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Como fazer um trabalho de impacto social? Conheça a fórmula do 3M Impact

Giovanna Riato - 12 ago 2019
Programa pro bono teve edição no Brasil que beneficiou cinco instituições em São Paulo.
Giovanna Riato - 12 ago 2019
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Por onde começar um trabalho social de alto impacto? Como garantir que tenha efeito relevante? Qual é a estrutura necessária? Estas são algumas das perguntas que a 3M se fez para criar o 3M Impact, programa global que começou em 2018 para estimular funcionários a se engajarem em atividades pro bono capazes de contribuir para o desenvolvimento de iniciativas de impacto social em países emergentes.

Em resumo, pelo programa as pessoas da organização destinam por um período a própria força de trabalho para instituições sem fins lucrativos. “Nós, como empresa, fazemos esta doação do tempo dos colaboradores e eles se inscrevem e trabalham no programa”, conta Liliane Moura, 36, coordenadora de projetos sociais do Instituto 3M.

A especialista diz que, apesar de a organização desenvolver alguns projetos de voluntariado, em que reúne doações, por exemplo, as ações pro bono são as que a instituição mais defende por demandarem a aplicação do conhecimento profissional das pessoas para resolver problemas diferentes.

“Além de gerarem mais desenvolvimento aos profissionais que participam, estas ações também têm potencial maior de impacto social porque não são coisas pontuais, deixamos um legado para as instituições”

Desde que foi lançada a iniciativa já recebeu um grupo de colaboradores estrangeiros para atuar em organizações locais, enviou profissionais daqui a outros países e, agora, acaba concluir uma edição em que brasileiros trabalharam em instituições da região de Campinas e Sumaré, onde fica a fábrica da 3M. Tudo em casa. Segundo Liliane, foi uma espécie de prêmio da matriz da empresa pelo alto interesse dos brasileiros pelo programa. “Ficamos em segundo lugar entre os países que mais inscrevem voluntários”, conta.

Assim, 15 profissionais foram selecionados para o desafio. Eles dedicaram 80 horas de trabalho e, separados em grupos, atuaram em cinco instituições: CER, que oferece ação educativa a crianças e jovens; Cidade dos Meninos, abrigo destinado a crianças e adolescentes sem possibilidade de adoção; Instituto de Promoção ao Menor de Sumaré, especializado na inclusão de jovens no mercado de trabalho; Instituto Padre Haroldo, que oferece cuidados a pessoas que sofrem de dependência química; e Cepromm, dedicada à educação infantil e atendimento a jovens em situação de vulnerabilidade social para evitar exposição à violência.

 

Divididos em grupo, colaboradores da 3M desenharam soluções de gestão e operações para aumentar o impacto social de cada uma das instituições.

A UNIÃO DO MUNDO CORPORATIVO COM INSTITUIÇÕES SOCIAIS

Muito bem: os voluntários estavam selecionados, mas o que um grupo que atua no mundo corporativo tinha a oferecer a organizações com desafios tão complexos? Liliane garante que muita coisa: “No fim das contas trata-se de um consultoria profissional gratuita para as instituições. Conseguimos ajudar em uma série de problemas”, conta.

Segundo ela, pela rotina corrida, com verba curta e muitas questões sérias a resolver, é comum que as organizações não parem para refletir sobre suas práticas e questões até simples de gestão. Levar um time de voluntários com foco nisso é uma ajuda e tanto, diz.

A coordenadora cita o exemplo do Cepromm. A instituição conta com uma padaria justamente para gerar renda. A questão é que o empreendimento funcionava sem qualquer planejamento, gestão de estoques, projeção ou planejamento de vendas. Ou seja, um esforço em grande parte desperdiçado. “Contribuímos para ajustar esta operação”, conta, indicando o potencial de impacto social do programa.

Lucas Andrade, 35, especialista em qualidade assegurada da divisão de Saúde da 3M, foi um dos voluntários que participaram do 3M Impact. Ele trabalhou na CER em um projeto para melhorar a comunicação organizacional interna que incluiu novos processos e direcionamentos, aprimoramento da gestão das equipes e da proximidade com os colaboradores. Tudo foi baseado na metodologia Lean, que busca enxugar os processos desnecessários para aumentar a produtividade.

Ele admite que a jornada foi árdua, mas muito recompensadora. “Superou todas as minhas expectativas poder ajudar o próximo dessa forma e, em troca, receber tanto aprendizado”, conta, citando a experiência de trabalhar com outros profissionais de diferentes áreas da 3M e com o time da CER. “Foi incrível compartilhar o meu conhecimento e implantar novos processos em um contexto tão diferente”, diz. E prossegue:

“O grupo tinha bagagens e pensamentos distintos, mas sempre chegávamos a um consenso sobre a melhor ideia porque existia o objetivo maior de aumentar o bem-estar das crianças e adolescentes”

Naiara Silva, 31, especialista em marca empregadora da 3M, tem impressão parecida sobre o que viveu no programa. Ela trabalhou no Instituto Padre Haroldo e conta que foi “uma experiência incrível”. Apesar de já ter feito voluntariado, ela diz ter que o nível de aprendizado que teve ali superou as expectativas. “Atuar em uma organização com propósitos, causas, estrutura e background profissional tão diferentes do que encontramos dentro da 3M foi enriquecedor”, diz.

Ela conta ter aprendido muito sobre políticas públicas, terceiro setor, cuidado e amparo a pessoas em situações vulneráveis. Mas no fim das contas, as maiores lições não foram em temas específicos, mas sobre como trabalhar em equipe, nivelar expectativas, ouvir com atenção e empatia, liderar e ser liderada. Enfim, o que aumentou foi o grau de preparação dela para lidar com o mais complexo: o humano.

QUER GERAR IMPACTO POSITIVO? A RECEITA É SIMPLES

Liliane se enche de orgulho dos resultados do 3M Impact e do engajamento dos colaboradores brasileiros na iniciativa. Ela lembra, no entanto, que ninguém precisa de um programa complexo ou de rios de dinheiro para gerar impacto social positivo. Dá para começar agora mesmo, em qualquer lugar. A receita é simples:

“O melhor caminho é buscar uma instituição com uma causa que você tenha identificação. A partir daí, ofereça ajuda e ouça do que a organização precisa. Não chegue com um projeto pronto”

Simples assim. Ela diz que muita gente bate na porta das entidades com um objetivo muito específico ou uma iniciativa desenhada que talvez não seja a mais urgente ou necessária naquele momento. “As instituições sempre precisam de dinheiro e, se o objetivo não for fazer uma doação, o caminho é conversar sobre que tipo de ajuda pode ajudar a organização a captar recursos”, diz, citando como exemplo reunir um material de apresentação do projeto ou fazer alguns contatos. “É muito menos sobre fazer o que você quer e mais sobre trabalhar no que o outro precisa”, resume.

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