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A Contente amadureceu seu lado offline para continuar a missão de tornar a internet mais humana

Juliana Destro - 2 mar 2017
Luiza Voll e Daniela Arrais expandiram a ação da Contente para o mundo offline e aprenderam que matar um projeto não é o fim do mundo.
Juliana Destro - 2 mar 2017
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Dois anos, alguns projetos, e muitos seguidores depois, voltamos a conversar com a dupla fundadora da Contente, empresa responsável por iniciativas como o Instamission – um canal dentro do Instagram em que os usuários participam de missões “taggeando” suas fotos com temas pré-determinados.

Daniela Arrais e Luiza Voll, ambas de 33 anos, estão à frente do negócio desde os 25, e não pensam em romper a sociedade tão cedo. “A gente tem uma energia muito boa”, diz Luiza.

Em 2014, a Contente lançava seu principal projeto, o Instamission. (Clique na imagem para ler a matéria).

Em 2014, a Contente lançava seu principal projeto, o Instamission. (Clique na imagem para ler a matéria).

Quando as sócias decidiram deixar seus empregos para empreender (Daniela era jornalista e Luiza, publicitária), a principal fonte de renda da empresa era o Instamission. Ele foi o grande responsável por mudar o status da Contente, de projeto paralelo para empreendimento.

Hoje, o perfil tem mais de 56 mil seguidores e ultrapassou a marca das 300 missões – desde 2014, quando a empresa saiu no Draft pela primeira vez, foram realizadas outras 96.

Nosso foco no Instamission era muito grande. Hoje a gente tem um olhar mais amplo para os outros projetos e para a própria empresa”, conta Luiza.

Desde o início da jornada, lá em 2010, a dupla tinha dois objetivos: postar coisas que deixam as pessoas felizes na internet e propiciar encontros no mundo físico. A diferença é que agora, a parte offline dessa missão está mais amadurecida. 

No início de 2016, as sócias começaram a organizar eventos gratuitos para discutir a criação de uma nova forma de usar a internet, promover a conexão de comunidades e olhar para além do que o público consome online. Daniela conta:

“Tudo que a gente faz ou já fez está ligado a um único propósito: entender como podemos ajudar a construir uma internet mais humana”

Até o fim de 2016, quatro encontros foram realizados com esse intuito e contaram com a participação de influenciadores digitais como a Youtuber Jout Jout e a escritora Clara Averbuck.

“A gente sempre gostou de se envolver com a comunidade, mas sentia falta dessa conversa olho no olho”, diz Luiza. No entanto, como os eventos são gratuitos e com vagas limitadas, eles também têm transmissão ao vivo pelo Facebook – afinal, a ideia é levar as discussões para o maior número de pessoas possível.

O maior ativo da Contente é o engajamento, segundo Daniela e Luiza. Desde o início, elas não precisam caçar clientes: as marcas e empresas que procuram a empresa quando querem criar ou participar de uma iniciativa que desperte o interesse de uma rede de usuários, ou para patrocinar ideias que já existem.

Luiza diz que, com o tempo, percebeu o valor dessa abordagem: “No início, eu tinha medo da coisa acabar instantaneamente. Hoje, tenho uma confiança de que, se continuarmos o trabalho, a coisa vai andar”.

Para manter o radar ligado e as ideias sempre surgindo, as sócias investem em viagens anuais para fazer cursos e visitar locais onde ideias inovadoras estão surgindo. No ano passado, participaram de um curso de liderança na Schumacher College, na Inglaterra, que oferece cursos baseados em uma visão de mundo ecológica e holística.

Esta foi só uma das maneiras que elas encontraram para abrir o leque da empresa, pensar em iniciativas novas para unir pessoas e despertar o interesse de patrocinadores.

A FORÇA DO OFFLINE PARA MUDAR A INTERNET

A nova fase da Contente veio acompanhada de um amadurecimento do negócio, dizem as empresárias.

“A gente se deu conta de que poderia fazer muito mais. Então passamos a olhar melhor para a empresa e para os projetos, para ver o que mais a gente podia extrair deles”, conta Daniela.

A dupla de fundadoras não abrem o faturamento da empresa, mas dizem que ela nunca deu prejuízo. Para muitos empreendimentos, isso basta.

Os encontros da Contente são promovidos para discutir formas de tornar a internet mais humana.

Os encontros “A Internet Que A Gente Quer” são promovidos para discutir a internet além do consumo.

Apesar da conta nunca ter ficado no vermelho, as sócias não se livraram de momentos difíceis. Foram eles, aliás, que originaram o Como Matar um Projeto, um especial de conteúdo para falar sobre tudo que deu errado na Contente, como o fim de algumas iniciativas.

“Abrir essa janela de conversa para o fracasso que é muito importante. E decidimos fazer quase como uma celebração”, conta Luiza. O projeto teve a participação de nomes importantes para falar sobre fracasso, como o empresário da noite paulistana Facundo Guerra e Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza.

Apesar da boa fase, a dupla diz que está longe de se sentir na zona de conforto. Daniela comenta uma dificuldade atual:

“O ritmo com que a gente pensa em coisas novas é muito bom, mas às vezes falta poder de realização”

Luiza complementa, dizendo que, junto com os conhecimentos dos pontos fracos, também vem a responsabilidade de tentar superá-los, e que a experiência da Contente até aqui trouxe às amigas e sócias duas certezas: elas querem continuar empreendendo sempre, de preferência juntas.

“Se um dia não tivermos mais a empresa, vamos vender coco na praia, mas vai ser o coco mais legal da praia. A gente tem um encontro muito feliz, de trabalho e de vida”, diz Daniela.

Conheça os projetos mais recentes da Contente:

Amores Anônimos
Começou como uma hashtag que convida todos a fotografarem cenas de amor pelas cidades e deu origem a um livro, lançado em setembro de 2016. Para lançar o livro de forma independente, Daniela também fundou uma pequena editora.

Vai lá
É um guia online de escolhas conscientes nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. O projeto conta com a colaboração de outras pessoas e as sócias pretendem expandi-lo para outras capitais.

Instamission + A internet que a gente quer
Além das missões pagas, o foco do projeto também são as missões sociais e em parcerias, que servem de vitrine para causas em que as sócias acreditam, como a missão sobre transição capilar com o site Mundo Negro ou a missão sobre aceitação do corpo, conectada com um dos eventos “A Internet Que a Gente Quer”.

Como matar um projeto
Um especial que celebra não só as ideias geniais como também o fim delas, que dão lugar ao novo. “Falamos das razões do fim e como abrir espaço para o novo. Contamos tudo o que já aprendemos errando”, conta Daniela.

Detox Digital
“A gente quis investigar esse momento que estamos vivendo. Então, fizemos um especial de conteúdo enorme e chamamos um monte de gente para escrever”, conta Daniela. O resultado foi uma imersão coletiva e uma investigação pessoal sobre o excesso de consumo de informação.

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