Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…
IMAGINEER
O que acham que é: Profissional que trabalha no Walt Disney Imagineering.
O que realmente é: Imagineer é o profissional que trabalha como orientador criativo em áreas de inovações e negócios promovendo a cocriação entre consumidores e empresas. É, por assim dizer, uma nova forma de imaginar e construir relações de troca entre empresas e seus stakeholders.
A definição acima funciona, de certa forma, apenas como teaser — antes, é preciso entender o que é Imagineering (uma contração das palavras imagination e engineering) dentro do contexto a ser abordado aqui, já que o termo é também nome de um braço da Disney, o Walt Disney Imagineering, responsável pela criação, design e construção de seus parques e atrações e emprega engenheiros, arquitetos, programadores e designers, entre outros. A palavra Imagineering, porém,tem sua origem nos anos 1940, pois era um termo utilizado na Alcoa (Aluminium Company of America).
Já a metodologia Imagineeering, lecionada (é um master) na Imagineering Academy, da NHTV Breda University, na Holanda, é uma abordagem para inovação empresarial que propõe a descoberta da convergência entre o que os consumidores desejam e a forma de que as empresas podem atrair e mantê-los em contextos de transformações estruturais como (mudanças de valores na sociedade, novas e disruptivas tecnologias, novos modelos de negócios etc.). Propõe a troca de métodos convencionais de mudança comportamental pelo foco na mudança de mindset, causando a transformação pela inspiração.
Além da cocriação, que é sua base, utiliza técnicas como investigação apreciativa (olhar para o que realmente importa), construcionismo social (palavras têm o poder de construir realidades), storytelling e psicologia positiva (visão apreciativa do potencial humano), entre outras. Seus objetivos são encontrar um oceano azul (novas oportunidades de negócios e inovação em negócios existentes), criar novos mercados ainda inexplorados (deixando a concorrência irrelevante) e inspirar stakeholders a cocriar um futuro melhor, seja em uma empresa, em uma ONG, em governos ou na sociedade em geral.
Segundo Itamar Olímpio, cofundador da Co-Viva, consultoria de inovação de negócios especializada em cocriação e um dos quatro brasileiros formados pela Imagineering Academy, o Imagineer é um profissional treinado para trabalhar com conceitos, produtos, serviços e experiências cocriados com as pessoas e não somente para elas. “Isso significa que a cocriação é um convite para que pessoas e organizações desenvolvam colaborativamente soluções para o mercado, para um desafio social ou organizacional onde todos participam na construção da solução.”
Alessandra Terumi, especialista em inovação e Imagineering e também integrante do grupo de brasileiros formados pela universidade holandesa, diz que o Imagineer é um facilitador criativo de ideias desenhadas e estruturadas de forma inovadora: “É um agente transformador de paradigmas e modelos mentais que promove a cocriação de novas narrativas e abordagens aos desafios”.
A especialização em Imagineer engloba gestão de pessoas, comunicação, design e marca, estratégias de negócios, marketing, sociologia e psicologia. O profissional aprende a desenvolver competências analíticas, de design organizacional, de gerenciamento de times multiculturais e multidisciplinares e liderança de processos colaborativos e de criatividade.
Quem inventou: A Imagineering Academy foi fundada por Diane Nijs, o que deu origem à profissão. Ela é também autora do livro Imagineering the Butterfly Effect: Transformation by Inspiration.
Quando foi inventado: O master, em setembro de 2006. O livro é de 2015.
Para que serve: Empresas contratam Imagineers para que, diante de problemas complexos, eles proponham mudanças que ajudem na solução de forma disruptiva e sustentável, usando os recursos já existentes e o potencial humano coletivo.
Um Imagineer pode atuar de diversas formas e em diferentes segmentos. Dentre eles, segundo Terumi, estão a cocriação da cultura de inovação, novos modelos de negócio, novos designs organizacionais, novas abordagens de marketing e ainda auxiliando na identidade e no propósito de diferentes iniciativas. “As organizações que trabalham com Imagineers têm o beneficio de ter um profissional especialista em transformação, processo criativo, inovação e cocriação. Isso traz novas perguntas e diferentes respostas aos desafios que estamos enfrentando atualmente”, diz ela.
Olímpio conta que quando um Imagineer é contratado para um projeto, busca enxergar não apenas os problemas mas, também, seus acertos, potencializando-os. “O resultado é uma mudança de paradigma. As soluções vindo da própria empresa têm mais chances de dar certo à medida em que os funcionários também são responsáveis e querem ver o sucesso da estratégia. Há ainda o fato de, com isso, a empresa reter seus maiores talentos”.
Quem usa: Organizações, sejam grandes empresas, pequenos empreendimentos ou até universidades, abertas à inovação. Alguns exemplos são GE, UOL, PwC e Mutato, a agência de branding da JWT.
Efeitos colaterais: Não há. De acordo com Olímpio, o que existe, na verdade, são alguns desafios, como o entendimento do que é a profissão, por ainda ser nova. “No começo, foi difícil explicarmos o conceito no Brasil. Precisamos abrasileirar o termo para ‘engenheiros da imaginação’ e, então, contar como é a metodologia. Mas deu certo”, conta.
Quem é contra: Diretamente à profissão, não há. No geral, empresas que não estão abertas a processos de inovação.
Para saber mais:
1) Assista, no Vimeo, à Master Imagineering — An introduction. Lilya Terzieva, conferencista e coordenadora de programa da Imagineering Academy, explica do que trata o curso em pouco mais de 12 minutos.
2) Assista, no YouTube, à masterclass Imagineering the Butterfly Effect, proferida pela criadora do curso, Diane Nijs.