz ele, citando um post na própria Wired, de fevereiro do ano passado, escrito por Nathan Matuska, consultor sênior de marketing e fundador do site Analytics Nerd que escreve na seção Community Content do site da Wired. “Esse artigo é uma espécie de retratação que mostra que na verdade a Web vai de vento em popa”, afirma.

Quem usa: segundo Anderson, cada vez mais gente usa a internet sem passar por browsers da Web. Em seu polêmico texto, ele exemplificava isso da seguinte forma: “Você acorda e checa seus e-mails no iPad que fica em sua mesa de cabeceira, um aplicativo. No café da manhã, navega no Facebook e no Twitter e lê o The New York Times, mais três aplicativos. No caminho para o escritório, ouve um podcast em seu smartphone, outro aplicativo. No trabalho, acessa um serviço de notícias através de um feeds de RSS, conversa com pessoas no Skype e no Messenger, mais aplicativos. No final do dia, chega em casa, faz um jantar enquanto ouve Pandora, joga alguns jogos no Xbox Live e assiste a um filme via streaming no Netflix. Você passou o dia na internet, mas não na Web”.

Efeitos colaterais: Em seu texto na Wired intitulado The Web is Not Dead, Nathan Matuska afirma que os anúncios da morte da Web foram, no mínimo, exagerados. Ele elenca, com base em dados estatísticos, cinco tendências que considera chave e que provam que a Web não só está viva mas como crescendo. São elas: aplicativos são uma porta de entrada para a Web; o uso dos smartphones e tablets está aumentando (mas não significa que as pessoas estão trocando a Web pelos aplicativos necessariamente); o tráfego na Web está em curva de crescimento (o Google tem sido o site mais visitado nos últimos sete anos); o uso primário dos smartphones e tablets é navegar na Web (25% dos usuários de smartphones os utilizam para acessar conteúdos online); a compras pelos feitas por dispositivos móveis estão explodindo (quase 40% das visitas a sites feitas na Black Friday foram feitas por smartphones e tablets).

Quem é contra: Ainda em 2010, o site BoingBoing foi bem rápido na resposta à matéria da Wired e publicou um post dizendo que achava o gráfico de Anderson questionável porque não contabilizava o aumento do tráfico da internet no mesmo período. Também apontava a imprecisão dos dados. Em novembro daquele ano, a revista Technology Review, do MIT, publicou sua resposta. Em The Web is Reborn, dizia que a Web não estava morrendo. Pelo contrário, estava ganhando mais força por meio do crescimento do HTML05, que, segundo a matéria, reforça a interoperabilidade (já que roda em qualquer dispositivo) e traz mais possibilidades de interatividade à Web por fazer com que os sites funcionem de forma similar aos aplicativos. Em dezembro, mês em que a Web completou 20 anos, seu criador, Tim Berners-Lee, publicou um texto na Scientific American que, sem citar diretamente a matéria da Wired, defendia a longa vida da Web. Sob o título Long Live the Web (o que não deixa de ser uma provocação ao de Anderson), Berners-Lee fala principalmente em liberdade e democracia, conceitos, segundo ele, importantes para a longa vida da Web.

Para saber mais:
1) Leia aqui, na íntegra, o texto de Tim Berners-Lee (a página da Scientific American tem paywall).
2) Leia a coluna de Pete Cashmore, fundador e CEO do Mashable, no site da CNN: New Twitter’ shows the Web isn’t dead.
3) Conheça toda a história do Html5.

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