Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…
HUMAN ECONOMY
O que acham que é: Economia específica para pessoas da área de Humanas.
O que realmente é: Human Economy (ou Economia Humanizada) é o tipo de economia que tem como valores centrais características humanas subjetivas e decisões baseadas em sentimentos. Na Human Economy valoriza-se mais o coração do que o cérebro, mais as pessoas do que o lucro.
Wagner Sanchez, diretor acadêmico da FIAP, diz que a Human Economy é um movimento emergente de consciência global que se expande em alta velocidade, de pessoa para pessoa, transformando o sistema que conhecemos em um modelo mais humano e menos agressivo. “A humanização da economia é um processo vivo que se expressa através de nossas ações como consumidores, empresários e investidores. As evoluções humanas e tecnológicas estão impulsionando esta nova fase da economia que deve ocupar o espaço da Economia do Conhecimento que por sua vez ocupou o espaço da Economia Industrial.”
O texto From the Knowledge Economy to the Human Economy, publicado em 2014 na Harvard Business Review, diz que o know-how e as habilidades analíticas (indispensáveis na Economia do Conhecimento) já não são mais vantagens sobre as máquinas. O que nos diferencia delas são habilidades como criatividade, paixão, personalidade e espírito colaborativo. O texto dá como exemplo um fato ocorrido em 2011 no aeroporto de Los Angeles, reportado pela Time. Um senhor comprou uma passagem de última hora para ir ao velório de seu neto de três anos. Percebendo que perderia o voo por causa das filas, tentou avisar funcionários, mas não conseguiu ajuda. Quando chegou no portão de embarque, 12 minutos atrasado, o piloto da Southwest Airlines o esperava e disse: “Eles não podem ir a nenhum lugar sem mim e eu não vou a nenhum lugar sem o senhor”. A atitude foi descrita como dentro dos “valores” da companhia área.
Quem inventou: Segundo Demerval Luiz Polizelli, professor de Sociologia, Teoria dos Sistemas de Informação, Planejamento Estratégico da FIAP, uma das primeiras propostas para o conceito de Human Economy foi desenvolvida pelo canadense Frank Rotering. “Surgiu a partir dos debates entre pessoas interessadas em reduzir o impacto ambiental e as externalidades (efeitos indesejados não previstos) que geram o efeito estufa. Ele propôs dar prioridade ao bem-estar em relação ao lucro”, conta.
Outra referência sobre o tema é o livro The Human Economy, de Keith Hart, Jean-Louis Laville e Antonio David Cattani. Considerado um guia para que cidadãos construam a Economia Humanizada, o projeto começou no primeiro Fórum Social Mundial em Porto Alegre, no Brasil, em 2001, quase uma década antes de sua publicação.
Quando foi inventado: O debate começou em 2003 e foi compilado em um documento em PDF chamado Human Economics: putting humanity and the environment before profit. The Human Economy foi publicado em 2010.
Para que serve: A Human Economy é uma maneira de reconhecer o talento humano como fonte de riquezas nas empresas. De acordo com Polizelli, o conceito traduz o debate atual sobre o papel das pessoas nas organizações marcadas pelo aumento do uso de tecnologia. “Não são as ferramentas tecnológicas isoladamente que geram resultados, mas o envolvimento do conjunto dos colaboradores que ampliam o potencial das tecnologias existentes e geram as inovações e melhorias que marcam as empresas líderes no mercado”, diz ele.
Quem usa: Principalmente as empresas da Nova Economia. Para Sanchez, isso acontece porque esses novos negócios levam em conta, além de rentabilidade econômica, valores como laços humanos, dons e talentos, além de sustentabilidade, consistência e criatividade. “Tudo isso, a partir de uma perspectiva de empoderamento pessoal e social. Dinheiro não é o fim, é o meio.”
Além disso, Sanchez diz que já estamos vivendo uma fusão de tecnologias que borram os limites entre as esferas física, digital e biológica. “Essa fusão está presente em tecnologias como IoT, impressão 3D, gadgets, Design Thinking, nanotecnologia, sequenciamento de DNA, biotecnologia, Sharing Economy, crowdsourcing, lifestyles colaborativos, carros autônomos, Inteligência Artificial, entre outras.”
Efeitos colaterais: Falta de preparo da maioria da população, o que pode transformar a Human Economy em assistencialismo generalizado. Sanchez diz que o modelo necessita que as pessoas estejam cientes de suas obrigações e deveres. “É imprescindível que todos estejam alinhados com o propósito e talvez este ponto seja o mais sensível para o sucesso do movimento”, afirma.
Quem é contra: Segundo Sanchez, remam contra a tendência da Human Economy pessoas e empresas que possuem receitas apoiadas em modelos de negócios analógicos e predatórios que visam somente o lucro. “Essas organizações tendem a desaparecer ao longo do tempo mas ainda irão explorar pessoas e meio ambiente por algum tempo. É preciso que se reinventem totalmente, iniciando pelo seu DNA corporativo.”
Para saber mais:
1) Baixe o estudo Only Human: The Emotional Logic of Business Decisions, feito em junho de 2014, com 720 executivos de altos cargos nos Estados Unidos. Apesar de na era do Big Data serem esperadas decisões racionais e analíticas, observou-se que, quanto maior a complexidade, maior a probabilidade de envolvimento de fatores emocionais nas decisões.
2) Leia, no Ad Age, The Newest Marketing Buzzword? Human, sobre como empresas estão buscando agir mais como seus clientes, ou seja, de forma mais humana. Começa contando como a Jetblue anunciou a campanha “Air on the Side of Humanity” com foco em qualidades que a fazem se importar com pessoas.
3) Leia, no Daily Maverick, um site de jornalismo independente sul africano, A Human Economy is Possible. O texto fala sobre o Fórum Econômico Mundial de Davos deste ano, cujo tema foi “Responsive and Responsible Leadership”.
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